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Custo da construção civil em junho no Amazonas apresentou leve alta

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

O custo da construção civil do Amazonas subiu 1,04%, entre junho e julho. O preço do metro quadrado passou de R$ 1.561,80 para R$ 1.578,03, em alta ligeiramente menos intensa do que a do registro anterior (+1,05%). Assim como ocorrido no mês passado, o reajuste estadual ficou aquém da escalada do nacional (+1,48%). Em ambos os casos, o passivo médio da atividade voltou a deixar para trás o índice de inflação oficial para o período, que pontuou deflação (-0,68%). Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.

Os aumentos voltaram a se dar tanto no custo dos materiais, mas a mão de obra da atividade retomou a trajetória de estabilidade. Os dispêndios médios das construtoras amazonenses com insumos avançaram 1,66%, pontuando R$ 991,98 (julho) contra R$ 975,75 (junho), em alta mais agressiva do que a precedente (+1,33%). O valor superou mais uma vez o da média nacional (R$ 987,88). O custo do trabalho, por sua vez, estagnou em R$ 586,05, na mesma comparação. 

O índice de alta do Sinapi do Amazonas superou novamente a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pela queda atípica nos preços dos combustíveis, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo caiu 0,68%, em julho, desacelerando diante de maio (+0,67%), na menor taxa histórica desde 1980. O IPCA acumulado no ano (+4,77%) voltou a perder para os indicadores local (+8,26%) e nacional (+9,11%) do custo da construção civil. A correção dos dispêndios (+15,99% e +14,07%, na ordem) também superou a inflação oficial (+10,07%), na análise dos últimos 12 meses.

Com reajuste novamente abaixo da média brasileira (+1,48%), o índice de aumento de custo do metro quadrado alcançado pelo Estado (+1,04%) subiu do 17º para o 16º lugar do ranking nacional de maiores aumentos percentuais do mês. Paraná (+5,18%), Tocantins (+3,30%) e Rio Grande do Sul (+2,82%) dividiram o pódio. Em contrapartida, Acre, (+0,11%), Minas Gerais (+0,19%) e Piauí (+0,35%) figuraram nas últimas posições de um rol sem deflações. No acumulado do ano, o Estado ficou na 17ª colocação, em uma lista liderada novamente pelo Rio Grande do Norte (+13,69%) e encerrada, desta vez, por Santa Catarina (+5,10%).

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.578,03) segue bem abaixo do valor da média nacional (R$ 1.625,27) e permaneceu na 17ª posição entre os maiores valores do país. Rio de Janeiro (R$ 1.818,89) ultrapassou Santa Catarina (R$ 1.799,20) na liderança entre os dispêndios médios mais elevados do país. Ambos foram seguidos por São Paulo (R$ 1.770,29). Na outra ponta, os valores mais baixos ficaram em Sergipe (R$ 1.446,76), Alagoas (R$ 1.455,45) e Piauí (R$ 1.488,98).

Em termos de custo de materiais (R$ 991,98), a despeito do valor acima da média nacional, o Estado recuou da 12ª para a 13ª posição do ranking. Pará (R$ 1.039,39), Rondônia (R$ 1.035,58) e Mato Grosso do Sul (R$ 1.023,69) seguiram no topo, enquanto Sergipe (R$ 910,02), Alagoas (R$ 918,28) e Rio Grande do Norte (R$ 928,48) ficaram na base. Com a estabilização no custo da mão de obra (R$ 586,05), o Amazonas se segurou na 20ª colocação, em uma lista com os extremos em Rio de Janeiro (R$ 806,83) e Sergipe (R$ 536,74). As respectivas médias nacionais foram R$ 987,88 e R$ 664,39. 

“Em julho, o custo da construção amazonense continuou aumentando. Somente neste ano, os preços já subiram 3,2 pontos percentuais acima da inflação do mesmo período. Mas, os aumentos ocorreram em todas as unidades da federação, com o Amazonas apresentando um crescimento intermediário. E apenas os materiais de construção sofreram reajustes. A média móvel trimestral mostra uma subida constante no indicador, o que diminui a expectativa de estagnação ou redução dos preços a curto prazo”, analisou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, em resposta à reportagem do Jornal do Commercio.

Inflação e importações

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, considerou que o aumento foi “pequeno” e reforçou que o índice de variação do Estado veio novamente em tamanho intermediário, quando comparado ao de outras unidades federativas. O dirigente enfatizou novamente que “não há mais ambiente” para aumentos significativos nos custos dos materiais. Observou também que as correções salariais, efetuadas por conta da Convenção Coletiva de Trabalho do setor, não impactaram de forma significativa no resultado. 

“Vejo também que, apesar da redução do preço do combustível, esse fator da mão de obra fez com que o preço não descesse. O que deve estar impactando ainda no indicador é o efeito da alta da Selic nos preços dos materiais, apesar de que esses aumentos tendem a ser menores. Se os combustíveis e outros fatores inflacionários continuarem sem elevações, a tendência é de equilíbrio, com viés de diminuição, no preço do metro quadrado. A gente também tem perspectiva de que os juros e as taxas financeiras vão cair, dependendo dessa estabilização inflacionária”, ponderou.  

Em entrevista coletiva concedida na semana passada, o presidente da Ademi-AM (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas), Albano Maximo, ressaltou que os aumentos no custo dos insumos da construção civil se tornaram ameno. “O aço aumentou 100%, em 24 meses. Tubos de PVC ficaram 80% mais caros. São coisas que estão puxando o custo para cima, mas são fatores pontuais. Na maioria dos casos, são de produtos que estão sendo fabricados por apenas uma, duas ou três empresas”, explicou. 

O dirigente informou que a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) tem trabalhado para contornar o problema, seja pelo apoio às compras conjuntas de incorporadores, seja pela redução do Imposto de Importação para gerar um “choque de consumo”, com resultados já visíveis no mercado. “O aço, já não é mais o campeão de aumentos, porque o Imposto de Importação já baixou de 12% para 8% e depois para 4%. Estamos conseguindo trazer material de fora e isso gera uma oferta, que acaba fazendo os preços arrefecerem. Hoje, essa curva de aumento não está mais tão acentuada. A gente espera que ela diminua um pouco. Não que vá deixar de existir, pois os reajustes vão continuar existindo”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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