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Desafio da destinação dos resíduos sólidos

Desafio da destinação dos resíduos sólidos

Entra prefeito, sai prefeito e a situação da destinação dos resíduos sólidos (lixo) de Manaus, não se resolve, ou se resolve muito lentamente, ao contrário da crescente produção de resíduos pela população. Ano passado, de acordo com a Semulsp (Secretaria Municipal de Limpeza Urbana), devido à pandemia e à consequente redução de consumo pela população em isolamento social, a produção diária de 2.500 toneladas de lixo na cidade, caiu para cerca de 2.200 toneladas, porém, a pandemia vai passar e tudo deve voltar a ser como antes.

Mas a secretaria também comemora os números crescentes da coleta seletiva de resíduos sólidos. Em 2013 o índice de recuperação de materiais recicláveis era de 0,3% e saltou para 2,2%, em 2019, uma das maiores taxas do país, e poderia ser ainda maior se a prefeitura tivesse se empenhado mais.   

“A coleta seletiva pouco avançou nesses oito últimos anos. Não houve uma preocupação com a orientação em massa da população no que diz respeito à coleta seletiva, não foi feita a licitação para contratação das empresas de coleta e destinação final dos resíduos, não foi mostrado à população o projeto do novo aterro municipal que estaria com sua capacidade máxima para 2021. Os quatro PEVs (Pontos de Entrega Voluntária), inaugurados em 2012, estão operando com sua estrutura precária, e somente em 2019 foram inaugurados dois novos PEVs”, reclamou o biólogo Daniel Santos, embaixador, consultor e auditor do Instituto Lixo Zero Brasil, no Amazonas.

Daniel Santos é embaixador, consultor e auditor do Instituto Lixo Zero Brasil, no Amazonas

De positivo a prefeitura criou o serviço de coleta agendada para objetos de médio e grande porte, acionado através de contato pelo celular (WhatsApp), envio de foto do objeto e marcação de data e hora para fazer a retirada, evitando principalmente que esses objetos sejam encaminhados para o aterro ou jogados nos igarapés.

“No final de 2020, com a atuação dos Ministérios Públicos, foi assinado e lançado o termo de logística reversa para resíduos recicláveis, onde ficou acordado entre os fabricantes, revendedores e prefeitura a instalação de 40 novos PEVs em supermercados de Manaus”, lembrou.

Aterro com dias contados

Segundo Daniel, o prefeito David Almeida deveria se empenhar, de imediato, em organizar o programa Manaus Lixo Zero, “que estabeleceria estratégias e metas exequíveis em curto, médio e longo prazo, trabalhando com edição formal e não formal e principalmente começando o dever em casa, fazendo com que todas as secretarias, autarquias e fundações municipais utilizem o conceito Lixo Zero”. O prefeito, ainda de acordo com Daniel, precisa dar atenção ao aterro sanitário, localizado no km 19 da AM-010 (Manaus/Itacoatiara), que está com o ‘prazo de validade’ quase vencendo.

“O último secretário de limpeza, Paulo Farias, informou que o aterro, em Manaus, tem capacidade para receber resíduos até 2023. Os critérios técnicos para se projetar e construir um aterro são muito exigentes e onerosos, ou seja, isso deve começar a ser feito agora, ou não ficarão prontos em dois anos. Com a aplicação do conceito Lixo Zero, a quantidade de resíduos encaminhado a um aterro é de 10% a 15% no máximo. Os 85% a 90% restantes vão para o ciclo de reciclagem e da compostagem”, informou.

Outra ajuda importante, com certeza a mais importante, é a educação da população.

“A educação é a base de tudo, seja ela formal (escolas) ou não formal (TVs, reuniões, palestras, oficinas e campanhas publicitárias). Só assim poderemos ensinar e orientar a nossa população a perceber que podemos ter uma melhor qualidade de vida se soubermos evitar a geração de resíduos e quando gerados, fazer a destinação correta”, disse.

25 PEVs na cidade   

O Instituto Lixo Zero Brasil, no Amazonas atua desde 2019 em Manaus, e já organizou: dois Encontros Municipais Lixo Zero, uma Semana Lixo Zero e participou do Seminário Internacional de Gestão Ambiental do TCE (Tribunal de Contas do Estado), com um estande, além de ajudar a fazer o planejamento de gestão dos resíduos do evento, evitando que 90,72% dos resíduos gerados durante o Seminário fossem para o aterro sanitário.

No final do ano passado o Instituto conquistou um prêmio pela realização do Encontro Municipal Lixo Zero, um evento online, que durou três dias, com mais de 30 palestrantes, e mais de 20h de conteúdo gratuito, sem nenhum apoio financeiro.

“Hoje temos em torno de 25 PEVs na cidade. Os supermercados são locais que as pessoas precisam ir para abastecer sua casa o que facilita a entrega dos resíduos e de não sair de sua rota, porém podemos ampliar os PEVs para as feiras físicas e móveis, escolas e até mesmo as secretarias podem se tornar um PEV. Se não colocarmos as questões ambientais de forma transversal nas escolas, realizar aulas práticas e campanhas em todos os cantos da cidade, querer dar destinação correta aos resíduos sólidos será sempre um trabalho de enxugar gelo no sol de meio dia”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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