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Demanda dos shoppings abaixo do patamar desejado

A primeira semana de reabertura do comércio está sendo de movimento baixo nos centros de compras da capital amazonense. Fontes ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio apontam retrações de até 70% em shoppings e lojas instaladas nos malls. A percepção geral é que, descontada a sazonalidade, e a lacuna no mix dos estabelecimentos, proporcionada pela ausência de serviços ainda suspensos pelo decreto, a cautela do consumidor e a falta de liquidez no mercado estão contribuindo para o resultado. 

Empresário especializado em gestão de franquias, Thiago Pinto, informa que as lojas que o grupo mantém em Manaus –de calçados, óticas e cosméticos –vêm mantendo todos os protocolos de segurança –“inclusive as novas solicitadas neste novo decreto” –, mas ressalta que o movimento levou um tombo de 40% no faturamento desta semana, quando comparado aos resultados do mesmo período do ano passado.

Na análise do executivo, o processo de recuperação de vendas deve ser lento no atual cenário de segunda onda e de incertezas econômicas, já que existem fatores importantes que impactam no comportamento do consumidor. Um deles seria o horário de funcionamento do atendimento presencial, limitado de segunda a sábado, das 10h às 16h. O outro seria o temor da população em voltar a suas atividades normais. 

“Outra questão é a falta dos segmentos que ainda não voltaram. O comércio funciona como um todo. Quando você tem um setor ainda fechado, isso prejudica diretamente o fluxo de pessoas. Portanto, cada loja aberta faz sua parte e ajuda o comércio de uma forma geral. Nós esperamos que a reabertura aconteça o quanto antes, com segurança para todos, e que possamos sair dessa o quanto antes”, afiançou.

Resultados diferentes 

Sócio diretor da Foto Nascimento, Antonio Kizem Rodrigues, conta que o grupo –tradicional na cidade e com lojas de rua e em shoppings –está tendo resultados diferentes nas duas principais linhas de frente em que atua. Nos estabelecimentos que vendem eletroeletrônicos, o desempenho é até pouco melhor do que o de janeiro de 2020. Nos que são especializados em artigos de festas e presentes (FunFestas), o movimento representa apenas 30% do patamar de 12 meses atrás.

“O setor de eletroeletrônicos é favorecido por este período de quarentena, em que o consumidor quer melhorar o home office, ou renovar algum produto. Mas, como não temos mais auxílio emergencial, não sabemos se isso vai ser apenas um fogo de palha. E, como as pessoas estão saindo menos, setores de eventos, entre outros, estão enfrentando dificuldades. Um amigo meu, que tem lojas de confecções, por exemplo, me relatou que está sofrendo queda de 80% em seu movimento, nesta semana”, comparou.  

Outro fator que inibe o fluxo nos shoppings seria o fato de que segmentos e serviços que tradicionalmente atraem público, como cinemas, teatros, academias de fitness e salões de beleza ainda estão temporariamente fechados e ainda sem previsão de reabertura. Rodrigues ressalta que esse impacto é mais sentido nas áreas de alimentação e vestuário, do que nas de bens duráveis. Independentemente disso, o dirigente considera que a tendência é de flexibilização, mas lamenta as oscilações geradas por mudanças semanais no status da reabertura.

“Acredito que o governador vai flexibilizar mais, pois a economia tem de andar. Março vai ser um mês muito difícil, com demissões muito fortes. Nossa empresa mesmo teve de mandar 15% do pessoal embora. Pelo horário reduzido atual, é até possível trabalhar com menos colaboradores, embora os demais custos sejam os mesmos nas duas situações. Mas, quando voltar o horário estendido, vamos ter de contratar. O problema é que fica difícil saber o que fazer, se a situação muda a cada semana”, lamentou. 

“Abaixo do permitido”

De acordo com a superintendente do Manaus Plaza Shopping, Josana Mundstock, o movimento está “muito abaixo” até do que foi permitido pelo decreto governamental –que havia limitado o fluxo em 50% da capacidade do estabelecimento. A executiva informa que o movimento registrado nesta semana é equivalente a um terço do registrado no mesmo período de 2020. 

“Não tivemos ainda como mensurar as vendas, pois elas são informadas pelos lojistas, a cada fechamento de mês. Mas, com certeza, percebemos uma queda. (…) Entendo que a população está cada vez mais consciente e até pela falta do segmento de entretenimento e lazer, o cliente que procura os shoppings está vindo para comprar, para consumir uma necessidade, não para passeio”, ponderou.

Indagada se outros fatores estariam contribuindo para o movimento menor, como a falta de liquidez na economia pelo fim do auxílio emergencial do governo federal, ou mesmo pelo medo do consumidor em face da segunda onda, a executiva assinala que todos os motivos citados contribuem, assim como a sazonalidade do período. A dirigente, entretanto, aposta na continuidade da flexibilização. 

“Esperamos que os demais segmentos sejam reabertos, principalmente o setor de estética e saúde. Nossa expectativa é que haja um equilíbrio entre a situação da saúde e a economia. Que o funcionamento se dê com segurança e responsabilidade por parte de todos. Assim o cliente pode ter acesso aos produtos e serviços de sua necessidade”, argumentou.

Josana Mundstock avalia que, nos shoppings, é mais fácil controlar e acompanhar a utilização das normas de segurança, dado que o segmento conta com protocolos de operações validados por hospitais e segue recomendações da OMS. “Esses protocolos já são utilizados desde o ano passado. Os reforços foram vários, e incluem a retirada de mobiliários, que facilitavam a aproximação das pessoas”, exemplificou.

“Dentro do esperado”

Sem entrar em detalhes a respeito de números quanto ao fluxo de visitantes e clientes, o Amazonas Shopping informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que registrou “movimento tranquilo” e dentro esperado, nos primeiros dias desta semana, com clientes e colaboradores adotando as medidas sanitárias recomendadas como prevenção à covid-19.

Segundo o superintendente do centro de compras, Rafael Saldanha, os lojistas se prepararam para receber os clientes seguindo todos os procedimentos necessários para garantir tranquilidade e segurança nas compras. Para o executivo, o cliente está mais consciente da importância dos protocolos. “Todos estão vindo com máscara e mantendo o distanciamento adequado. Essa compreensão é essencial. Nosso compromisso principal é com a segurança de todos”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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