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Custo da construção civil no Amazonas desacelera em fevereiro

O custo da construção civil no Amazonas voltou a crescer na virada do ano, mas desacelerou na variação mensal e, desta vez, perdeu de longe da média nacional. O indicador pontuou 0,88% de expansão na variação mensal, pouco acima do patamar de janeiro (+0,86%), mas voltou a perder para o dado brasileiro (+1,33%). Com isso, o valor do metro quadrado local passou de R$ 1.279,97 (janeiro) para R$ 1.291,26 (fevereiro). 

A decolagem do custo da atividade no Estado foi puxada novamente pelos dispêndios com materiais, que subiram 1,46%, passando de R$ 767,06 para R$ 778,24, entre janeiro e fevereiro. O passivo com a mão de obra (R$ 513,02), por outro lado, mal se mexeu ante o mês anterior (R$ 512,91). Os dados estão na pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.

Diferente do ocorrido em janeiro, o incremento mensal do custo da atividade no Amazonas (+0,88%) bateu a inflação oficial apenas por uma pequena margem, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelos combustíveis, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,86%, em fevereiro, acelerando em relação a janeiro (+0,25%) e sendo o maior índice para o mês, desde 2016 (+0,90%). A diferença foi ainda maior nos aglutinados do ano e dos últimos 12 meses –com +1,75% e +12,78% do Sinapi do Amazonas, contra +1,11% e +5,20% do IPCA, respectivamente.

Apesar do aumento detectado entre janeiro e fevereiro, o Estado conseguiu recuar do 23º para o 20º lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais, além de ficar novamente abaixo da média nacional (+1,33%). O pódio foi ocupado por Paraíba (+2,55%), Sergipe (+2,02%) e Espírito Santo (+1,92%). Em sentido inverso, Piauí (+0,35%), Acre (+0,38%) e Rondônia (+0,50%) ficaram no fim de uma lista sem deflações.

Abaixo da média

A despeito da nova alta, o custo por metro quadrado no Amazonas segue abaixo da média nacional (R$ 1.319,18) e fez o Estado subir da 13ª para a 15ª colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.474,57) segue na primeira posição, sendo seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 1.421,72) e pelo Acre (R$ 1.418,91). Os custos mais baixos se situaram no Rio Grande do Norte (R$ 1.169,46), em Sergipe (R$ 1.180,68), e em Pernambuco (R$ 1.199).

O custo de mão de obra local também permanece inferior à média nacional (R$ 570,60), levando o Amazonas a se manter na 21ª posição do ranking brasileiro. Santa Catarina (R$ 720,75) ocupou novamente o primeiro lugar, sendo seguida por Rio de Janeiro (R$ 699) e São Paulo (R$ 647,15). Em contraste, Sergipe (R$ 464,36), Rio Grande do Norte (R$ 473,71) e Alagoas (R$ 482,76) seguiram no fim da fila.

Situação inversa ainda ocorre no custo de material de construção civil. Apesar da alta comparativamente menor, o Amazonas ainda está acima da média nacional (R$ 748,58). Mesmo assim, o Estado recuou da sexta para a sétima posição entre os valores mais elevados do Brasil. Acre (R$ 844,22), Tocantins (R$ 803,16) e Distrito Federal (R$ 799,37) lideraram o ranking. Na outra ponta, os menores valores ficaram em Espírito Santo (R$ 691,45), Rio Grande do Norte (R$ 695,75) e Pernambuco (R$ 712,35).

“Espalhado em todo o país, os preços da construção se elevam a cada mês. No caso do Amazonas, o acumulado em 12 meses chegou ao maior valor do indicador, desde 2003. Toda essa carga de aumentos está concentrada nos preços dos insumos, já que mão de obra não tem tido reajuste”, declarou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Desequilíbrio de contratos

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, destaca que a análise da base de dados local e nacional aponta que o aumento dos passivos na atividade ocorre em todo o país, a despeito de indicadores macroeconômicos mais favoráveis. O dirigente observa, contudo, que as empresas amazonenses –especialmente as que trabalham com o segmento imobiliário – enfrentam uma situação atípica, em decorrência dos entraves logísticos e do portfólio de produtos determinado pelo mercado local.

“Temos uma taxa Selic baixa, hoje em 2%, mas que deve começar a subir até chegar aos 3,5%, no fim do ano. É uma situação ainda favorável, pois permite que as parcelas sejam baixas para o comprador de imóveis. O que está puxando o valor para cima é o preço dos insumos, agravado pela nossa logística, que nos situa na sétima posição. Enquanto isso, nossa mão de obra é barata, em relação ao restante do Brasil. Isso aponta para um desequilíbrio de contratos, que afeta as empresas. Com o agravante de que 80% a 90% dos nossos produtos é do padrão econômico, o que dá um valor final menor”, lamentou.

Outro agravante apontado pelo dirigente é que os preços dos materiais de construção continuam subindo, a exemplo do cimento –cujo reajuste de preço foi anunciado nesta semana –e o aço, dois dos itens mais usados na atividade. No entendimento do dirigente, diante dessa constatação, o setor não terá alternativa, a não ser solicitar um realinhamento dos contratos, especialmente em obras públicas ou financiadas pelo Estado brasileiro.

“A construção civil trabalha no longo prazo e com preços fechados com o governo federal, para essas obras econômicas. Não dá para reverter isso de uma hora para outra. A gente tem aberto diálogo com os agentes que tratam desse assunto, no Ministério, para reequilibrar isso aí. Foi vendido a um preço e, agora, se for construído nesses novos valores de insumos, essa conta não vai fechar. A gente teme também que esse efeito cascata nos preços puxe a taxa de juros para cima, que é um fator que ainda faz vender. Esperamos que esse mercado se equilibre”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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