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Crise no emprego é pré-Covid em Manaus

Crise no emprego é pré-Covid em Manaus

Manaus ainda não conseguiu recuperar os empregos assalariados perdidos durante a crise ocorrida no período imediatamente anterior à pandemia. Entre 2014 e 2018, a capital viu sua fatia nos postos de trabalho do Estado encolher de 85,9% para 81,1%. Em paralelo, a participação dos municípios com 50 mil habitantes avançou de 6% para 7,8%. Nas demais cidades do interior do Amazonas, a parcela subiu de 8,1% para 11,2%, no mesmo período.

Em contrapartida, a quantidade de pessoal ocupado e os salários cresceram entre 2017 e 2018, quando a economia brasileira ensaiava uma retomada – que não veio. O setor econômico predominante entre as empresas amazonenses é o comércio. Os dados estão no CEMPRE (Estatísticas do Cadastro Central de Empresas) 2018, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nesta quinta (25).

O levantamento constatou que as maiores perdas de pessoal em Manaus, aconteceram entre 2015 e 2016, anos em que o PIB brasileiro recuou 3,5% e 3,3%, respectivamente. No período, auge da crise econômica e política que desaguou no impeachment, a capital amazonense eliminou mais de 60 mil postos de trabalho, enquanto os demais municípios cresceram em participação, ainda que lentamente.

Desde 2017, Manaus apresenta alguma recuperação, mas ainda está com saldo negativo de pessoal assalariado, em relação a 2014. Em 2018, a cidade tinha 478.264 pessoas ocupadas assalariadas – contra as 545.192 de quatro ano antes. Parintins também teve perda de 199 postos de trabalho na comparação com 2014. Os municípios com mais de 50 mil habitantes foram na direção contrária, com saldos positivos para Tefé (+2.120), Coari (+1.727), Manacapuru (+1.723), Tabatinga (+942) e Itacoatiara (+511).

As maiores variações positivas de pessoal ocupado, entre 2017 e 2018, foram registradas em Urucurituba, Boa Vista do Ramos, Barreirinha, Presidente Figueiredo, Japurá, Tapauá, Beruri e Itamarati – todos com altas superiores a 20%. Em sentido contrário as maiores perdas ficaram em Santa Isabel do Rio Negro, Carauari e Alvarães – todos com retrações superiores a 10,01%.

Em 2018, haviam 34.891 empresas e outras organizações formais ativas no Amazonas, ocupando um total de 628.110 pessoas, sendo 589.856 (93,9%) como trabalhadores assalariados e 38.254 (6,09%) na condição de sócio ou proprietário. Os salários e outras remunerações pagos totalizaram R$ 21,4 bilhões. O salário médio mensal foi de R$ 2 790,94 – o equivalente a 2,9 salários mínimos.

O número total de empresas e outras organizações ativas no Estado se manteve estável em relação a 2017. O pessoal ocupado total teve aumento de 1,9% (+11.547), sendo que o volume de assalariados (+11.236) cresceu na mesma medida. Também houve expansão de 0,8% no número de sócios e proprietários (+311). O total de salários e outras remunerações subiu 5,3%, e o salário médio mensal, avançou 3,1%, em termos reais.

Comércio é maioria

Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas foram as atividades com maior participação quanto ao número de empresas e outras organizações, respondendo por 44,9% (15.671 unidades) do total, a despeito da retração de 2% registrada na passagem de 2017 para 2018. Os setores possuíam a segunda maior participação (15,8%) de pessoal ocupado assalariado (93.084 pessoas) no Estado. Em termos de salários e outras remunerações, o valor médio mensal de ambos (R$ 1.637,56) foi um dos menores do Amazonas e amargou queda de 1,1% em relação a 2017. 

A indústria de transformação ficou na segunda colocação em número de empresas e outras organizações (5,9%) e na terceira posição quanto ao pessoal ocupado (15,4%), no Amazonas. O salário médio mensal foi de R$ 2.937,21, com variação positiva de 3,2%, de 2017 para 2018. A manufatura amazonense lidera a região Norte, em salários e quantidade de pessoal ocupado.

Apesar de representar apenas 0,8% (292) das unidades de atividades econômicas do Estado, a atividade de administração pública, defesa e seguridade social ocupou a primeira posição em pessoal ocupado assalariado (22,5% ou 132.796 pessoas), com alta de 8% sobre o ano anterior, sendo o número de pessoal o segundo maior da região. Seu valor médio mensal de salários e outras remunerações foi de R$ 3.602,69. 

As “atividades Imobiliárias” apresentaram o maior aumento de pessoal assalariado de 2017 para 2018 (+12,1%), enquanto as maiores perdas aconteceram em “outras atividades de serviços (-13,7%), indústrias extrativas (-8,7%), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-5,1%) e alojamento e alimentação (-4,1%). 

O salário médio mensal foi de R$ 2.790,94 em 2018. Os maiores vencimentos foram registrados nas atividades de eletricidade e gás (R$ 10.936,74), indústria extrativa (R$ 9.852,72) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 6.762,88). Em contraste, o contingente de trabalhadores total dos setores não passou de 8.886 pessoas, ou 1,5% do total no Estado. 

Na outra ponta, os menores salários médios mensais foram pagos por alojamento e alimentação (R$ 1.373,79), “organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais” (R$ 1543,79) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$ 1.548,92). Juntos, os segmentos absorveram 17.782 pessoas (3% do total). Somadas a “atividades administrativas e serviços complementares” (R$ 1.622,52) e “comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas” (R$ 1.637,56), chegam a 22,8% do total.

Desemprego e informalidade

Em resposta ao Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avaliou que, em se tratando de empresas formais, a queda da mão-de-obra assalariada em Manaus pode ser um reflexo de dois fatores que aceleraram em tempos de crise: desemprego e informalidade. O pesquisador, no entanto, minimiza o crescimento dos dados no interior, em razão da base fraca. 

“Os dois tem se mantido em níveis bastante altos, justamente porque o mercado formal não conseguiu voltar ao nível de pré-crise de 2014. A boa notícia vem do aumento no valor dos salários e da melhora do pessoal ocupado entre 2017 e 2018. É bem positivo também o crescimento do interior. Até porquê, como o quantitativo é bem menor, qualquer criação de mão-de-obra, irá refletir positivamente. Mas, a dinâmica nas empresas do interior não é mesma da capital”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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