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Crise muda hábitos familiares em férias

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Com o intuito de readequar seus gastos ao cenário de incerteza, as famílias brasileiras deverão beneficiar programas de menor duração ou até atividades exclusivas para os filhos durante as férias de julho. Exemplo disso são os acampamentos que, na última semana de junho, já mostram taxas de ocupação superiores a 2015.
“Nosso acampamento já está com alta de 10% no número de inscrições, enquanto nosso resort ainda está abaixo de 15% nas reservas”, afirmou a gerente do Grupo Peraltas, Marília Rabello sobre as reservas para julho confirmadas até o dia 29 de junho, na comparação com a mesma época de 2015.
De acordo com a executiva, os indicadores refletem a redução dos custos que as famílias estão fazendo neste ano. “É mais barato mandar o filho para um acampamento do que viajar a família inteira. Tanto que a ocupação registrada está melhor que 2015 e 2014”, diz.
Outro fator que ajuda o segmento de acampamentos é o público alvo: as classes A e B. “A gente está atendendo uma faixa econômica que sente menos a crise”, comenta o presidente da Abae (Associação Brasileira de Acampamentos Educativos), José Cury Filho.
“Apesar de alguns cancelamentos, os acampamentos conseguiram suprir com a demanda das pessoas que deixaram de viajar para fora”, explica Cury se referindo ao reaquecimento do turismo interno, em função da alta do dólar.
A expectativa para as férias de inverno deste ano, segundo ele, é manter o mesmo nível de movimento do ano passado. Somando uma taxa média de ocupação em 80% entre os acampamentos associados.
Com relação ao primeiro semestre, o executivo aponta que o setor teve desempenho positivo. “Quem sentiu mais teve só 5% ou 10% de queda. Acampamentos mais consolidados não sentiram”, diz.
Um dos motivos para a queda da movimentação entre janeiro e junho foi justamente o receio das escolas. De acordo com o diretor do Acamerê Vips, Ricardo Nastari, 20% dos colégios parceiros do espaço decidiram não renovar ou reduziram os contratos. “A decisão deles foi em função da crise. Mas com os pais foi diferente, já que as escolas que mantiveram o contrato acabaram mandando o mesmo número de crianças”, apontou.
Mesmo com um começo de ano retraído, o executivo explicou que as escolas sinalizaram que devem retomar os projetos em 2017. “Para o segundo semestre [deste ano] também devemos colocar outras escolas no lugar das que saíram”, comenta.
Para o período de julho, o executivo prefere uma perspectiva mais conservadora. “Percebemos o turismo familiar mais caro e o acampamento é uma alternativa, mas não temos como saber”, diz. A empresa realizará acampamento apenas na última semana do mês de julho e hoje possui 50% de ocupação no momento.

Tendências
De acordo com a presidente do Cevec (Conselho Executivo de Viagens e Eventos Corporativos), da FecomércioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Viviânne Martins, neste ano as famílias estão tentando readequar seus gastos, por isso, além de acampamentos, as viagens com menos dias de hospedagem e em locais mais próximos (em 200 quilômetros do entorno) também devem ser tendência. “Para esta época, acreditamos que acampamentos tenham taxa de ocupação de 70% e resorts (de montanha) fiquem entre 70% e 75%. O que está ótimo para um ano de crise”, coloca a executiva. No entanto, ela acredita que a rede hoteleira deva sofrer um pouco mais na temporada.
A explicação, segundo ela, é a previsão dos gastos das viagens: enquanto muitos resorts são all inclusive (tudo incluso, em inglês) ou de pensão completa, e oferecem atividades e alimentação dentro do empreendimento, nos hotéis, as famílias dependem mais de locação de carro e passeios a parte. Neste momento de corte de custos, as famílias querem saber exatamente no que irão gastar. “Por isso, resorts devem ter uma ocupação boa”, ressalta.
Acompanhando a tendência, o Cana Brava All Inclusive Resort, localizado em Ilhéus (BA), já possui 80% dos quartos reservados para julho e a expectativa é ultrapassar 85%, a taxa média do hotel para o período. “Nós ainda estamos com um número de quartos maior”, ressalta a gerente de vendas do Cana Brava, Maitê Teixeira.
O empreendimento que possuía 186 passou por uma série de reformas e hoje conta com 260. “Entregamos a primeira parte em dezembro de 2014 e a última há dois meses”, detalha.
Contando com um ‘bolso mais apertado’ do consumidor e a alta do preço das passagens aéreas para o período, a executiva conta que neste ano a captação do público foi diferente. “Focamos no regional. No público que pode vir de carro de locais como Distrito Federal, Minas Gerais e até Espírito Santo.”

Desafio constante

Um desafio que poderá impactar a vinda de turistas ao país em julho e outras datas importantes como no período dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, é o vírus zika. De acordo com Viviânne Martins da FecomércioSP, apesar de ter diminuído o volume de informações mais ‘alarmantes’ sobre o assunto na mídia nacional, fora do país as coisas ainda estão preocupantes. “A imprensa estrangeira tem falado para as pessoas não virem. Além disso, temos a questão macroeconômica que assusta”, conta. Segundo a especialista, a Cevec tem monitorado com seus conselheiros internacionais o material divulgado no exterior, e notou que muitas informações estão incorretas. Para reverter o cenário, o órgão, junto com outras entidades, realiza uma série de comunicados e materiais informativos para encaminhar para associados e parceiros internacionais informações mais verossímeis sobre a doença. As informações são do DCI.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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