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Desalento e subocupação do trabalho diminuem no Amazonas

A relativa melhora no mercado de trabalho fez cair a proporção de amazonenses de 14 anos ou mais que desistiram de procurar emprego. Entre julho e setembro, a população desalentada foi de 115 mil pessoas, sendo 17,86% menor do que a do trimestre anterior (140 mil pessoas) e 22,30% inferior à do terceiro trimestre de 2020 (148 mil pessoas). Os trabalhadores nessa condição representaram 5,5% da força de trabalho do Estado. Foi o menor percentual apresentado desde o primeiro trimestre de 2020, ficando aquém dos dados dos respectivos períodos precedentes (6,9% e 7,5%).

Outra boa notícia é que o número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas – menos de 40 horas por semana e com disponibilidade para trabalhar mais horas – também encolheu, após a alta anterior. Ela cresceu de 10,5% (170 mil) para 8,9% (152 mil) do total, entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano, uma diferença de 10,59%. Mas, ainda ficou 14,28% superior ao patamar registrado no mesmo período do ano passado (133 mil pessoas, ou 8,7% do total). É o que mostram os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, do IBGE.

A taxa composta de subutilização da mão de obra no Estado – que inclui pessoas desocupadas, subocupadas e na força de trabalho potencial – foi de 28,6% (622 mil pessoas), mostrando retração de 12,76% ante o trimestre anterior (32,9% ou 713 mil) e encolhimento de 11,90% em face do mesmo acumulado de 2020 (33,6% ou 706 mil). A média nacional foi de 26,5% (30,743 milhões), sendo que as três unidades federativas com as maiores taxas foram Maranhão (43%), Piauí (42,7%) e Sergipe (42%). Na outra ponta, Santa Catarina (9,9%), Mato Grosso (12,9%) e Rondônia (16,9%) figuraram no rodapé de uma lista, onde o Amazonas ainda desponta na 12ª colocação.

A dinâmica se deu também em meio a um decréscimo vegetativo no contingente de trabalhadores locais. O total de pessoas na força de trabalho potencial do Estado –que não estavam ocupadas nem desocupadas, mas possuíam potencial de se transformarem em força de trabalho – foi de 206 mil. Foram 13,81% a menos em relação à marca do trimestre anterior (239 mil) e 21,37% aquém da quantidade de amazonenses nesse grupo, um ano antes (262 mil). O IBGE estima, por outro lado, que a população do Amazonas em idade para trabalhar (3,092 milhões de pessoas) não apresentou “variação estatisticamente significativa” em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Contratações e informalidade

A retração entre os desistentes na busca por emprego e na fatia dos amazonenses que consideram que estão trabalhando menos do que gostariam ou poderiam, seguiu em paralelo com uma relativa melhora no mercado de trabalho do Estado. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação caiu de 15,8% (304 mil) para 13,4% (264 mil), entre o segundo e o terceiro trimestres de 2021, configurando queda de 13,16%. O nível de ocupação da mão de obra passou de 53,1% (1,621 milhão) para 55% (1,701 milhão), uma alta de 4,93% na mesma comparação. No confronto com o mesmo período de 2020, houve decréscimo de 14,84% e elevação de 11,25%, respectivamente.

A oferta de emprego ficou novamente bem abaixo da procura e veio novamente contaminada pela informalidade. O maior crescimento em relação ao mesmo trimestre de 2020 veio dos “serviços domésticos”, que avançou 20,55%, de 73 mil para 88 mil. O comércio e a construção alcançaram expansões de 11,36% (343 mil) e de 9,26% (118 mil) nos postos de trabalho, em relação ao acumulado de abril a junho. Na sequência veio a indústria em geral e o segmento de “outros serviços” (que incluem arte, cultura, esporte e recreação) e de alojamento e alimentação vieram na sequência, entre outras atividades, que pontuaram alta de 8,28% (183 mil) e de 7,04% (76 mil), na ordem. 

A atividade de trabalhador doméstico, no entanto, foi também a que registrou maior taxa de ocupação sem carteira assinada: 87% (75 mil). No setor privado, 34,30% dos trabalhadores amazonenses (189 mil) não contavam com carteira assinada. Em sintonia, o trabalho por conta própria também aumentou e foi a alternativa para 36,4% dos amazonenses ocupados (619 mil), sendo que 92,7% (575 mil) não possuíam CNPJ – 99 mil trabalhadores a mais, na mesma comparação. Como resultado, a proxy de informalidade do Amazonas saltou de 56,7% (1,529 milhão) para 59,5% (1,701 milhão), entre os trimestres, deixando o Estado atrás apenas do número do Pará (62,2%), no ranking nacional.

Pandemia e ocupação

No texto de divulgação da pesquisa, o IBGE destacou que a retração na taxa composta de subutilização da mão de obra no Estado foi “perfeitamente compreensível, dadas às circunstâncias e os reflexos da pandemia”. O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas atinge aqueles cuja carga horária é menor que a esperada. A grande maioria seria formada por trabalhadores domésticos sem carteira, e trabalhadores por conta própria sem CNPJ. 

O pesquisador ressaltou ainda que os desalentados são aqueles que não trabalham e nem procuram emprego, mas que estariam dispostos a trabalhar, caso surgisse uma oportunidade. A queda indicaria não apenas a desistência de buscar uma oportunidade de emprego, mas também a migração efetiva para a força de trabalho. A melhora no mercado de trabalho amazonense, em paralelo com a melhora dos indicadores da pandemia e a maior circulação de pessoas, seria o motivo principal para os números, já que a quantidade de desalentados costuma cair, quando e empregabilidade aumenta.

“Os dados de subocupação acompanharam o que ocorreu com a taxa de desocupação e apresentaram considerável redução. A influência veio da maior ocupação da força de trabalho e do aspecto positivo que a empregabilidade traz aos membros da família. Isso evitaria que todos fiquem na expectativa de se ocupar, ou de achar que estão trabalhando menos que deveriam. Isso é um efeito da reação das pessoas. Quando há pessoas ocupadas na família, elas se dispõem menos a aceitar uma oportunidade no mercado de trabalho”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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