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Custo da construção civil volta a subir no Amazonas em outubro

Custo da construção civil volta a subir no Amazonas em outubro

O custo da construção civil no Amazonas voltou a subir e atingiu seu maior valor do ano, em outubro. O indicador pontuou 2,73% de alta na variação mensal, mais do que o dobro da marca de setembro (+1,21%) e bem acima da média nacional e da inflação oficial. O valor local do metro quadrado local passou de R$ 1.191,99 para R$ 1.224,58. Os dados estão na pesquisa do IBGE/Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgada nesta sexta (6).

A decolagem do custo foi puxada pelos dispêndios com materiais, que subiram 3,17%, passando de R$ 678,89 para R$ 711,59. O passivo com a mão de obra (R$ 512,99), por outro lado, mal se moveu (-0,04%) ante setembro (R$ 513,10), dado que a data base dos trabalhadores do setor ocorreu dois meses atrás. Os números seguem em linha com estudos recentes da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas).

O incremento mensal do custo da atividade no Amazonas (+2,73%) superou a inflação oficial, conforme divulgação do mesmo IBGE. Puxado pelos alimentos e passagens aéreas, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,86% em outubro, bem acima de setembro (+0,64%) e no maior resultado para o mês desde 2002 (+1,31%). A diferença foi ainda maior nos acumulados do ano – com +6,94% para o Sinapi e +2,22% para o IPCA, – e dos últimos 12 meses – com +7,02% e +3,92%, respectivamente.

Com a alta detectada entre setembro e outubro, o Estado decolou do 19º para o quarto lugar no ranking nacional de maiores incrementos no custo da atividade, além de bater a média nacional (+1,71%). O pódio, no entanto, foi ocupado por Sergipe (+3,24%) e Bahia (+2,93%) e Pernambuco (+2,91%). Em sentido inverso, Mato Grosso (+0,74%), Maranhão (+0,82%) e Amapá (+0,97%) ficaram no fim de uma lista sem resultados negativos.

Abaixo da média

Apesar da alta reforçada, o custo por metro quadrado no Amazonas segue abaixo da média nacional (R$ 1.229,72) e fez o Estado subir do 15º para o 11º lugar, na lista dos maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.399,13) segue na primeira posição, sendo seguida pelo Acre (R$ 1.362,10) e pelo Rio de Janeiro (R$ 1.358,99). Os menores custos se situaram em Sergipe (R$ 1.086,33), Rio Grande do Norte (R$ 1.096,89) e Pernambuco (R$ 1.113,77).

O custo de mão-de-obra local (R$ 512,99) também permanece inferior à média nacional (R$ 563,69), levando o Amazonas a se manter na 20ª posição do ranking brasileiro. Santa Catarina (R$ 700,03) ocupou o primeiro lugar, seguida por Rio de Janeiro (R$ 699) e São Paulo (R$ 644,38). Em contraste, Sergipe (R$ 457,88), Rio Grande do Norte (R$ 465,40) e Ceará (R$ 466,64) se seguraram no fim da fila.

O custo de material de construção civil no Amazonas (R$ 711,59), por outro lado, ainda está em um patamar superior ao da média nacional (R$ 666,03), levando o Estado e passar da oitava para a sexta colocação entre os valores mais elevados do Brasil. Acre (R$ 790,16), Rondônia (R$ 737) e Distrito Federal (R$ 735,70) encabeçam a lista. Os menores valores ficaram em Espírito Santo (R$ 611,56), Paraná (R$ 616,10) e Pernambuco (R$ 627,12).

“Os preços de insumos da construção elevaram-se bastante nos últimos meses. O que pressionou o índice, que subiu em demasia no ano. É importante destacar que todo o acumulado de reajustes de 2020 é fruto exclusivamente dos aumentos nos materiais de construção; já que ainda não ocorreu o dissidio dos trabalhadores da construção”, atalhou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

“Tendência de alta”

No entendimento do presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, com os aumento seguidos dos insumos para a construção civil local no últimos três ou quatro meses, a posição do Amazonas deveria ser a primeira do ranking nacional. O dirigente chama a atenção também para os diferenciais logísticos da região e da cesta de produtos e perfil majoritário das construções no Estado, que ainda privilegiam o padrão econômico.

“Hoje, está tendo um gargalo de frete, e tempo é dinheiro. Esse atraso, junto com a alta dos custos dos materiais, faz o preço subir na ponta do consumo. Você enfrenta o problema da falta de produtos, ao mesmo tempo em que tem uma mão de obra para pagar, e o preço sobe. Na minha visão, a tendência de curto prazo ainda é de alta, porque todos os insumos estão ficando mais caros: aço, cimento, PVC, material mineral”, lamentou.

O presidente do Sinduscon-AM assinala que espera um equilíbrio de mercado no médio prazo, com maior oferta das fábricas de materiais de construção para fazer frente ao aumento da demanda. Mas, o consumo de materiais deveria ser um pouco menor para a concretização desse novo cenário, segundo Frank Souza. Isso porque o consumo estaria “muito centrado” na melhora da moradia, para habilitação das atividades de home office e ganhos de qualidade de vida para quem já tem seu imóvel.  

“O consumo de materiais vai diminuir, com o estabelecimento de uma rotina normal dos cidadãos. E os mercados produtivos devem abrir novas plantas e ligar alguns fornos, fazendo esse preço, se não retroceder, pelo menos estabilizar. Mas, ainda temos um cenário favorável para o setor, com juros baixos, financiamentos bancários e demanda aquecida. Um sinal disso é que as vendas do mercado imobiliário do Amazonas foram melhores no terceiro trimestre, tanto em valores, quanto em unidades. E o número de lançamentos também cresceu, assim como a mão de obra”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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