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Crise pandêmica na China afeta indústria

 A escassez de insumos ainda ronda o setor produtivo do PIM e a preocupação maior vem da China

A escassez de insumos ainda ronda o setor produtivo do PIM (Polo Industrial de Manaus). Dessa vez, os reflexos vem dos impactos da pandemia em Xangai, uma das principais cidades chinesas que concentra grande parte das atividades portuárias. Se o novo lockdown no país asiático for mantido pelas próximas semanas corre o risco de agravar o desabastecimento nas linhas de produção das indústrias instaladas em Manaus.

O fechamento de portos na China, já traz um grande congestionamento de navios com acúmulo de contêineres, restringindo  as operações. A iminência de uma nova crise logística preocupa lideranças da indústria. Uma possível crise intensifica, ainda, a demora no fornecimento de componentes que podem travar as linhas de produção. 

O presidente do Cieam lembrou que há  mais de um ano o segmento enfrentou essa mesma situação.  “As novas medidas de restrições adotadas pelo governo chinês reduzem o ritmo de atividade das indústrias que produzem componentes, principalmente eletrônicos e outros insumos para atender ao mercado mundial.

“Certamente vai trazer reflexos para atividade econômica no mundo e aqui para Manaus. Ainda não sentimos, por conta do tempo. Os navios estão chegando agora por aqui e saíram há mais de sessenta dias vindos de lá.  Mas com certeza vamos sentir os impactos”. 

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas ), Antonio Silva, reiterou que o problema, se não resolvido, deve começar a ser sentido dentro de 3 a 6 semanas, podendo perdurar ao longo do segundo semestre.

“O efeito não é imediato em razão dos fluxos produtivos e do transit time das mercadorias. Existe sim, contudo, um problema na cadeia global de fornecimento de insumos, a qual encontra-se prejudicada e inconstante desde o último ano. Esse desalinhamento também deve persistir no decorrer de 2022.

Algumas empresas já apresentam a falta de materiais e para manter os trabalhadores decidiram reduzir os turnos. “Existem fabricantes do polo eletroeletrônico mantendo apenas o horário comercial e não estão operando no segundo e terceiro turno. O que representa uma retenção em torno de 2,6 mil empregos”, afirmou Valdemir Santana, presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos no Amazonas).

Atraso

Desde o ano passado, na tentativa de manter o plano de produção, as fabricantes do Polo vinham antecipando os pedidos para 2023. De acordo com o  presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, tem mais de um ano e meio pela frente para tentar garantir insumos para suas linhas de produção. “Os fabricantes de componentes e insumos, principalmente de eletroeletrônicos precisaram paralisar durante o pico da pandemia. A retomada aconteceu simultaneamente no mundo todo para atender uma demanda reprimida que se criou. Os fabricantes não têm a velocidade para atender num tempo hábil os que precisam desses produtos. A demanda supera a capacidade nesse pequeno espaço de tempo”.

Entenda

Ao portal G1, o diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp Campinas, Anselmo Riso, disse que os novos lockdowns na China estão restringindo a circulação. O Brasil tende a ser duramente afetado. “A China está causando uma crise mundial. A bolsa de commodities está aumentando significativamente. A gente não entende porque a China, que nunca deixou de abastecer o mundo no pior momento da pandemia, faz um lockdown tão restrito agora, justo em um momento de crise por conta da guerra na Ucrânia”, disse Anselmo Riso.

De acordo com o G1, o Ciesp Campinas apontou que o reflexo nas empresas do Brasil causado pelo lockdown na China tem três pontos importantes:

Causar uma nova crise de desabastecimento de insumos e componentes eletrônicos, principalmente semicondutores. A falta do semicondutor, desta vez, não afetaria apenas a indústria automobilística, como foi na primeira vez, mas também setores como farmacêutico, agronegócio e fabricante de eletroeletrônicos.

Aumento geral nos custos, uma vez que não tem a disponibilidade de reposição dos contêineres, porque eles ficam retidos e não podem retornar. Isso aumenta o preço do frete. “Essa retenção aumentou em 50% o valor das embalagens. Eu vejo um período de nuvens carregadas para a indústria da região e do Brasil”, afirmou o diretor.

Prejudica o comércio exterior como um todo. “Por exemplo: se a empresa for comprar uma máquina na Itália, essa máquina provavelmente não vai chegar por conta da falta do semicondutor”, completou Riso.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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