A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) saiu nesta sexta-feira (26) em defesa dos policiais que vasculharam malas, carros e a aeronave da comitiva do filho do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), candidato ao governo do Maranhão.
Em nota, a entidade afirma que, enquanto órgão de Estado, a PF “não persegue, não intimida, mas também não se deixa intimidar”.
Foi uma resposta ao episódio que provocou uma dura reação da cúpula do PMDB, que acusou a PF de intimidar Edison Lobão Filho (PMDB). Na noite de quarta-feira (24), policiais federais abordaram a comitiva de Lobão Filho no aeroporto de Imperatriz (MA).
Alegando terem recebido uma denúncia de que dinheiro estava sendo transportado de forma irregular, revistaram a aeronave, malas e os carros de assessores, do próprio candidato e também do ex-ministro Gastão Vieira, que concorre ao Senado.
O vice-presidente da República, Michel Temer, que também comanda o PMDB, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) divulgaram notas criticando a ação da PF que, segundo eles, agiu de forma truculenta.
Autorização
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), pediu à PF, que é subordinada à pasta, que apure com brevidade o que ocorreu. A Folha apurou que os policiais avaliaram que a denúncia tinha fundamento e foram ao local para averiguá-la. Não tinham, contudo, autorização judicial, segundo o TRE-MA.
“Conversei por telefone com os três juízes de Imperatriz e eles me disseram que não autorizaram nem foram comunicados posteriormente”, afirmou o presidente do TRE-MA, José Ribamar Froz Sobrinho, que vai pedir esclarecimentos à PF e encaminhar a queixa da coligação de Lobão Filho ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal.
Quando se trata de uma denúncia de crime comum, por exemplo, a PF pode averiguar, já que compete à instituição a segurança aeroportuária. Se for uma denúncia de crime eleitoral, a PF precisa de autorização judicial.
Disputa eleitoral
“Para a ADPF, a repercussão dada ao episódio é própria e comum ao período eleitoral e em nada compromete a atuação eficiente e isenta do delegado de Polícia Federal. É natural que alguns partidos façam uso político de fatos que nada mais são do que o regular trabalho de Polícia Judiciária Eleitoral atribuído legalmente à Polícia Federal”, diz a nota da associação.
A insatisfação dos peemedebistas é um reflexo da disputa eleitoral no Maranhão e em outros locais do país. Na semana passada, em uma reunião com Temer, os peemedebistas reclamaram de estarem excluídos das principais ações da campanha de Dilma e da falta de apoio nos Estados.
Uma das principais reclamações foi justamente sobre o comportamento do PT no Maranhão, que informalmente tem apoiado Flávio Dino (PC do B), que lidera a disputa ao governo do Maranhão com 48% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Ibope do dia 20 de setembro.
Dino é o principal adversário da família Sarney, que busca se manter no poder com Lobão Filho, que aparece em segundo lugar com 27% das intenções de voto.
