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Custo da construção civil cresce no Amazonas

Custo da construção civil cresce no Amazonas

O custo da construção civil no Amazonas reforçou a alta entre julho agosto e avançou 1,69%, superando de longe a inflação oficial do mês (+0,24%). O valor local do metro quadrado aumentou de R$ 1.158,20 para R$ 1.177,75. O incremento foi favorecido exclusivamente pela alta de preços dos materiais de construção, levando o Estado a liderar a alta do índice em todo o país. Os dados estão na mais recente pesquisa do IBGE/ Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil).

O passivo com a mão de obra (R$ 511,73) não se moveu, dado que a data base dos trabalhadores do setor ocorreu dois meses atrás. Os dispêndios com materiais, por outro lado, subiram 3%, passando de R$ 646,47 para R$ 666,02. Os números seguem em linha com estudos do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), que apontaram altas de dois dígitos nos preços locais dos insumos para a atividade.

O incremento mensal do custo da atividade no Amazonas (+1,69%) foi maior do que a inflação oficial, conforme divulgação do mesmo IBGE. Embora o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tenha desacelerado de 0,36% para 0,24% em relação a julho, o número foi o mais alto para o mês desde 2016. A diferença foi ainda maior nos acumulados do ano – com +2,85% e +0,70%, respectivamente – e dos últimos 12 meses – com +6,85% e +2,44%, na ordem.  

O resultado detectado entre julho e agosto levou o Estado a subir do oitavo para o primeiro lugar no ranking nacional de maiores incrementos no custo da atividade, e muito acima da média nacional (+0,88%). Sergipe (+1,54%) e Ceará (+1,5%) vieram logo em seguida. Em sentido inverso, Rondônia (+0,22%), Rio Grande do Sul (+0,25%) e Roraima (+0,47%) ficaram no fim de uma lista sem resultados negativos.

Abaixo da média

Apesar da alta reforçada, o custo por metro quadrado no Amazonas segue abaixo da média nacional (R$ 1.191,84), embora tenha subido do 16º para o 14º lugar, na lista dos maiores valores do país. Santa Catarina segue na primeira posição (R$ 1.352,85), seguida por Rio de Janeiro (R$ 1.338,78) e Acre (R$ 1.321,75). Os menores custos se situaram em Sergipe (R$ 1.022,51), Pernambuco (R$ 1.068,26) e Rio Grande do Norte (R$ 1.070,55).

O custo de mão-de-obra local (R$ 511,73) também permanece inferior à média nacional (R$ 562,32), mas o Amazonas subiu da 20ª para a 19ª posição do ranking brasileiro. Rio de Janeiro (R$ 699) ocupou o primeiro lugar, seguido por Santa Catarina (R$ 694,40) e São Paulo (R$ 643,80). Em contraste, Sergipe (R$ 457,88), Rio Grande do Norte (R$ 465,41) e Ceará (R$ 468,01) se situaram no fim da fila.

Em contrapartida, o custo de material de construção civil no Amazonas (R$ 646,47) ainda está em um patamar superior ao da média nacional (R$ 629,52), levando o Estado a avançar da décima para a oitava colocação entre os valores mais elevados do Brasil. Acre (R$ 749,77), Distrito Federal (R$ 703,54) e Rondônia (R$ 701,12) encabeçam a lista. Os menores valores, por outro lado, ficaram em Sergipe (R$ 564,63), Espírito Santo (R$ 569,32) e Pernambuco (R$ 581,61).

Sazonalidade e pandemia

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destaca os reajustes no preço dos insumos foram fortes em agosto, o que causou “uma subida considerável” nos indicadores locais, a ponto de todos estarem bem acima da inflação. “Não houve reajuste na mão-de-obra, portanto toda carga de aumento ficou por conta dos materiais de construção. O comércio local aumentou os preços de balcão, talvez influenciado pelo aumento de demanda, ocasionado por obras do verão amazônico”, asseverou.

Indagado sobre a possibilidade da alta ter ocorrido por dificuldades na indústria, o pesquisador não descarta a possibilidade de influência da crise do covid-19, ou mesmo de problemas nas cadeias produtivas, mas ressalva que essa é uma hipótese que ainda tem de ser testada. “Isso pode estar acontecendo, principalmente com os insumos fabricados localmente. Uma desestruturação na produção poderia levar a uma demanda não atendida e, consequentemente, ao aumento nos preços. Mas isso é necessário apurar”, ponderou.

“Escassez e descompasso”

No entendimento do presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, os números do IBGE confirmam o que a entidade já vem assinalando em relação aos aumentos nos insumos para a atividade, ocorridos em função do custo logístico, entre outros fatores. O dirigente reforça que o Amazonas, assim como os demais Estados da região Norte passam por essa dificuldade em relação aos materiais, que sinaliza piora no curto prazo, com falta de insumos e novas altas acima da inflação. 

“Cimento, aço, areia, madeira e brita, subiram. O, então, tijolo subiu muito. Os outros materiais também tiveram alta e está havendo escassez de produtos, que faz o preço aumentar. A gente já prevê falta de alguns desses insumos, com data de entrega prevista só para 2021. E há expectativa de novas altas. Estamos muito distantes dos principais fornecedores e só representamos 2% [da demanda]. Essa questão dos materiais deve encarecer as construções novas e gerar descompasso nas que já foram contratadas”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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