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Denúncias afetam a economia amazonense

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O novo caos político instalado no Brasil após os executivos do grupo JBS acusarem o presidente Michel Temer de autorizar a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para obstruir a operação Lava Jato, preocupa os representantes da indústria e do comércio amazonense. Conforme os empresários, o problema surgiu no período em que a economia nacional apresentava uma leve retomada, com sinais de resgate da confiança do consumidor e também dos investidores, fatores que segundo eles, voltam a ser abalados resultando em números negativos e consequentemente no aumento no número do desemprego no Estado.

O presidente da assembleia geral e do conselho superior da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ismael Bicharra, considera os cenários político e econômico nacional como delicados, realidades que afetam diretamente a economia do Estado. Ele comenta que os empresários do setor comercial estavam alegres e mantinham boas expectativas de recuperação no volume de vendas para o segundo semestre com base nos índices econômicos nacionais que apontavam, até a última quarta-feira (17), sinais de recuperação. Mas, agora, ele afirma que a sensação é de insegurança e preocupação quanto ao rumo administrativo que o país deverá seguir.

"Todos já estavam prevendo um cenário de certeza, de crescimento, de segurança. Mas, hoje nos encontramos em uma situação desesperadora e não sabemos o que poderá acontecer. Na última semana registramos crescimento nas vendas devido ao dia das mães, e vínhamos acompanhando, durante os últimos meses, a volta dos investimentos a partir da credibilidade dos empresário em nosso Estado. Vivemos dias tristes e históricos em nosso país", disse.

Para o presidente da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas), José Roberto Tadros, apesar de o escândalo mais uma vez resultar em consequências negativas em todos os segmentos econômicos, o momento é de definição política para o país. "Essa denúncia afeta diretamente a nossa economia. Lamento, porque estávamos começando a obter melhores resultados econômicos e com um acontecimento como esse, tudo pára, a economia ficará engessada até que tudo seja definido. Ou o país tem um setor político decente ou viveremos em crise constantemente", comentou. "Os indicadores de exportação apontavam crescimento, a inflação estava reduzindo, assim como a taxa de juros. Estávamos próximos de ter a aprovação das reformas trabalhista e da previdência, que são necessárias. Agora, de qualquer forma, ou por meio da renúncia de Temer ou por impeachment teremos consequências negativas como a manutenção do desemprego", completou o empresário.

De acordo com o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, tudo o que estava em planejamento por parte do Governo Federal deverá ser interrompido e o resultado são os efeitos negativos na economia amazonense com menores vendas, retração na demanda e menos contratação de mão de obra, enquanto a esperança, segundo ele, era de retomada na economia e retorno à geração de empregos.

"Essa situação abala economicamente a todos os setores da economia e com a indústria não é diferente. Mas, como cidadãos não podemos permitir retrocessos. Essa nova denúncia mostra que a questão não é partidária, mas que envolve toda a classe política e é isso que a sociedade não tolera. Tudo o que estava sendo desenhado deverá paralisar. Agora, precisamos aguardar e trabalhar para que a situação política entre no eixo, e mais, entender que precisamos escolher melhor os nossos representantes", analisou Périco.

Segundo o economista e consultor, Francisco Mourão Júnior, em meio ao atual cenário de instabilidade econômica é comum ocorrer uma situação chamada como 'fuga de capitais' onde o investidor se retira do projeto e o pretenso investidor desiste das negociações, situação que segundo ele, acontece no meio empresarial amazonense.

"No primeiro dia após as denúncias houve forte impacto com o aumento do dólar e a queda nas ações brasileiras. É preciso esperar uma definição política para dar firmeza aos investidores e sustentabilidade na bolsa de valores. As empresas instaladas na capital estavam analisando a reação da economia e tinha uma tendência de novos investimentos. Porém, hoje todos estão com o 'pé no freio' porque há fuga de capitais e demais efeitos negativos que refletem diretamente na economia local e na ZFM (Zona Franca de Manaus)", frisou.

Após 9 anos Bovespa aciona 'circuit breaker'
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) informou na manhã de quinta-feira (18) que acionou o 'circuit breaker' durante 30 minutos devido à forte baixa dos ativos brasileiros. Os negócios foram paralisados quando o principal indicador da bolsa recuou mais de 10%, em meio às denúncias contra o presidente Michel Temer. O circuit breaker controla a variação dos índices. A última vez que a Bovespa acionou o mecanismo foi em 2008.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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