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Demanda por Seguro-Desemprego no AM – Outubro

A demanda por seguro-desemprego voltou a oscilar no Amazonas. O número de solicitações voltou a subir (+1,89%), entre setembro (5.249) e outubro (5.348), após a queda do mês anterior. O número também foi 3,74% superior ao do mesmo mês de 2020 (5.155). Os pedidos voltaram se concentrar na segunda (2.346) quinzena, em detrimento da primeira (2.231), o que pode indicar um novo repique. O desempenho, contudo, ficou bem distante do pico de 2021, registrado na segunda quinzena de março (3.729). Os dados são da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

Seguindo a proporção de postos de trabalho gerados, o setor de serviços liderou a lista, respondendo por 38,11% (2.038) dos registros. No mês do Dia das Crianças, o comércio (26,80% ou 1.433) seguiu na segunda posição do ranking. Na sequência vieram indústria (26,66% ou 1.319), construção (9,03% ou 483) e agropecuária (1,40% ou 75). Em números absolutos, a demanda aumentou em serviços (+9,86%) em construção (+19,55%), em relação a setembro, mas encolheu em comércio (-5,97%) e indústria (-5,04%), enquanto se manteve rigorosamente estável em agropecuária.

Os valores pagos no Amazonas superaram os R$ 18,18 milhões, em outubro de 2021, sendo que o valor médio das parcelas foi de R$ 1.363,71 – em um total de 13.333 parcelas pagas localmente. Ao contrário do ocorrido com o número de beneficiados, o montante decresceu 5,41% na comparação com o valor percebido no mês anterior (R$ 19,22 milhões), repetindo a dinâmica do levantamento anterior. No confronto com o mesmo período de 2020 (R$ 31,89 milhões), a retração foi ainda mais severa (-42,99%). 

A performance do Estado acompanhou a tendência da média brasileira apenas na variação anual, e novamente com aceleração mais forte. O Brasil registrou 491.301 solicitações de seguro-desemprego, em outubro de 2021, alta de 0,63% ante setembro do mesmo ano (494.433) e elevação de 6,64% em relação ao valor de 12 meses atrás (460.721). Em contraste, os valores pagos em todo o país retrocederam 4% entre setembro (R$ 2,50 bilhões) e outubro (R$ 2,40 bilhões), e ainda ficaram 20,53% abaixo do dado de 12 meses antes (R$ 3,02 bilhões).

Idade e instrução

A despeito do refluxo da pandemia, 85% (em torno de 4.548) dos registros foram realizados pela web – contra os 82,32% (4.321) do mês precedente. Assim como ocorrido nos levantamentos precedentes, a maioria esmagadora dos trabalhadores amazonenses que buscou seguro-desemprego pertencia ao sexo masculino, com 64,38% (3.443) das solicitações. As mulheres, por sua vez, responderam por apenas 35,62% (1.905) dos registros. Em setembro as respectivas fatias haviam sido de 64,98% (3.411) e apenas 35,02% (1.838).

Com 35,41% do total, a faixa etária que requereu mais formalizações pelo seguro-desemprego no Amazonas foi novamente a de 30 a 39 anos (1.894), seguindo a tendência dos meses anteriores. Em seguida vieram os que já contavam entre 25 e 29 anos (22,40% ou 1.198) e aqueles que tinham de 40 a 49 anos (20,62% ou 1.103). Completam a lista os trabalhadores de 18 a 24 anos (13,82% ou 739), entre 50 a 64 anos (7,42% ou 397), 65 anos ou mais (0,30% ou 16) e até 17 anos (1 ou 0,02%)

Em termos de grau de instrução, 75,78% dos solicitantes do benefício no Amazonas tinha ensino médio completo (4.053). As posições seguintes foram novamente pulverizadas entre aqueles que contavam com o superior completo (7,46% ou 399), fundamental completo (5,07% ou 271), médio incompleto (4,36% ou 233), fundamental incompleto (4,13% ou 221), superior incompleto (2,95% ou 158), ou eram analfabetos (0,24% ou 13).

A faixa salarial predominante entre os trabalhadores amazonenses que pediram seguro-desemprego no mês passado foi novamente a que vai de 1,01 a 1,5 salário mínimo (44,89% ou 2.401). Em seguida, estavam os que ganhavam de 1,51 a 2 mínimos (22,18% ou 1.186), 2,01 e 3 mínimos (12,60% ou 674) e até 1 mínimo (12,36% ou 661). Os demais ganhavam de 3,01 a 4 mínimos (4,15% ou 222), entre 5,01 e 10 mínimos (2,04% ou 109), de 4,01 a 5 mínimos (1,48% ou 79) e acima dos 10 mínimos mensais (0,30% ou 16). 

Caminho da recessão

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o consultor empresarial, professor universitário e conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Leonardo Marcelo Braule Pinto, explicou que, diante da “diminuição da fronteira de possibilidades de produção” e das oscilações da economia, as empresas estão preferindo cortar custos da mão de obra. Os impactos se dariam principalmente em negócios de pequeno porte, dos setores de comércio e serviços, com destaque para trabalhadores de menor renda e educação. Na análise do economista, a expectativa é de viés de alta na demanda pelo benefício até pelo menos o segundo semestre de 2022.

No entendimento do também consultor empresarial, professor universitário e conselheiro do Corecon-AM, Francisco de Assis Mourão Junior, o aumento na procura por seguro-desemprego é, “infelizmente”, um dado negativo. Segundo o economista, os números demonstram que, apesar do refluxo da pandemia com o avanço da vacinação, a economia brasileira está saindo de um estágio em que ainda esboçava sinais tímidos de reação, para um caminho que pode ou não desembocar na recessão. 

“Estamos com a inflação alta, juros altos, dólar alto. Estamos vendo que as medidas tomadas pelo Banco Central não estão surtindo o efeito desejado. Essa situação, principalmente atrelada à escalada dos preços, está fazendo o consumidor se retrair. Quando isso acontece, diminuem as vendas e, dessa forma, cai a produção e aumenta o desemprego. A consequência já pode ser vista nos números do seguro-desemprego”, lamentou.

Indagado sobre estimativas para o fim da crise, Francisco de Assis Mourão Junior assinala que “essa é a famosa pergunta de US$ 1 milhão”, dado que há muitas variáveis em jogo, a exemplo do PIB. “Se o resultado vier negativo, pode comprometer o ano que vem e, pela conjuntura macroeconômica atual, devemos ter um 2022 difícil. Mas, não acredito que teremos recessão, de fato. Para isso, teríamos de ter dois PIBs negativos consecutivos, com reflexos no aumento do desemprego, queda da renda familiar e falências e concordatas. O próximo dado ainda deve ser positivo, embora bem modesto”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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