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Decreto beneficia shoppings e academias

O governo do Amazonas renovou o toque de recolher por mais 15 dias, mas anunciou a extensão de horário para shoppings, lojas de rua e academias de ginástica, entre outros estabelecimentos. O anúncio foi feito pelo governador Wilson Lima, em live realizada pelas redes sociais do Executivo, nesta sexta (16). Lideranças do varejo amazonense ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio comemoraram a medida, mas se dividiram quanto às expectativas de uma eventual ocorrência de terceira onda de Covid-19, no Estado, nos próximos meses. 

Com as mudanças anunciadas, os shoppings passarão a abrir de 10h às 22h (segunda a sábado) e de 11h às 17h (domingo), observando a ocupação limitada no estabelecimento (50%) e nos estacionamentos (70%). O comércio de rua poderá funcionar das 8h às 19h, de segunda a sábado, ficando fechado aos domingos. O horário das feiras da ADS e dos produtores será de 15h às 20h e os postos de combustíveis vão atender de 6h às 22h.

O horário das academias será estendido para 6h às 21h, de segunda à sábado, das 6h às 21h, mas as aulas coletivas seguem proibidas. No caso das instituições de ensino, fica facultado o funcionamento dos cursos técnicos. Salões de beleza, barbearias e similares não localizados em shoppings poderão receber clientes de 8h às 20h, de segunda a sábado. Lan houses podem funcionar de 8h às 17h. Em todos esses estabelecimentos a ocupação não deve exceder os 50% de capacidade de ocupação.

Supermercados, hipermercados, atacadistas e padarias passam a funcionar das 6h às 22h, com 50% da capacidade do estabelecimento, ficando o deslocamento limitado a um comprador por núcleo familiar, a fim de evitar aglomerações. O decreto com as novas medidas deve ser publicado nos próximos dias e passa a valer a partir desta segunda (19), pelos próximos 15 dias.

“Vendas fracas”

Na avaliação do presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, o aumento da jornada de trabalho no varejo é muito positivo para o setor, que vem amargando vendas pífias, nos últimos meses. De acordo com o dirigente, bens duráveis –especialmente os de eletroeletrônicos e de bens de informática –até conseguem surfar na onda da quarentena, mas o mesmo não ocorre com os semiduráveis. 

“Essa flexibilização já deveria ter acontecido há muito tempo. O varejo está com as vendas muito fracas, principalmente na área de vestuário e calçados, porque o povo está correndo para a telefonia. Esperamos uma melhora com essa abertura, principalmente nos shoppings. Com o horário estendido, talvez a gente consiga aumentar as vendas e, assim, os empregos também”, asseverou.

O presidente da ACA expressa preocupação em relação à possibilidade de um repique da pandemia, especialmente diante da desobediência civil de parte ainda expressiva da população. “O povo não quer saber de máscara e os lojistas têm dificuldade de exigir isso, porque o cliente se aborrece e acaba indo para outra loja. Já houve avanço, mas a pandemia não está diminuindo na velocidade que esperamos. Ao mesmo tempo, o governador tem 400 leitos disponíveis e isso gera custo adicional, mas ele fica com medo de reduzir a oferta e ser surpreendido por uma terceira onda. Torço para que não aconteça, mas precisamos trabalhar com essa hipótese”, ponderou. 

“Governo cauteloso”

O presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, considerou que as flexibilizações e ampliações de jornadas de trabalho foram uma boa notícia para o setor, mas considerou que as mudanças vêm ocorrendo de forma aquém do esperado e que em algumas atividades, praticamente não houve flexibilização. 

“O governador está atento ao que acontece na Europa, por conta da divulgação da terceira onda, que não tem nada muito a ver conosco. Mas, os órgãos de vigilância de saúde dizem que nós estamos dentro desse calendário. O governo está se acautelando, mas agindo. A Secretaria de Saúde nos informou que está abastecida de oxigênio. Ele tem concedido as coisas aos poucos e a gente entende as preocupações, dados os limites da rede hospitalar”, analisou, reforçando que o responsável pelo agravamento da pandemia não é o varejo, mas as chuvas e festas clandestinas, entre outros.

Aderson Frota descarta a possibilidade de um novo agravamento da pandemia no Amazonas. No entendimento do dirigente, as flexibilizações, aliadas ao começo do verão, devem contribuir para a melhora do movimento no varejo amazonense, reprisando a dinâmica do ano passado, quando o setor entrou em seu “período mais saudável” justamente após o declive local da primeira onda, ocorrido no segundo semestre. 

“Acreditamos que essa terceira onda não acontecerá e que as flexibilizações ocorrerão justamente por conta dessa realidade, que é muito diferente da que enfrentamos no começo de 2021. Esperamos que, à medida que os números refluam possamos ter melhoras. Argumentamos com o governo que o comércio teve muitas perdas, nesses dois meses em que esteve fechado, refletindo na arrecadação e nos empregos. O importante é equilibrar os protocolos, mas não brecar a economia, porque isso gera ondas de desemprego”, frisou.  

“Situação de estabilidade”

Antes de definir as mudanças, o governador se reuniu com os membros do Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19 para debater os dados epidemiológicos e os indicadores da rede de assistência à saúde. O Amazonas tem a quarta menor taxa de transmissão do país (0,92), indicando que cada 100 infectados poderão transmitir a doença para outras 92 pessoas, no intervalo de sete dias. Para a FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde), a situação é de “estabilidade”.

Nos últimos 14 dias, a média móvel de casos de Covid-19 caiu 20%, na média do interior (-30%) e da capital (-5%). No caso das mortes, o recuo foi de 11%. A taxa de ocupação de leitos clínicos registrada foi igual a 37% nesta quinta (15) e a ocupação de leitos de UTI foi igual a 75%, mas a FVS-AM ressalta que “o que tem pressionado muito a rede são causas externas”, como acidentes de trânsito e traumas de ortopedia.

“São medidas importantes para o comércio, para vários segmentos das atividades econômicas, para garantir o emprego de muita gente. Mas não significa que nós estamos livres da pandemia, não significa que a gente pode relaxar, não significa que pode desprezar o uso da máscara ou qualquer outro item do protocolo sanitário”, ressaltou o governador, em texto distribuído pela Secom (Secretaria de Comunicação Social).

Wilson Lima destacou, no entanto, que a população precisa continuar trabalhando para evitar o contágio, sobretudo com a possibilidade de um novo recrudescimento da pandemia. “Temos um plano de contingência, e quanto mais a gente fizer o nosso esforço, menor será essa terceira onda, e a gente não pode colocar a perder o que já conquistamos até aqui”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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