Crise pressiona diversificação da indústria de massas

Andreia Leite
@andreiasleite_ @jcommercio
O conflito no Leste Europeu, continua refletindo no mercado de trigo em todo país. O cenário fez o preço do trigo disparar e permanece pressionado o preço dos insumos na cadeia produtiva e no valor final dos produtos. Desde maio, o item vem sofrendo aumento entre 6% a 8% semanalmente, em julho os reajustes representaram 16%, segundo representantes do Amazonas.
No Amazonas não é apenas a volatilidade de preços no trigo que tem impactado o mercado, o aumento dos preços de óleos vegetais, principalmente o óleo de palma, presente também nos preparos da indústria alimentícia, está com o valor elevadíssimo e ainda sofre escassez. “É um impacto muito grande, principalmente para as indústrias locais que são pequenas e não conseguem ter um contrato de fornecimento com preço estabelecido”, afirmou o presidente do Simabim (Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos de Manaus), Américo Esteves.
Vale lembrar que o aumento dos preços de óleos vegetais também foi impulsionado por conta do contexto global em razão da guerra tornando o fornecimento de óleo de girassol dos países em conflito. Além do impacto de uma seca para a soja da América do Sul e por medidas da Indonésia para conter as exportações de óleo de palma.
O presidente do sindicato disse que em função dos preços das matérias primas, principalmente do trigo e consequentemente da farinha que são somatizados pelo quilo o mercado local acompanha o que as indústrias a nível nacional tem feito que é diversificado a linha tentando lançar novos produtos e outras gramaturas com a devida normatização da lei informando ao consumidor na parte frontal da embalagem a redução da medida do produto e consequentemente diminuindo o preço para poder ficar mais acessível no bolso das famílias e nao perder tanto o volume de produção. “Para viabilizar a indústria é necessário ter produtividade e produzindo pouco você não consegue ter uma economia nos custos e maximizar a sua produção. Tivemos uma queda em razão dos reajustes e estamos tentando manter reduzindo tudo que é custo lançando novos produtos que é uma tendência da indústria local e nacional. Tivemos redução no quantitativo de produções, por isso estamos buscando essas alternativas”, salientou.

Esteves lembra que a indústria local já projetava esse reflexo nas negociações do mercado hoje. Segundo ele, o mercado nacional não consegue suprir as necessidades das indústrias de biscoitos e massas. “Desde de março estamos sentido porque esses produtos são negociados em bolsas, por se tratarem de commodities. Há meses o desdobramento do conflito vem afetando negativamente a indústria em consequência do mercado local”.
As incertezas dificultaram as negociações pois o mercado se fechava e, o setor tentava comprar, mas sem sucesso. “Os moinhos de trigo aguardaram o reflexo do cenário , mas como se trata de commodities desde de março já repassavam os reajustes. Esses produtos já vinham sofrendo aumento constantemente em função da parte cambial que também afetou com o conflito. Agora há um aumento considerável que vem afetando as indústrias e o próprio consumo”, frisou ele.
De acordo com a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados, a Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e tem sido afetado economicamente pelo conflito com a Ucrânia – juntos, os dois países respondem por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo. Além da queda na oferta de trigo, fator da alta dos preços, o desabastecimento tem a ver com dificuldades logísticas – a guerra fechou portos, interrompeu o transporte – e com a queda da produção ucraniana da commodity.
Entenda
O Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades do grão de países do MERCOSUL – sobretudo da Argentina –, do Canadá e dos Estados Unidos. A elevação do preço do grão impacta diretamente os valores de produção para os fabricantes das categorias representadas pela Abimapi. Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, de 60%.
Segundo a Abimapi, a disparada da cotação do trigo começou a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, porém em março houve a entrega de farinha compromissadas em contratos antigos. A associação já previa que possíveis reajustes de preços, mas, com o horizonte indefinido, já que a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos.
“O consumidor brasileiro deve começar a sentir os efeitos em breve, quando as indústrias comprarão as novas safras. As indústrias estão com estoques relativamente curto, pois estão no início da entressafra de trigo, lembrando que o produto acabado também não tem estoques e que varia muito de empresa para empresa. De todo modo, este repasse tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final”, diz a nota.

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