A desoneração da folha de pagamentos para alguns setores da economia não evitou demissões nem garantiu a geração de empregos na indústria.
Esta é a avaliação dos presidentes de associações das indústrias têxtil e eletrônica. Representantes da indústria e dos trabalhadores se reuniram hoje com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland.
Promessas
Segundo o presidente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Aguinaldo Diniz Filho, o setor demitiu 7.000 funcionários no ano passado. Quando anunciou as desonerações no ano passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, condicionou a medida à manutenção dos empregos. Mantega disse ainda que os empresários dos setores beneficiados se comprometeram a repassar a redução dos custos para o preço final.
Para o representante da indústria têxtil, a medida trouxe melhoria de produtividade, mas não o suficiente para “enfrentar a conjuntura econômica e concorrência predatória que o país vem vivendo com a desindustrialização”. Segundo Diniz, a importação de roupas aumentou mais de 20% em 2012. “Sem a desoneração, teria havido mais demissões”.
Questionado sobre o compromisso dos setores desonerados de não demitir, Diniz argumentou que não haveria uma “contrapartida escrita de manutenção do emprego”. Embora veja um cenário mais positivo para a indústria de eletroeletrônicos, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirma que a desoneração evitou as demissões, mas não gerou empregos no mesmo ritmo que em 2011.
A criação de empregos no setor desacelerou. Em 2012, o setor gerou 3.000 novas vagas, enquanto em 2011 foram criados 10 mil postos de trabalho.