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Denis Minev: “Amazônia não é um problema ambiental”

Denis Minev faz parte da rede Uma Concertação para a Amazônia

O empresário Denis Minev, diretor do grupo Bemol, faz parte da Rede Uma Concertação para a Amazônia e abriu os debates sobre o tema “Economia” no encontro ocorrido nos últimos dois dias em Manaus. “É emblemático que esse primeiro encontro presencial seja em Manaus. Amazônia se discute na Amazônia. É importante que estejamos aqui, pisando nessa terra para discutir esse tema com mais solidez”, ressaltou.

O empresário criticou a forma como a região mais rica do país e uma das mais importantes para o planeta, tem sido tratada. “A Amazônia não é um problema ambiental que precisa ser resolvido. É uma região que tem aspectos sociais, econômicos, ambientais e tem problemas específicos em todos eles e cada um deles precisa de resolução e dentro desse contexto não existe nenhuma alternativa que não seja a prosperidade, que envolve restrições”, explicou.

A conservação ambiental na região foi relacionada pelo empresário com o tratamento às comunidades e à saúde nesses locais. “Não temos uma visão de prosperidade na Amazônia de onde é que vamos chegar. Queria propor, como cidadão, brasileiro e amazônida, que criássemos uma ambição para a economia da Amazônia”.

Segundo ele, há que se debater as várias diferenças para se encontrar soluções distintas. “Assim como para a saúde há várias realidades e problemas diferentes por região, comunidade e área, na economia também”, avaliou. 

Ciência

Dentre os diversos segmentos que compõem a questão economia e conservação do território, Denis cita a ciência. “Qual é a nossa ambição como povo para com a ciência na Amazônia? É consenso que a região é um imenso patrimônio científico da humanidade, mas não estamos descobrindo grandes coisas aqui. Não temos os cérebros aqui. Não temos os investimentos aqui. Não temos ambição como nação”, critica.

Para exemplificar a falta e compromisso e ambição para com a Amazônia no Brasil atual, o empresário cita alguns exemplos de iniciativas nacionais que um dia foram apenas projetos de desenvolvimento e, hoje, são matrizes econômicas de sucesso, como o polo aeroespacial do Brasil, que conta, entre outros, com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e Embraer e Proálcool (Programa nacional do Álcool) que levou o Brasil ao protagonismo na produção de álcool. “O Brasil não tem vocação aeroespacial, mas no passado teve a ambição de se tornar uma potência. Quando o Centro-Oeste não produzia nada, o Brasil teve a ambição de evoluir a soja nesse local e olha onde estamos agora. O Brasil nunca teve uma ambição científica na Amazônia”, comentou.

Para o empresário, as instituições já estão aí e precisam de investimentos e objetivos como nação. “Precisamos produzir soluções para o mundo. Precisamos ter ambição”, afirma.

Enquanto isso, a realidade da Amazônia segue chocando o mercado internacional da pior forma. Desmatamento, queimadas, devastação de terras indígenas, contaminação por exploração mineral irregular e violência e crime organizado dentro da floresta.

Atualmente, a Amazônia possui cerca de 90 milhões de hectares desmatados no acumulado. Destes, 20 milhões são utilizados para o cultivo de soja, por exemplo. “E se dermos uma destinação a estes 70 milhões de hectares que não estão sendo bem utilizados, destinando a projetos de sistemas agroflorestais, reflorestamento, integração lavoura, pecuária e floresta, podemos nos tornar campeões do carbono global e ainda gerar um volume absurdo de empregos e nos tornamos protagonistas”, analisou.

O empresário Dênis Minev ainda fez um chamado nacional e deixou um último questionamento no ar: “Imagina se a Amazônia der certo?”.

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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