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Custo da Construção Civil no Amazonas

Custo da construção civil no Amazonas voltou a escalar, na passagem de outubro para novembro. O indicador pontuou 1,10% de expansão na variação mensal, em alta mais forte que a anterior (+0,93%). O dado correspondeu a mais que o dobro do número brasileiro (+0,52%) e também superou na inflação do período (+0,73%). Com isso, o valor do metro quadrado no Estado – que começou 2021 em R$ 1.279,97 –, passou de R$ 1.441,68 (novembro) para R$ 1.457,51 (dezembro). Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.

O aumento no custo local da atividade voltou a ser puxado pelos dispêndios com materiais, que passou de R$ 888,53 para R$ 904,38, entre novembro e dezembro, uma diferença de 1,78% – bem acima dos 1,15% do levantamento precedente. Já o passivo médio das construtoras amazonenses com mão de obra praticamente empatou, ao sair de R$ 553,15 para R$ 553,13, em mais um mês de estagnação – e retração nos empregos. Em 12 meses, o Sinapi do Amazonas já acumula expansão de 14,84%. Foi a maior taxa da série histórica com desoneração na folha de pagamento, iniciada em 2013.

Desta vez, a elevação mensal do Sinapi do Amazonas bateu a inflação oficial, na variação mensal, conforme o mesmo IBGE. Pressionado por combustíveis, energia e alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,73%, em outubro, desacelerando ante novembro (+0,95%). Ainda assim, contribuiu para a maior alta anual desde 2015. A diferença entre o indicador da construção civil e o IPCA, contudo, segue com boa vantagem para o primeiro no acumulado do ano (+18,65% contra +10,06%, na ordem).

Com o aumento acima da média nacional na variação mensal (+1,10%), o Estado decolou do 18º para o quinto lugar do ranking nacional (+0,52%) de maiores altas percentuais. Tocantins (+1,61%), Maranhão (+1,35%) e Espírito Santo (+1,32%) registraram os valores mais elevados. Em contrapartida, Minas Gerais (+0,05%), Santa Catarina (+0,12%) e Rondônia (+0,19%) figuraram nas últimas posições. A região Norte (+0,81% e R$ 1.506,36) registrou as maiores altas, sendo seguida por Nordeste (+0,66% e R$ 1.418,32) Sudeste (+0,32% e R$ 1.572,22), Sul (+0,53% e R$ 1.594,85) e Centro-Oeste (+0,61% e R$ 1.503,31).

Abaixo da média

Mesmo com a alta renovada, o custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.457,51) segue bem abaixo da média nacional (R$ 1.514,52). E, a despeito do aumento no Sinapi acima do dado brasileiro, o Estado se segurou na 17ª colocação, entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.711,86), Rio de Janeiro (R$ 1.675,02) seguiram no pódio, sendo seguidos desta vez pelo Acre (R$ 1.613,45). Os valores mais baixos ainda se situam no Rio Grande do Norte (R$ 1.319,17), Sergipe (R$ 1.348,77) e Alagoas (R$ 1.359,69).

Com o reajuste de dezembro, o custo de mão-de-obra da construção do Amazonas (R$ 553,13) ainda permaneceu como um dos mais baixos do país, mantendo-se inferior ao da média nacional (R$ 604,46), e mantendo-se na 17ª posição do ranking brasileiro. Santa Catarina (R$ 790,86), Rio de Janeiro (R$ 73O 8,79) e São Paulo (R$ 695,68) representaram os maiores valores. Em contraste, Sergipe (R$ 466,22), Alagoas (R$ 482,98) e Rio Grande do Norte (R$ 491,35) seguem no fim da fila.

A despeito da expansão vitaminada no custo de materiais para a construção civil (+1,78%), o Amazonas (R$ 904,38) se segurou na 16ª

 posição do ranking nacional do IBGE, ficando igualmente aquém do número brasileiro (R$ 910,06). Os maiores números se situaram no Acre (R$ 1.018,32), Tocantins (R$ 993,90) e Distrito Federal (R$ 985,67). No outro extremo, Rio Grande do Norte (R$ 827,82), Espírito Santo (R$ 856,57) e Pernambuco (R$ 858,04) ficaram com os menores números.

“Disposição de remarcar”

Na análise do supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, os indicadores mensais já mostravam a disposição do indicador para o ano, mas dezembro acabou confirmando a maior alta anual desde 2013. “As subidas até maiores ocorridas em outros Estados mostram que a alta foi generalizada. Inclusive, no Amazonas, ela foi uma das menores do país. Mesmo assim, a disposição dos fabricantes nacionais de insumos de remarcar, foi acima da inflação anual”, ressaltou o pesquisador, à reportagem do Jornal do Commercio. 

Em texto divulgado pela Agência de Notícias IBGE, o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, ressaltou que, em âmbito nacional, o primeiro semestre de 2021 teve os índices mensais do Sinapi impactados pelas altas dos materiais, apresentando duas das três maiores variações da série: junho (2,46%) e julho (1,89%). Mas, segundo o pesquisador, a tendência da segunda metade do ano foi de desaceleração e acomodação dos valores.

“Já no segundo semestre, as taxas começaram a desacelerar, refletindo uma menor pressão da parcela dos materiais, que passaram a registrar, excetuando julho, valores menores que nos meses anteriores e que os registrados no segundo semestre de 2020. Aço, cimentos e argamassas, que no primeiro semestre tiveram altas consideráveis, desaceleram em dezembro e, em alguns Estados, tiveram pequenas quedas”, analisou.

Descolamento e estabilidade

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, mesmo diante de uma nova alta renovada, o presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, apontou que composição do metro quadrado continua apresentando descompasso entre materiais (62,73% do total) e mão de obra (37,27%), enquanto no passado, esses subíndices correspondiam a 51% e 49%, respectivamente. O dirigente avalia, contudo, que a tendência para o custo da atividade no Estado deve seguir a média nacional, sinalizando estabilização.

“A mão de obra permaneceu estável, enquanto os insumos continuaram subindo. Continuo afirmando que a tendência é de estabilização. Além disso, temos um custo de metro quadrado muito abaixo do registrado pela média do Brasil e um avanço anual também muito menor. Até porque o mercado é mais voltado para o padrão econômico. Temos também algum equilíbrio na variação inflacionária e o custo do metro quadrado. Essa composição do metro quadrado caro com taxa de juros alta é perigosa para o setor, mas acredito que as variações são compatíveis”, encerrou, acrescentando que o indicador relativo à mão de obra deve sofrer alta em fevereiro, em razão de cumprimento de acordo celebrado com a categoria, na convenção coletiva de 2021.

Fred Novaes

É jornalista
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