Com o desafio de manter as vantagens comparativas do modelo ZFM (Zona Franca de Manaus) na reforma tributária, o empresário Antônio Carlos da Silva, foi eleito na última sexta-feira presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) para o quadriênio 2007-2011.
O empresário encabeçava a chapa “Unidade e Perseverança”, única na disputa, e deve assumir a chefia da entidade no dia 28 de setembro. De um total de 27 sindicatos da Fieam, 26 estavam aptos a votar. Apenas um não votou, o que mostra que a maioria absoluta apóia a nova direção.
Segundo Antonio Silva, a reforma é inadiável e tem o objetivo de reduzir a danosa guerra fiscal que cria um ambiente de instabilidade e desestimula os investimentos. “São Paulo é visivelmente contra a ZFM. Os decretos que são baixados lá são contra a indústria local. Nossa reivindicação é para que o governo federal possa intervir no sentido de fazer com que essa guerra acabe”, disse o empresário.
Legalmente amparado
Antônio Silva fez questão de ressaltar que somente o Amazonas está amparado pela Constituição para dar incentivo fiscal de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Os outros Estados, legalmente, não podem e no entanto fazem. “Queremos negociar de forma amigável. Não podemos brigar com ninguém, já que o mercado está lá fora”, ressaltou.
O empresário informou que Manaus não consome nem 1% da produção industrial do PIM (Pólo Industrial de Manaus), o que significa que não é interessante brigar com quem consome os produtos fabricados aqui.
Mesmo com grande desvantagem cambial e a elevada carga tributária, a indústria brasileira tem superado as projeções e mostrado sua capacidade de exportação, contribuindo para que o saldo da balança comercial atingisse o recorde histórico de mais de US$ 20 bilhões no primeiro semestre.
Nesse contexto, Antonio Silva considera que o Amazonas soube adaptar-se aos desafios e ampliar os investimentos nos processos produtivos, o que pôs o Estado na pauta de exportações do país, desde produtos naturais até os de alta tecnologia.
Produção Industrial
Mas apesar de o presidente eleito considerar o momento favorável para a economia brasileira e do Amazonas, afirmando que a projeção de faturamento deve ficar em torno de U$ 25 bilhões neste ano, os desafios para a indústria local são grandes. A produção industrial do Estado apresentou o pior índice de desempenho nos cinco primeiros meses do ano em relação a igual período do ano passado.
“Devemos lembrar que isso é resultado justamente da guerra fiscal e das importações asiáticas”, afirmou o atual presidente da Fieam, José Nasser. “O PPB dos cosméticos ainda não saiu porque as indústrias de São Paulo não deixam. Aqui é que tem a matéria-prima. Há um jogo de interesses muito grande e o Brasil precisa definir em uma política industrial o que cada Estado da federação pode fazer”, completou.