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Demanda por seguro-desemprego volta a cair em novembro no Amazonas

Demanda por seguro-desemprego volta a cair em novembro no Amazonas

A procura por seguro-desemprego no Amazonas voltou a encolher em novembro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a quantidade de requerimentos desabou 62,48%, passando de 2.921 (2019) para 1.096 (2020). Em relação a outubro de 2020 (1.112), o recuo foi mais modesto e não passou de 1,44%. Na comparação com o levantamento anterior, no entanto, houve desaceleração tanto na variação mensal (-72,65%), quanto na anual (-1,94%). 

No acumulado dos 11 meses iniciais de 2020, a quantidade de solicitações totalizou 16.858 registros, 66,79% a menos do que o contabilizado no mesmo período do ano passado (50.766). Os dados são do Ministério da Economia e foram repassados pela Setemp (Secretaria Executiva de Trabalho e Empreendedorismo). O órgão salienta que parte da queda nos meses mais recentes ocorre também devido ao aumento das solicitações feitas pelo aplicativo Carteira de Trabalho digital.

Diferente do ocorrido em outubro, a maioria esmagadora dos trabalhadores amazonenses que buscou seguro-desemprego no mês passado pertencia ao gênero masculino (65,46%), conforme dados cruzados com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O gênero feminino, por sua vez, respondeu por apenas 34,54% dos registros. No mês anterior, os números foram 32,56% e 70,55%, respectivamente. 

Em novembro, as demandas dos trabalhadores amazonenses pelo benefício se concentraram especialmente no setor de serviços (36,58% do total), que foi seguido pelo comércio (25,79%), agropecuária (22,58%), indústria (11,26%), segmento financeiro (1,70%) e “ignorado” (2,08%). No mês anterior, as respectivas fatias foram: 35,51%, 26,22%, 20,70%, 11,23%, 1,68% e zero. Desta vez, não foi informada a faixa etária dos solicitantes. No mês anterior, a maioria tinha entre 30 e 39 anos, segundo a Setemp.

Contratações aquecidas

Os dados do Caged referentes a novembro ainda não foram divulgados. Mas, os números de outubro podem dar uma ideia do impacto da dinâmica do mercado na demanda pelo seguro desemprego, mediante a oferta de novas vagas. Naquele mês, o Amazonas registrou seu quarto saldo positivo seguido na criação de empregos com carteira assinada. O incremento foi de 1,37%, graças à criação de 5.669 postos de trabalho, desempenho próximo ao registrado no mês anterior (+1,39% e +5.693 vagas). No total, 16.013 trabalhadores foram admitidos, superando em boa margem o número de desligamentos (10.344). Praticamente todas as vagas (5.569) vieram de Manaus, que teve expansão de 1,47%, no mesmo período. 

Quatro dos cinco setores econômicos listados tiveram elevações mensais. O maior saldo veio novamente de serviços (+2.097 empregos), seguido por comércio e reparação de veículos (+1.745 empregos), indústria em geral (+1.047 empregos) – carreada pela indústria de transformação (+955) – e construção (+124). Em último lugar, agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-1) foi a única atividade que extinguiu postos de trabalho no Amazonas – após os tímidos crescimentos de setembro (+26) e agosto (+16).

Recontratações e incertezas

O presidente do Sindicato dos Economistas do Amazonas, Marcus Evangelista, se diz otimista para os próximos meses e avalia que o recuo na procura por seguro desemprego deve seguir em 2021, dada a quebra de sazonalidade do PIM – em função da pandemia – e seu efeito indutor para a economia amazonense. “Neste último semestre do ano, algumas fábricas passaram a recontratar e o reflexo se mostra nos indicadores [dos demais setores]. Com a normalização da economia, a tendência é que esse indicador diminua gradativamente, em 2021”, avaliou.

Já o presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Junior, concorda que o mercado aquecido e os efeitos da MP 936 – que flexibilizou jornadas e salários –evitaram demissões em massa e contiveram a demanda potencial pelo seguro desemprego. “Vemos ainda efeitos na demanda, provocados principalmente pelo auxílio emergencial, que também gera empregos”, frisou.

Indagados quanto aos eventuais efeitos da retirada da MP 936, assim como a morte anunciada do auxílio emergencial e de outros incentivos à demanda, em um contexto de repique da pandemia em vários Estados brasileiros, de incertezas em torno da vacinação no Brasil, e da paralisia no Congresso para aprovar pautas importantes para evitar que o país pare, os economistas se dividem.

“A MP 936 não deve ser renovada e, possivelmente, teremos demissões em alguns setores, principalmente nas microempresas e MEIs. Mas, acredito que ainda teremos linhas de apoio para as empresas, e o Pronampe [Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte] fase três é um exemplo disso. E o nosso repique será contido com a chegada das vacinas, que já se iniciam em janeiro. Demais cuidados devem ser mantidos até o controle total da pandemia”, amenizou Marcus Evangelista.

“Isso é o que podemos colocar como uma probabilidade. Até o momento, a economia está dando sinais positivos. Mas, infelizmente, tem a questão do auxílio emergencial e também de uma segunda onda. Até o momento, há uma grande esperança pela vacina, o que imunizaria a população e a economia. Vamos ver como ficam essas probabilidades em 2021”, emendou Francisco de Assis Mourão Junior.

Encaminhamento e qualificação

A secretária executiva do Trabalho e Empreendedorismo, Neila Azrak, assinala, por meio de sua assessoria de imprensa, que a análise dos atendimentos pelo Sine AM (Sistema Nacional de Emprego no Amazonas) aponta para diminuição nas procura por seguro desemprego, mediante a disposição de plataformas digitais.

“Ademais, a queda expressiva nas solicitações, entre 2019 e 2020, também se deve à larga atuação da Gerência de Intermediação de Mão-de-Obra, responsável pela captação de vagas e encaminhamentos aos empregadores. Tendo em vista o crescimento e investimento nessa intermediação, há de se ter aumento significativo nas vagas disponibilizadas em função das contratações de final de ano”, acrescentou. 

Outro desafio a ser enfrentado, de acordo com Neila Azrak, é a necessidade de melhor qualificar o trabalhador solicitante para ser novamente inserido no mercado de trabalho. “A parceria com o Cetam [Centro de Educação Tecnológica do Amazonas] deverá apresentar diversos cursos profissionalizantes específicos aos usuários do Sine/AM”, encerrou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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