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Desafios e fardos dos líderes em tempos rebeldes

Desafios e fardos dos líderes em tempos rebeldes

Líder. Ser ou não ser? Eis a questão. Líderes sempre são mais cobrados do que os seus subordinados, por isso o fardo que carregam é mais pesado. Foi pensando em diminuir esse peso que a Vikaas Consultoria desenvolveu o Programa Líder Alpinista com o objetivo de ensinar gestores a enfrentar e superar os desafios que surgirem diante de suas equipes, principalmente nesta situação de pandemia.

“Liderança não é um dom. Qualquer pessoa, independente do seu perfil psicológico, pode se tornar líder. É claro que cada um possui características e habilidades que podem facilitar (ou dificultar) o exercício de ‘ser líder’. Um líder pode ser desenvolvido sim e hoje em dia, existem muitas experiências de aprendizagem, treinamentos, coaching e ferramentas certificadas e eficazes para isso”, garantiu ao Jornal do Commercio, Ellen Ravaglio, psicóloga e coach profissional, co-fundadora do Programa Líder Alpinista, e sócia da Vikaas Consultoria, com 25 anos de experiência no desenvolvimento de líderes e times dentro de grandes organizações.

Ellen listou quatro pontos que um líder, necessariamente, precisa ter: desejo e motivação para liderar; investir no autoconhecimento; desenvolver ‘soft skills’ (habilidades comportamentais), e aprender técnicas para liderar pessoas.

“Um líder não nasce pronto, ele aprende a liderar. Aliás, ‘estar pronto’ também não existe quando falamos de desenvolvimento humano. Aprender é um processo que envolve muito mais do que cursos e educação formal. É preciso também experiência e nesse contexto, surge o conceito de lifelong learning, que traz o aprendizado como uma jornada a ser percorrida ao longo de toda vida. Sendo líderes ou não, não podemos parar de aprender nunca”, lembrou Ellen.

Líderes são moldados

Outra afirmação da psicóloga e coach é a de que não existe um perfil ideal para ser líder, como antes se acreditava. A liderança é situacional, ou seja, o líder precisa aprender a liderar, adaptando o seu estilo conforme a necessidade da sua equipe. 

“Não há uma característica única, porém existe um conjunto de habilidades para que ele consiga influenciar, desenvolver equipes de alta performance, engajar pessoas e alcançar os seus resultados”, explicou.

Com base em recentes pesquisas e na prática diária da Vikaas com líderes, Ellen destacou três características de um ‘líder eficaz’. Ele precisa ter flexibilidade, para se adaptar com agilidade; resiliência, para superar as situações de estresse com equilíbrio; e criatividade, para criar novas alternativas de soluções.

“Liderar, em todos os tempos, sempre foi um grande desafio e até hoje assusta muita gente, pois as responsabilidades e os desafios são enormes. Nos meus treinamentos costumo dizer que ‘virar líder’, é receber, sem ser preparado para isso, um ‘kit liderança’ onde passa a responder por metas, clima organizacional, turnover, afastamentos, produtividade, processos trabalhistas, e várias outras obrigações”, falou. 

“Muitas vezes os líderes se sentem pressionados e inseguros por, serem ótimos profissionais técnicos, porém, sem terem sido preparados para conduzir uma equipe”, completou.

Acrescente-se a isso o cenário VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo; em inglês: volatility, uncertainty, complexity e ambiguity) em que o mundo se tornou. Tudo muda o tempo todo e cada vez mais rapidamente. A transformação digital trouxe novos desafios e demandas, gerando níveis ainda mais altos de estresse nos líderes.

“O que nós dos RHs precisamos é olhar para os líderes e prepará-los para lidarem com esse ‘novo mundo’ com mais resiliência e equilíbrio. Hoje nós temos ‘novas cavernas’ para conhecer, enfrentar e superar”, falou.

Caos com a pandemia

A pandemia mexeu muito com os líderes, de todos os segmentos de negócios, do menor ao maior. Foi um ‘terremoto’, que chegou sem avisar. A maioria das empresas não estava preparada para o trabalho remoto. Faltaram recursos, equipamentos, processos, tecnologia. A necessidade de liderar à distância, trouxe novos dilemas. Se já é desafiador dar feedbacks, monitorar metas e demitir pessoas presencialmente, imagine-se on line. Os líderes tiveram que gerenciar o desconhecido.

“Ninguém tinha resposta para nada. Terá demissão? Vamos vender como, agora? Muitas perguntas, poucas respostas. A incerteza mexe muito com os nossos medos e emoções. Quando nos sentimos ameaçados, temos duas reações instintivas: fugimos ou atacamos. E foi o que aconteceu”, contou. 

Alguns líderes tentaram controlar o incontrolável: o horário das pessoas em home office, por exemplo, fazendo reuniões de cobrança o tempo todo. Outros, largaram, passaram só a reclamar e pararam de gerenciar os resultados, cobrando a equipe por iniciativa, mas sem dar o suporte necessário.

“Esse foi o retrato do que aconteceu nessa pandemia. Líderes e equipes sofreram com ansiedade, medo de adoecer, medo do desconhecido. Por outro lado, após todos esses meses, hoje já começamos a perceber dentro das empresas que a pandemia deixou suas cicatrizes, mas que também deixou alguns aprendizados, antecipando a efetivação de mudanças necessárias. Agora, é hora de a liderança fazer aquele ‘pit stop’ de final de ano, levantar tudo isso: perdas e aprendizados, olhar pra frente e traçar novos rumos”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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