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Demanda por Seguro-Desemprego cai no Amazonas em setembro

Depois de dois meses seguidos de alta, a demanda por seguro-desemprego no Amazonas caiu 3,42%, entre agosto (5.435) e setembro (5.249). Ainda assim, ficou 11,55% acima do mesmo mês de 2020 (4.872) –quando a economia local ensaiava recuperação dos efeitos da primeira onda. Os pedidos se concentraram principalmente na segunda (2.863) quinzena, em detrimento da primeira (2.074), o que pode indicar um repique no próximo mês. Os dados são da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

Seguindo a proporção de postos de trabalho gerados, o setor de serviços liderou a lista, respondendo por 34,34% (1.855) dos registros. No mês da Semana do Brasil, o comércio (29,03% ou 1.524) voltou à segunda posição do ranking, retomando a dianteira em relação à indústria (26,46% ou 1.389). Na sequência vieram construção (7,7% ou 404) e agropecuária (1,43% ou 75). Em números absolutos, a demanda só aumentou no comércio e na agropecuária, na comparação com agosto.

Os valores pagos no Amazonas superaram os R$ 19,22 milhões, em setembro de 2021, sendo que o valor médio das parcelas foi de R$ 1.359,17 –em um total de 14.142 parcelas pagas localmente. Assim como ocorrido quanto ao número de beneficiados, o montante também decresceu na comparação com o valor percebido no mês anterior (R$ 21,59 milhões), mas a diferença foi significativamente maior (+10,98%). No confronto com o mesmo período de 2020 (R$ 34,98 milhões), a retração foi ainda maior e chegou a 45,05%. 

A performance do Estado acompanhou a tendência da média brasileira apenas na variação anual, e novamente com números mais fortes. O Brasil registrou 494.413 solicitações de seguro-desemprego, em setembro de 2021 e apresentou um virtual empate (+0,12%) com agosto do mesmo ano (493.801) e elevação de 6,04% em relação ao valor de 12 meses atrás (466.263). Em contraste, os valores pagos em todo o país retrocederam 10,07% entre agosto (R$ 2,78 bilhões) e setembro (R$ 2,50 bilhões), mas ainda ficaram 25,81% abaixo do dado de 12 meses antes (R$ 3,37 bilhões).

Idade e instrução

A despeito do refluxo da pandemia, 82,32% (em torno de 4.321) dos registros foram realizados pela web –pouco abaixo da proporção do mês precedente (84,1% ou 4.573). Assim como ocorrido nos levantamentos precedentes, a maioria esmagadora dos trabalhadores amazonenses que buscou seguro-desemprego pertencia ao sexo masculino, com 64,98% (3.411) das solicitações. As mulheres, por sua vez, responderam por apenas 35,02% (1.838) dos registros. Em julho as respectivas fatias foram de 64,34% e 35,66%.

Com 35,43% do total, a faixa etária que requereu mais formalizações pelo seguro-desemprego no Amazonas foi novamente a de 30 a 39 anos (1.860), seguindo a tendência dos meses anteriores. Em seguida vieram os que já contavam entre 25 e 29 anos (21,39% ou 1.123) e aqueles que tinham de 40 a 49 anos (20,96% ou 1.100). Completam a lista os trabalhadores de 18 a 24 anos (13,81% ou 725), entre 50 a 64 anos (8,15% ou 428), 65 anos ou mais (0,25% ou 13). 

Em termos de grau de instrução, 75,33% dos solicitantes do benefício no Amazonas tinham ensino médio completo (3.954). As posições seguintes foram novamente pulverizadas entre aqueles que contavam com o superior completo (7,73% ou 406), fundamental completo (4,88% ou 256), fundamental incompleto (4,51% ou 237), médio incompleto (4,29% ou 225), superior incompleto (2,97% ou 156), ou eram analfabetos (0,28% ou 15).

A faixa salarial predominante entre os trabalhadores amazonenses que pediram seguro-desemprego no mês passado foi novamente a que vai de 1,01 a 1,5 salário mínimo (47,76% ou 2.507). Em seguida, estavam os que ganhavam de 1,51 a 2 mínimos (18,50% ou 971), até 1 mínimo (13,18% ou 692) e 2,01 e 3 mínimos (12,15% ou 638). Os demais ganhavam de 3,01 a 4 mínimos (4,08% ou 214), entre 5,01 e 10 mínimos (2,34% ou 123), de 4,01 a 5 mínimos (1,60% ou 84) e acima dos 10 mínimos mensais (0,38% ou 20). 

Ociosidade e sazonalidade

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o consultor empresarial, professor universitário e conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Leonardo Marcelo Braule Pinto, avaliou que a economia ainda tenta entrar nos trilhos após duas ondas da pandemia. O economista explicou que, diante da “diminuição da fronteira de possibilidades de produção”, demanda oscilante e aumento da ociosidade, as empresas ainda preferem conter custos da mão de obra.  

Na análise de Braule Pinto, os impactos se dão principalmente em negócios de pequeno porte, de comércio e serviços, não sendo surpresa que o perfil da demanda seja puxado por trabalhadores do ensino médio e com renda de 1 a 1,5 mínimo. Diante disso, a expectativa do conselheiro do Corecon-AM é que a procura pelo benefício siga viés de alta, com o equilíbrio a diminuição chegando apenas entre o segundo semestre de 2022 e o começo de 2023. 

Também em depoimentos anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o consultor empresarial e presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, chamou a atenção para os efeitos do crescimento do mercado digital na realidade econômica e mercado de trabalho do país e do Estado. No entendimento do economista, a troca das lojas físicas pelas digitais ocorreu com a queda no ritmo das contratações temporárias por conta de datas comemorativas, refletindo em uma certa estabilidade na procura por seguro-desemprego.

Na avaliação de Marcus Evangelista, a sazonalidade do fim de ano tende a contribuir para uma maior geração de empregos na indústria e no comércio. O presidente do Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas reforça, entretanto, que a economia ainda precisa de uma dose de confiança para deslanchar e voltar a gerar empregos, dado o atual momento de ajuste pelo qual passa o Brasil, diante da pandemia e do atual cenário econômico e político do país.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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