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Custo da construção sobe com mais força no Amazonas

O custo da construção civil no Amazonas subiu com mais força, na passagem de maio para junho. O indicador pontuou 1,54% de expansão na variação mensal, sendo praticamente o dobro do patamar anterior (+0,85%) e o maior valor desde novembro de 2020 (+2,37%). Ainda assim, perdeu de longe para o dado brasileiro (+2,46%), que correspondeu à maior alta da série histórica com desoneração na folha de pagamento, iniciada em 2013. Com isso, o valor do metro quadrado local passou de R$ 1.328,71 (maio) para R$ 1.349,11 (junho).

Assim como ocorrido nos meses anteriores, o aumento no Estado foi puxado pelos dispêndios com materiais, que passaram de R$ 812,30 para R$ 829, entre maio e junho, aumentando 2,05% e superando a marca anterior (+1,73%). O passivo com a mão de obra, que nas sondagens dos meses passados havia ficado praticamente estável, subiu de R$ 516,41 para R$ 520,11, uma diferença de 0,72%. Os dados estão na mais recente pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgada pelo IBGE, nesta quinta (8).

O incremento mensal do custo da atividade no Amazonas manteve novamente a dianteira em relação à inflação oficial, na variação mensal, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelo aumento do preço da energia elétrica, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,53%, em junho, desacelerando em relação a maio (+0,83%). A diferença entre o Sinapi do Amazonas e o IPCA também segue favorável àquele, em detrimento deste, nos aglutinados do ano (+6,30 % e +3,77%) – que segue com valor recorde – e dos últimos 12 meses (+17,04% e +8,35%), respectivamente.

O aumento na variação entre maio e junho fez o Estado decolar do 23º para o 14º lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais, além de se manter novamente abaixo da média nacional (+2,46%). O pódio foi ocupado por Paraná (+5,42%), Mato Grosso do Sul (+4,65%) e Pernambuco (+4,22%). Em sentido inverso, Pará (+0,53%), Sergipe (+0,58%) e Roraima (+0,66%) ficaram no fim de uma lista sem deflações.

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.349,11), no entanto, segue abaixo da média nacional (R$ 1.421,87). A diferença fez o Estado se segurar na 19ª colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.576,54) ultrapassou novamente o Rio de Janeiro (R$ 1.552,27), que foi seguido por São Paulo (R$ 1.516,62). Os custos mais baixos, por outro lado, se situaram em Sergipe (R$ 1.245,76), Rio Grande do Norte (R$ 1.261,25) e Alagoas (R$ 1.288,24).

O custo de mão-de-obra local (R$ 520,11) também permaneceu inferior à média nacional (R$ 592,68), mantendo-se na 21ª posição do ranking brasileiro. Rio de Janeiro (R$ 738,79), Santa Catarina (R$ 733) e Paraná (R$ 697,91) representaram os maiores valores. Em contraste, Sergipe (R$ 466,08), Ceará (R$ 474,83) e Alagoas (R$ 482,76) seguem no fim da fila.

Apesar da alta mais forte, pela primeira vez em meses, o Amazonas (R$ 829) ficou abaixo do número brasileiro (R$ 829,19), no ranking de custo de materiais para a construção civil, permanecendo na décima posição entre os valores mais elevados. Os maiores números se situaram em Tocantins (R$ 884,13), Acre (R$ 875,80) e Distrito Federal (R$ 870,97). No outro extremo, Rio Grande do Norte (R$ 771,47), Espírito Santo (R$ 772,39) e Sergipe (R$ 779,68) figuraram no rodapé.

Regulação pelo mercado

Em seu comentário para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça que já são 14 meses em que o indicador do custo da construção no Amazonas, apresenta altas seguidas. O pesquisador destaca ainda que o aumento percebido pelo indicador, em 2021, já está 2,5 pontos acima da inflação oficial, com reajuste recorde de 17%, no acumulado dos 12 meses. 

“Materiais e mão-de-obra tiveram reajustes significativos e, assim, colaboraram para que houvesse aumento no custo final. De janeiro a junho, o custo médio do metro quadrado da construção subiu R$ 69. Não é possível estimar quando haverá estabilidade ou queda nos preços, mas a pesquisa do comércio de maio mostrou que houve queda nas vendas de materiais de construção e automóveis. Assim, é possível que o próprio mercado seja responsável por uma estagnação ou redução nos preços”, conjecturou.

Em texto divulgado pela Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Augusto Oliveira, aponta que o diferencial dos números de junho, em âmbito nacional, veio na contramão do observado mensalmente no Amazonas. “Tivemos uma diminuição da participação da parcela dos materiais e um significativo aumento da participação da mão de obra, por conta das altas nos salários das categorias profissionais, de maneira generalizada, em dez estados”, informou.

“Além da conta”

O presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, reforçou que as variações detectadas na pesquisa mensal do IBGE apontam um descolamento progressivo dos preços dos materiais em relação ao custo da mão de obra, em favor daqueles. Conforme o dirigente, historicamente, os insumos já estão representando mais de 62% do valor das construções, enquanto o trabalho responde pelos 38% restantes.

No entendimento do dirigente, embora as obras imobiliárias do Amazonas sejam predominantemente do “padrão econômico”, os preços dos insumos já subiram “além da conta”, gerando “empecilho” para as empresas conseguirem retorno em seus empreendimentos. Além da pressão da demanda sobre os preços dos materiais, há ainda a escalada dos juros e os eternos fatores logísticos como fator complicador de curto prazo.

Mas, Frank Souza avalia que a tendência do mercado ainda é de equilíbrio neste ano e, apesar dos obstáculos, a resposta da demanda tem sido favorável. “A gente acredita que esse mercado vai ser de crescimento, em 2021 e 2022, com muita obra, tanto no nível público, quanto imobiliário. Só em projetos de incorporação são mais de 30 que estão em licenciamento e alguns deles já licenciados, para breves lançamentos”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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