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Deputado federal Delegado Pablo é agora alvo da Polícia Federal

Divulgação

O deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) foi alvo de uma operação, denominada Seronato, da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã desta sexta-feira (15). A investigação é sobre crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, referente a dois Inquéritos Policiais instaurados em janeiro e maio de 2019. Em 2018, Pablo foi o segundo mais votado no Estado do Amazonas, empunhando a bandeira do combate à corrupção.

Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos, todos expedidos pelo Juiz da 2ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Estado do Amazonas. Além do parlamentar, dois familiares dele, sua ex-sócia e dois empresários também são parte do inquérito. Delegado licenciado da PF, o deputado é suspeito de ter utilizado seu cargo na polícia para praticar ilícitos.

Segundo a apuração, ele teria se aproveitado de informações obtidas em investigações para viabilizar o agenciamento de venda de uma empresa para sua mãe.

As provas da materialidade delitiva e indícios de autoria, colhidos ao longo do primeiro Inquérito Policial, indicam que Pablo teria se prevalecido do cargo ao fazer mau uso das informações obtidas durante a investigação que culminou com a Operação Udyat, deflagrada no ano de 2012, para viabilizar, de forma indevida, o agenciamento da venda de uma empresa pertencente a sua mãe, pelo valor de R$ 500 mil.

Por meio da segunda investigação criminal, a Polícia Federal pretende esclarecer sobre as possíveis ocorrências de crimes de falsidade, favorecimento em razão do cargo e lavagem de dinheiro, em relação a fatos que envolvem a subcontratação, realizada por um consórcio de empresas que atuou na construção do Aeroporto Internacional de Manaus, para que a empresa registrada, em nome da mãe do deputado Federal, executasse o paisagismo do aeroporto, pelo valor de R$ 1.2 milhão de reais.

O deputado Federal Delegado Pablo foi procurado pela reportagem do JC, mas não foi encontrado. Por meio de vídeo nas redes sociais, o deputado deu sua versão aos fatos. Ele disse ter sido surpreendido com operação da Polícia Federal na porta da sua casa. O deputado disse ter ficado ainda mais surpreendido ao saber que tratava sobre acusações “mentirosas e descabidas de supostos fatos de oito anos atrás”. Pablo questiona o fato não investigarem “problemas na saúde que estão acontecendo neste ano” e irem investigar um delegado de polícia federal “com pressa” sobre fatos de oito anos atrás.

“Quero dizer que sempre apoiei e respeitei o trabalho da Polícia Federal, mas não vou admitir que acusações infundadas sejam colocadas contra a minha pessoa. Durante os 12 anos que exerci o cargo de delegado federal sempre o fiz com zelo, probidade e fui responsável pela condução e apreensão de milhares de reais. Nunca fui acusado de ter me corrompido com um centavo sequer. Não vou admitir que essas pessoas que não querem um delegado de polícia federal na política vençam. Meu compromisso com o combate à corrupção e a criminalidade vai continuar. E essas pessoas que hoje me acusam vão encontrar elas sim a Justiça na frente delas. Lamento que tenham envolvido minha mãe neste episódio. uma senhora de 75 anos de idade. que me deu todos os valores e só conheceu uma forma de vencer na vida, através do trabalho”, disse.

Exoneração do Idam

Há uma semana, sem revelar justificativas, o governador Wilson Lima exonerou Eda Maria Oliva Souza, 74 anos, da presidência do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), mãe no deputado federal Pablo Oliva. Na manhã desta sexta-feira (15), um dos alvos da PF foi o condomínio Vila Rica, na avenida Efigênio Sales, área nobre de Manaus, onde mora a mãe do deputado Pablo.

Contra a corrupção

De carona na popularidade e credibilidade da Polícia Federal, principalmente devido a operação Lava Jato, o delegado Pablo foi o segundo mais votado no estado do Amazonas, nas eleições de 2018, na qual obteve 151,6 mil votos. Explorando o combate à corrupção, Pablo foi um dos principais apoiadores da candidatura do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos meses vem articulando sua candidatura à prefeitura de Manaus

Delegado federal desde 2007, Pablo participou de uma das fases da Operação Maus Caminhos deflagrada em 2016, que revelou um dos maiores esquemas de corrupção de desvios de verba pública direcionada à saúde do Amazonas e, que gerou a prisão de ex-secretários de Saúde do Estado e, até do ex-governador José Melo (Pros).

Operação Seronato

Segundo a Superintedência da Polícia Federal no Amazonas, o nome da operação é uma alusão às suspeitas de que um dos investigados teria se prevalecido do cargo policial para cometer fatos que tinha por dever reprimir.

O nome Seronato está ligado ao Sermão do Bom Ladrão, escrito em 1655, pelo Padre Antônio Vieira, proferido na igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. Diz um trecho do sermão: ”Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo para roubar ele só!.”

Severo Neto

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