Pesquisar
Close this search box.

Custo da construção civil no AM tem leve alta em julho

O custo da construção civil no Amazonas subiu com menos força, na passagem de junho para julho. O indicador pontuou 0,84% de expansão na variação mensal, sendo praticamente a metade do patamar anterior (+1,54%). O dado local ficou ainda mais longe do dado brasileiro (+1,89%). Com isso, o valor do metro quadrado local passou de R$ 1.349,11 (junho) para R$ 1.360,47 (julho). É o que revela o Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgado pelo IBGE, nesta terça (10).

Assim como ocorrido nos meses anteriores, o aumento no custo da atividade no Estado foi puxado pelos dispêndios com materiais, que passaram de R$ 829 para R$ 840,36, entre junho e julho. O aumento de 1,37%, no entanto, ficou bem aquém da marca anterior (+2,05%). Já o passivo com a mão de obra, que na sondagem do mês passado havia subido 0,72%, voltou a ficar estável e fechou nos mesmos R$ 520,11 de junho. 

O incremento mensal do Sinapi do Amazonas também ficou atrás da inflação oficial, na variação mensal, conforme o mesmo IBGE. Pressionado novamente pelo aumento do preço da energia elétrica, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,96%, em julho, sendo o maior resultado para o mês, desde 2002. Mas, a diferença entre o indicador da construção civil e o IPCA segue apontando vantagem para o primeiro, tanto no acumulado do ano (+7,19% contra +4,76%, na ordem), quanto no aglutinado dos últimos 12 meses (+17,45% contra +8,99%).

O aumento na variação mensal fez o Estado cair do 23º para o 25º lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais, além de se manter novamente abaixo da média nacional (+1,89%). Foi sucedido por Pernambuco (+0,64%) e Alagoas (+0,71%), em uma lista sem deflações. O pódio foi ocupado por Mato Grosso do Sul (+3,58%), Ceará (+3,28%) e Rio Grande do Sul (+2,83%). 

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.360,471), no entanto, segue bem abaixo da média nacional (R$ 1.448,78). O aumento no Sinapi igualmente aquém do dado brasileiro fez o Estado cair da 19ª para a 20ª colocação, entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.608,14), Rio de Janeiro (R$ 1.585,77) e São Paulo (R$ 1.552,48) seguiram no pódio. Os custos mais baixos, por outro lado, se situaram em Rio Grande do Norte (R$ 1.274,47), Sergipe (R$ 1.279,48) e Alagoas (R$ 1.297,36).

O custo de mão de obra local (R$ 520,11) também permaneceu como um dos mais baixos do país, sendo novamente inferior à média nacional (R$ 595,75), mantendo-se na 21ª posição do ranking brasileiro. Rio de Janeiro (R$ 738,79), Santa Catarina (R$ 732,90) e Paraná (R$ 698,12) representaram os maiores valores. Em contraste, Sergipe (R$ 466,22), Alagoas (R$ 482,76) e Rio Grande do Norte (R$ 491,10) ficaram no fim da fila.

Apesar da alta mais forte no ranking de custo de materiais para a construção civil, pela primeira vez em meses, o Amazonas (R$ 840,36) ficou abaixo do número brasileiro (R$ 853,03), e caiu da décima para a 20ª posição do ranking nacional do IBGE. Os maiores números se situaram no Acre (R$ 912,10), Tocantins (R$ 907,81) e Minas Gerais (R$ 887,17). No outro extremo, Rio Grande do Norte (R$ 783,37), Espírito Santo (R$ 798,85) e Pernambuco (R$ 807,30) figuraram no rodapé.

“Cobre e aço”

Em seu comentário para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, constatou que, embora em percentual menor, o custo da construção no Amazonas continuou aumentando em julho, sendo o 17º aumento mensal consecutivo do indicador para o Estado. O pesquisador reforça que o peso dos materiais na alta, em detrimento da mão de obra, vem encontrando eco em todo o país, “indicando que não é uma iniciativa do comércio local”. 

“Possivelmente, os reajustes estão concentrados na indústria de materiais de construção, principalmente nos derivados de cobre e aço. Enquanto os materiais de construção vêm sofrendo reajustes mensais em 17 meses, a mão de obra aumentou apenas em três ocasiões. Com isso, o Sinapi do Amazonas já acumula crescimento de 7,1%, contra uma inflação de 4,7%, nos primeiros sete meses de 2021. Mesmo assim, o reajuste ocorrido no Estado foi um dos menores do país, e bem abaixo do registrado em Mato Grosso [+3,5%]. O custo médio do metro quadrado local também ainda é um dos mais baixos no Brasil”, ponderou.

Em texto divulgado pela Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Augusto Oliveira, aponta que os materiais continuam com alta generalizada em todos os segmentos e de forma contínua em todos os Estados, sobretudo no Sudeste. “As altas têm se mantido ao longo do ano com um foco em produtos básicos derivados do aço e condutores elétricos, derivados do cobre, ambos insumos que são commodities minerais. Essas matérias-primas estão impactando muito o preço dos produtos que as utilizam”, completou.

O gerente da pesquisa do IBGE destaca ainda que há um crescimento expressivo das pequenas obras e no setor imobiliário, que teria apresentado muitos lançamentos, “conforme matérias divulgadas pela imprensa”. “Esse aumento na demanda pode ser uma das justificativas para as elevações nos preços dos insumos da construção civil”, conjecturou.

Peso do frete

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, disse que a expectativa do setor era que a escalada do preço dos materiais perderia força no começo do segundo semestre, mas a constatação é que o aumento da demanda da atividade e de obras particulares ainda é significativo para pressionar os custos, que devem seguir subindo. Da mesma forma, o passivo dos fretes no exterior dos produtos importados segue elevado e ajudando a impactar o resultado.

“O frete no Brasil também continua muito alto e tem aumentado. Hoje, para você subir um contêiner do Sul para o Norte, tem de pagar uma sobretaxa. Na composição da mão de obra, ainda há estabilidade, mas isso deve mudar, por causa da convenção coletiva deste ano. O ponto favorável, mas nem tanto, é que ainda temos aumentos de preços mais baixos do que o resto do país, apesar de termos uma logística mais cara. O fato de trabalharmos com o padrão ajuda a reduzir o dispêndio com os materiais”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar