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Demanda e preço do ovo cresce no Amazonas

Conhecido por ser um alimento que pode ser consumido de várias formas, o ovo vem liderando a procura nos supermercados, mas também tem sofrido impacto no custo das produções com o aumento no preço dos grãos. No Índice INC (Nacional de Consumo Abras nos Lares Brasileiros) o item aparece entre os que tiveram mais saída no primeiro trimestre, 6,64%. 

Para o proprietário do Baratão da Carne, Edilson Rufino, o aumento no valor do item é o reflexo da alta nos preços do milho e do farelo da soja, componentes utilizados com base nas rações das aves. “Houve aumento de mais ou menos 120% no valor do milho. Os granjeiros de alguns estados estão se desfazendo das produções por acreditarem que vender ovo está sendo um desafio e não tem mais futuro”. 

O custo de produção de ovos sofreu aumento em cerca de 40%. De acordo com Nicolas Duarte, gerente financeiro da Granja Amazônia Viva. “O custo de produção cresceu cerca de R$40 reais por caixa de ovos anteriormente a média de custo era entre R$70 a R$80 reais, hoje está cerca de R$110 a R$120, isso porque nós produzimos nossa própria ração, não compramos ração pronta, entretanto o ovo não apresentou nenhum aumento condizente a situação, sempre foi revendido na faixa de R$120 a R$150 reais variando pelo tipo, em alguns momentos ocorria um aumento esperançoso, mas sempre era detido por outra empresa que é pioneira em Manaus que praticamente monopoliza os preços da cidade”. 

Segundo ele, a alternativa ideal adotada pelas  granjas para minimizarem os impactos da alta nos preços seria o ovo acompanhar o aumento de preços, mas a cada aumento ele se torna menos interessante e quando está barato, é porque os pequenos agricultores estão na berlinda e precisam vender para pagar as contas pois o lucro é mínimo. 

Para continuar mantendo os negócios, ele destaca que tem sido obrigado a vender no preço mais superior possível para tentar continuar tendo uma margem de lucro.  “Hoje em média vendemos a R$148 a caixa.  Mas está um valor bem acima do praticado hoje. Infelizmente tem granjas que estão comercializando em média  R$ 135 a caixa. Valor que se eu acompanhar vou à falência. Estamos mantendo os nossos preços”. 

Ao fazer um comparativo em relação ao salto nos valores dos grãos, o gerente financeiro  detalha que em fevereiro de 2020, o milho, que custava cerca de R$44 e a soja a R$69, subiram para R$74 e R$125 no mesmo período deste ano. Hoje esses valores chegam a R$92 e R$120, respectivamente e podem sofrer alterações nas próximas semanas.

“Vale ressaltar que todos os preços estavam relativamente abaixo do valor real aplicado, pois sempre comprei em quantidades grandes buscando ter o menor preço possível”, conta o empresário destacando que extraiu os dados de planilhas antigas de fluxo de caixa da granja. “Os valores de mercado são quase sempre inversamente proporcionais, quando o valor dos insumos aumenta, o preço do ovo diminui”. 

A demanda pelo produto no varejo  têm elevado os  preços, em alguns supermercados da capital o valor médio da cartela com 30 unidades varia entre R$14 e R$16  e  com 12 unidades e R$8,10.

Pesando no bolso

A alta na inflação dos alimentos ditou mais uma vez as regras no cardápio do consumidor. Quem consome o alimento diariamente não concorda com o reajuste. “Não comemos mais carne, nem frango e daqui a mais um tempo, nem o ovo. Onde vamos parar? O que ganhamos não acompanha o reajuste dos alimentos”, reivindica a esteticista Katarini Freitas.

O item que compõe parte do cardápio do restaurante da microempresária, Wal Nunes, deve também impactar nas opções do estabelecimento. “Vai faltar ovo no mercado. Eu já observo uma oferta menor do produto.  Deve ser por isso que eu tenho sentido o efeito no meu bolso. O preço deu uma disparada”. 

De acordo com a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa, desde janeiro deste ano, o produto tem sofrido reajuste de 14%.

Mudança nos hábitos

Analisando o setor supermercadista e as tendências de consumo do país, o consultor e especialista Marco Quintarelli acredita que enfrentaremos um “efeito dominó”. “O aumento no preço da carne vermelha ocasionou uma maior demanda pelo frango e pelo ovo, que são outras proteínas muito presentes no prato dos brasileiros. No entanto, essa ampla procura consequentemente também provocará um aumento no valor desses insumos” declarou o expert. “Além disso, devemos ter em mente que os custos para os produtores também aumentaram. Na criação das galinhas são usadas rações à base de farelo de soja e milho, commodities cotadas em dólar, que encareceu.”

Mesmo assim, devido à inflação e aos preços da carne sem expectativa de baixa, o gráfico de vendas do alimento só tende a subir. “Por ser mais acessível, os carrinhos de supermercado das famílias brasileiras devem acumular cada vez mais caixas de ovos. Agora resta saber de quanto será o aumento do item, que também deve ocorrer em breve” prevê Quintarelli. No entanto, ele afirma que o mercado está aquecido e que essa mudança de atitude também é motivada em prol da saúde e bem-estar. “Após um ano de pandemia, que ocasionou ganho de peso na maior parte da população, as pessoas estão buscando hábitos de alimentação mais saudáveis. O ovo, grande aliado das dietas e segundo melhor alimento depois do leite materno, também teve suas vendas aumentadas por conta disso. É hora de investir nesse produto que está em seu melhor momento de vendas” conclui o consultor de varejo que também é nutricionista.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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