Inicialmente foi a população da região sul do Estado. Depois, chegaram gaúchos de outras localidades. Agora, começam a desembarcar em Jaguarão (RS), município distante 391 quilômetros de Porto Alegre, brasileiros vindos de outros Estados: Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Em pouco mais de quatro anos, a cidade, localizada na fronteira com o Uruguai, tornou-se um dos mais promissores destinos turísticos do Estado.
“A cidade tem sido beneficiada tanto pelos free shops existentes em Rio Branco, no outro lado da fronteira, quanto pelas iniciativas da prefeitura para promover o turismo na região”, destacou a gestora do APL (Arranjo Produtivo Local) de Turismo na Costa Doce, Jussara Argoud.
Impulsionado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) no Rio Grande do Sul e pela AD Costa Doce (Agência de Desenvolvimento da Costa Doce), o APL contempla empreendimentos de hotelaria, gastronomia e artesanato em Jaguarão.
Os APLs são aglomerações de empresas localizadas em uma mesma região, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre elas e outros agentes locais, como governos, associações empresariais e instituições de crédito, ensino e pesquisa.
Expressão para o comércio
“Como o município não dispõe de indústrias e tem expressão local no comércio e no agronegócio, para a atual administração, o turismo é o principal setor para promover o desenvolvimento”, afirmou a secretária de Turismo da cidade, Carmem Passos. Atualmente, de acordo com ela, Jaguarão recebe cerca de 5.000 turistas por semana.
Arquitetura histórica é um dos atrativos para quem visita a cidade
O município de Jaguarão está equidistante da capital uruguaia e da capital gaúcha, sendo o caminho mais rápido de Porto Alegre para Montevidéu (Uruguai) e para Buenos Aires (Argentina). A cidade também dispõe de um patrimônio histórico e cultural –principalmente na área de arquitetura– que a torna uma atração de destaque.
A sua origem está ligada à instalação de um acampamento militar, às margens do rio Jaguarão, em 1802. A cidade sempre desempenhou funções estratégicas na política e na defesa da fronteira. Atualmente, cerca de 800 casas e construções estão catalogadas como de alto interesse arquitetônico e histórico.
O conjunto é caracterizado pela combinação de estilos de diferentes épocas e origens. Um roteiro que pode ser feito em duas horas a pé (Ecletismo no Sul) leva o visitante a conhecer as 39 casas mais representativas da arquitetura local.
Também são pontos de visita obrigatórios o Museu Doutor Carlos Barbosa e a Ponte Internacional Barão de Mauá. Fundado em 1975, o museu, de caráter biográfico, está instalado na residência do médico e político republicano Carlos Barbosa Gonçalves (1851-1933). O acervo inclui documentos e peças da história política do Estado.
Construção de grande porte
A ponte, construída entre 1927 e 1930, em consequência de um tratado firmado em 1918 entre Brasil e Uruguai, liga Jaguarão a Rio Branco, no Uruguai.
Na época de sua construção, a ponte foi a obra de maior porte construída até então pelos dois países.
Trilhos visíveis
Pela ponte, cruzava a linha férrea que levava diretamente a Montevidéu. Os trilhos são visíveis ainda hoje.
A obra de engenharia é uma das realizações mais belas do Sul do país, oferecendo imagens fantásticas.
Apesar de toda a riqueza histórica e cultural, o sucesso de Jaguarão como destino turístico se consolidou com a instalação de uma zona de livre comércio em Rio Branco em 2003. “O free shop ganhou força a partir do fim de 2005, a partir de então, começamos a perceber um aumento considerável no fluxo de turistas”, ressaltou a gerente do Hotel Sinuelo, Ana Valeska. “Foi uma coisa gradual”, avaliou.
Com 45 apartamentos e capacidade para hospedar até cem pessoas, o Hotel Sinuelo lota principalmente aos sábados. “Antes, eram pessoas aqui
