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Cultura Empreendedora

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Como estimular a cultura empreendedora?
Os negócios brasileiros existentes ainda não são suficientes para atender toda a demanda de mão de obra que necessita de colocação e também ainda não geram valor suficiente para atender a todas as necessidades sociais, muitas delas básicas como por exemplo a saúde. O problema não está somente em equívocos políticos, ele é maior que isso, ele está mais relacionado a uma falta de cultura empreendedora da nossa sociedade. Entender a cultura empreendedora e conhecer mecanismos de estímulos, pode contribuir muito para solucionar as demandas sociais brasileiras.

A cultura empreendedora envolve alguns conceitos importantes, primeiro não é algo que se deva colocar como responsabilidade nas costas dos outros. Ela é uma ação de todos nós. Ela pertence aos empresários e aos trabalhadores, aos professores e aos alunos, aos políticos e aos cidadãos, aos homens e ás mulheres, bem como, aos idosos e aos jovens. Também não é diferente em outro país. Uma aldeia do norte de Portugal também sofre os mesmos efeitos da falta ou não de uma cultura empreendedora. O motivo é simples ela impacta e afeta a todos indistintamente, quer na geração de emprego e renda, quer no atendimento das mais diversas demandas sociais.

Vou optar aqui por explicar a cultura empreendedora por meio de um exemplo em uma vivencia pessoal. Eu morei em uma aldeia no norte de Portugal e lá tive contato direto com a cultura empreendedora, quer do modelo tradicional quer do modelo social. Por se tratar de uma cultura agrícola e pastoril, todos os habitantes viviam em virtude do que plantavam e colhiam em suas lavouras, dos rebanhos e dos seus derivados, do comércio excedente produzido, da produção artesanal de vinho, azeite e farinha e da prestação de serviços. Quem tinha um pedaço de terra, plantava para comer e vendia o excedente, quem não tinha trabalhava para quem tinha e pudesse pagar, outros serviços também existiam como os motoristas de taxis e de caminhões, a minha professora regente, quem consertava o cântaro de água, o sapateiro, o tosquiador de ovelhas, o ferreiro de cavalos, o açougueiro de porcos e ovelhas, entre outros que por hora não me recordo. O comerciante vendia na taberna da aldeia e havia comerciantes que vendiam para outras cidades os excedentes agrícolas. Praticamente este é o modelo tradicional de negócios. Mas ainda tinha o cooperado, assim por exemplo o pão era feito toda a semana no forno no centro da aldeia, e os vizinhos se revezavam na atividade de tal maneira que sempre tinham pão fresco, pois quem fazia abastecia o restante do grupo. Tinha um detalhe interessante, como o inverno era rigoroso parte das colheitas tinham que durar o restante do ano pois erar impossível plantar batata com neve no solo. Assim quem não trabalhava, não comia. Quem não guardava para o inverno não comia, e quem só plantava para comer tinha dificuldade para comprar roupa e outros produtos e adquirir os serviços. Um morador dessa aldeia sabe muito bem o que quer dizer do coro sai a correia. Ou seja, se não for gerado valor a coisa vai ficar muito feia.

Essa cena deixa bem claro o papel e a importância da cultura empreendedora. Se a aldeia não se organizar para empreender e tiver sustentabilidade os recursos doados pelo estado não conseguem fazer com que ela se mantenha e sobreviva. Assim o morador da aldeia tem uma quantidade de empreendedores que despontam e são conhecidos e apoiados por todos pois graças a eles a comunidade consegue seguir em frente. Essa cultura é responsável por não deixar a aldeia desaparecer com seus habitantes.

Quero aqui fechar o pensamento dizendo que as necessidades são muitas e a sociedade não consegue obter do governo tudo o que necessita, assim cabe a todos investir em ações individuais, comunitárias e políticas para garantir a existência de ações e organizações sustentáveis capazes de continuar atendendo às necessidades da sociedade. A cultura empreendedora é aquela que não fica sentada esperando por terceiros, pois entende que pode ser até mesmo fatal este tipo de postura em virtude de ter vivenciado o inverno inóspito, mas sim aquela que veste o lócus de controle interno, age, reuni, colabora, incentiva e avança sempre.

Convém lembrar que a sociedade nessa caminhada ainda tem muito o que aprender a com o que fazer com as disrupções das novas gerações em ralação às gerações passadas, mas isso é tema para um próximo bate papo.

Boas escolhas e organizações empreendedoras.

*é professor universitário em administração

Irineu Vitorino

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