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Demanda por seguro-desemprego cresce no AM

Os impactos econômicos da segunda onda de covid-19 e das medidas sanitárias de isolamento social para combater a pandemia no Amazonas se fizeram sentir nas estatísticas de procura por seguro-desemprego, no mês passado. Na passagem de janeiro (4.570) para fevereiro (5.377) de 2021, a quantidade de requerimentos acelerou 17,66%, embora o quantitativo ainda tenha ficado 5,88% abaixo da marca de fevereiro de 2020 (5.713). Os pedidos foram maiores na segunda quinzena do mês (2.722). 

Em sintonia com as restrições à circulação de pessoas e do fechamento prolongado dos segmentos não essenciais, as solicitações pelo benefício se concentraram especialmente no setor terciário, especialmente em serviços, que respondeu por 40,21% dos registros (2.162). Comércio (29,33% ou 1.577) veio na segunda posição, sendo seguido por indústria (18,73% ou 1.007), construção (10,69% ou 575) e agropecuária (1,04% ou 56) ocuparam as posições seguintes. Apenas esta última atividade experimentou redução na variação mensal.

Os valores pagos no Amazonas encostaram nos R$ 20,92 milhões, no mês passado, sendo que o valor médio das parcelas foi de R$ 1.340,07 – em um total de 15.611 parcelas pagas localmente. Apesar da maior demanda, houve decréscimo de 8,92% em relação ao montante total do mês anterior (R$ 22,97 milhões). No confronto com os números do mesmo mês de 2020 (R$ 27,90 milhões), a retração foi de 25,02%. 

Em paralelo com a demanda maior, ficou mais difícil conseguir o benefício. A taxa de habilitação do seguro desemprego experimentou retrocesso em todas as comparações. Em torno de 78% dos requerentes do Amazonas (4.193) obteve o benefício no mês passado, fatia menor do que as registradas em janeiro de 2021 (78,4% ou 3.584 segurados) e fevereiro de 2020 (92,2% ou 5.266). Os dados são da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

O Estado seguiu tendência da média nacional na variação mensal. O Brasil registrou 482.878 solicitações de seguro desemprego, em fevereiro de 2021 e amargou acréscimo de 1,06% frente a janeiro de 2021 (477.807) e praticamente empatou (-0,05%) com o valor de 12 meses atrás (483.145). Em todo o país, foram pagos quase R$ 2,15 bilhões a título de desemprego no mês anterior, 5,29% abaixo do mês anterior (R$ 2,27 bilhões) e 14,68% a menos do que o valor contabilizado em fevereiro do ano passado (R$ 2,52 bilhões).

Idade e instrução

Em razão do recrudescimento da pandemia, 94,8% dos registros (5.095) foram realizados pela web. Assim como ocorrido em janeiro, a maioria esmagadora dos trabalhadores amazonenses que buscou seguro-desemprego no mês passado pertencia ao sexo masculino, com 60,24% das solicitações (3.239). As mulheres, por sua vez, responderam por apenas 39,76% (2.138) dos registros. No mês anterior, os números foram 63,28% e 36,72%, respectivamente. 

Com 35,50% do total, a faixa etária que respondeu pela maior parte das formalizações pelo seguro desemprego no Amazonas foi novamente a de 30 a 39 anos (1.909), seguindo a tendência dos meses anteriores. Na sequência vieram aqueles que tinham entre 25 e 29 anos (21,37% ou 1.149), de 40 a 49 anos (19,60% ou 1.054), de 18 a 24 anos (14,97% ou 805), de 50 a 64 anos (7,96% ou 428) e 65 anos ou mais (0,35% ou 19).

Em termos de grau de instrução, 71,80% dos solicitantes do benefício no Amazonas tinha ensino médio completo (3.861). Foram seguidos de longe por aqueles que contavam com o superior completo (9,48% ou 510), fundamental completo (5,52% ou 297), fundamental incompleto (4,72% ou 254), médio incompleto (4,70% ou 253), superior incompleto (3,46% ou 186), ou eram analfabetos (0,30% ou 16).

A faixa salarial predominante entre os trabalhadores amazonenses que pediram seguro desemprego no mês passado foi novamente a que vai de 1,01 a 1,5 salário mínimo (46,64% ou 2.508). Em seguida, estavam os que ganhavam de 1,51 a 2 mínimos (18,28% ou 983), até 1 mínimo (16,25% ou 874), entre 2,01 e 3 mínimos (11,53% ou 620), de 3,01 a 4 mínimos (3,90% ou 210), entre 5,01 e 10 mínimos (1,69% ou 91), de 4,01 a 5 mínimos (1,41% ou 76) e acima dos 10 mínimos mensais (0,28% ou 15).

“Momento complicado”

O presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Martinho Luiz Gonçalves Azevedo, destaca que o fato de a procura pelo benefício ter crescido ao mesmo tempo em que o valor global liberado para o seguro desemprego ter recuado no Amazonas pode estar ligado não apenas à maior participação de trabalhadores com vencimentos mais baixos e nível de instrução menor, como também ao tempo de vínculo empregatício nas empresas.

“A rotatividade no trabalho tem aumentado, de um ano para cá.  É um momento complicado para o trabalhador, que de outra forma não recorreria a esse expediente. As empresas também sofrem com isso, pois terão de treinar e ajustar a mão de obra. No ano passado, seria possível evitar isso, pois os empresários poderiam lançar mão de salvaguardas para flexibilizar os contratos de trabalho, coisa que não existe mais”, lamentou.

Da mesma forma, o economista ressalta que o fato de os trabalhadores dos setores de serviços e do comércio liderarem a demanda está diretamente ligado aos efeitos do fechamento prolongado das empresas de ambas as atividades no primeiro bimestre do ano. Mas, na avaliação do presidente do Corecon-AM, a despeito das incertezas, as perspectivas ainda são positivas para este ano.

“Há uma expectativa de retorno o auxílio emergencial, que é um verdadeiro dinheiro na veia para a economia, especialmente para os pequenos negócios. E a vacinação, embora não esteja ocorrendo da forma como gostaríamos, já deve mostrar resultados. É importante dizer que, apesar das dificuldades, a demanda por novos investimentos e perspectivas para novos negócios está acontecendo, embora as empresas já estejam operando em outras condições e com custos maiores”, arrematou.  

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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