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Desemprego afeta mais os pardos na crise, aponta pesquisa do IBGE

Divulgação

Em paralelo com o aumento da desocupação e a estagnação nos rendimentos médios dos trabalhadores amazonenses, o ensaio da crise do Covid-19 registrado no primeiro trimestre cavou um pouco mais o fosso entre “brancos”, “pretos” e “pardos”. A dinâmica se deu na direção contrária do crescimento vegetativo e da participação dos últimos, que seguiram mais fortes do que os dos primeiros. A conclusão vem dos mais recentes dados da PNAD Contínua Trimestral, do IBGE.

O Estado conta com 3,053 milhões de habitantes com idade a trabalhar (14 anos ou mais). Em um ano, a quantidade de “pardos” só aumentou: eram 2,372 milhões no primeiro trimestre de 2019 e passaram para 2,376 milhões no último, para chegar aos 2,465 milhões nos três meses iniciais deste ano. “Brancos” (455 mil, 467 mil e 430 mil) e “pretos” (99 mil, 102 mil e 84 mil) ensaiaram um crescimento, que se mostrou revertido em 2020. Na reta final, os grupos responderam por fatias de 80,8%, 14,1% e 2,7%.

Em Manaus, a mesma dinâmica se deu com a população “branca” (320 mil), enquanto a “preta” (59 mil) só encolheu, e a “parda” ensaiou uma redução para voltar ao crescimento em 2020 (1,348 milhão). Na cidade (1,743 milhão) o predomínio dos “pardos” (77,3%) é menor, em favor de maiores parcelas de “brancos” (18,4%) e “pretos” (3,4%). Vale notar que o IBGE não conta a população indígena, que acaba incluída no grupo dos “pardos”.

Das 1,913 milhão de pessoas na força de trabalho em todo o Estado contabilizadas pelo IBGE no primeiro trimestre, 277 mil estavam desocupados. Tomando-se como base as fatias étnicas na população, o desemprego atingiu com maior força os “pardos” (81,7% e 226 mil) em detrimento dos “pretos” (2,3% e 6.000), ao passo que seguiu na mesma proporção com os “brancos” (14,2% e 39 mil). Os números da capital amazonense seguiram de perto as respectivas taxas: 81,2% (175 mil), 2,4% (5.000) e 15,2% (33 mil).  

Na comparação com os números do trimestre final de 2019, “pardos” e “brancos” aumentaram suas parcelas de participação entre os amazonenses e manauenses sem ocupação remunerada, enquanto “pretos” mantiveram seus percentuais. “Pardos” diminuíram sua participação na fila do desemprego do Amazonas, mas não na de Manaus, em relação ao primeiro trimestre do ano passado. “Brancos” e “pretos” reduziram suas taxas no Estado e na capital.

Horas e rendimentos

A média de horas “habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos” foi de 36,4 para os amazonenses, e de 39 para os manauenses.  O número em relação ao primeiro e ao quarto trimestre de 2019 foi ascendente para “brancos”, tanto no Amazonas (37,2 horas), quanto em Manaus (38,4). “Pardos” estagnaram na capital (35,7) e recuaram no Estado (38,4), ao passo que “pretos” também empataram no primeiro caso(37,1), mas cresceram no segundo (39,3).

O rendimento médio nominal de todos os trabalhos habitualmente recebido por mês foi de R$ 1.783 no Estado e de R$ 2.185 na capital, no acumulado até março. Dos três grupos étnicos elencados pelo IBGE, apenas os “brancos”, avançaram sem tropeços, entre o primeiro e o quarto trimestres de 2019, para chegar aos três meses iniciais de 2020 com novas altas no Amazonas (R$ 2.708) e em Manaus (R$ 3.058). 

“Pardos” e R$ 1.899, na ordem) registraram trajetória ascendente no caso do Estado (R$ 1.554), mas oscilaram com viés de baixa, na capital. “Negros”, por outro lado, se recuperaram de uma queda brutal no fim do ano passado, para avançar no Amazonas (R$ 1.890) e praticamente estagnar em Manaus (R$ 2.126).  

“Verdadeira distância”

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressaltou que a taxa de desocupação do Amazonas apresenta ligeira vantagem a favor do branco (14,2%) contra pardos (14,7%). A fatia de pessoas ocupadas em relação às com idade de trabalhar, mantém-se praticamente igual, conforme o pesquisador. A média de horas trabalhadas, prossegue ele, é maior entre brancos (no Amazonas) e pretos (em Manaus), em detrimento dos pardos.

“No rendimento médio nominal de todos os trabalhos, está a maior distância entre brancos e pardos. Estes ganham, em média 55,5% do valor recebido pelos brancos. Em Manaus, essa proporção melhora um pouco e os pardos ganham 59,8% dos brancos. Já os pretos, tanto em Manaus como no Amazonas, possuem melhor rendimento que os pardos. Com isso, a diferença de rendimentos entre pretos e brancos é menor”, encerrou.

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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