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Crise faz indústria parar

O polo de duas rodas enfrenta nos últimos dias grande pressão imposta pelo desaquecimento dos mercados nacional e internacional, que dura cerca de três anos. Hoje, é a terceira sexta-feira consecutiva que a Moto Honda, a maior fabricante brasileira de motos, paralisa suas atividades, em função da baixa demanda. No mercado internacional, a marca japonesa também enfrenta dificuldades. De janeiro a julho, suas exportações caíram 13,66%, em relação a igual período de 2013. No primeiro semestre, a Kasinski, outra grande do setor, desativou uma unidade que produzia 110 mil veículos. Na readequação a empresa demitiu mais de 500 trabalhadores.
Segundo a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) no primeiro semestre de 2014 houve uma queda de 8,4% na produção em comparação ao mesmo período de 2013.
O gerente de Relações Institucionais da Moto Honda da Amazônia, Mário Okubo, explica que esse é o terceiro ano consecutivo que o segmento apresenta queda nos índices de produção. Em 2013 a fábrica produziu 1,3 milhão de motocicletas. Enquanto neste ano a produção está aproximadamente 4% abaixo do primeiro semestre de 2013. “Esperávamos um resultado similar ou um crescimento sobre os números obtidos no último ano. Mas acredito que teremos produção abaixo da registrada em 2013”, disse.
Essa é a terceira sexta-feira consecutiva de paralisação, quando aproximadamente 9 mil funcionários deixam os postos de trabalho. Além da interrupção no processo de montagem, a empresa também aderiu ao “Takt Time” -processo em que é possível cronometrar o ritmo de produção necessário para atender a uma demanda –nos demais dias da semana. A empresa tem capacidade de produzir 7 mil motos diariamente mas neste momento, com a adesão à redução da produção, só produz 5 mil unidades por dia. “Isso acontece porque temos cerca de 20 mil motos em estoque que ainda não tiveram saída. Com a medida da redução podemos controlar a linha de produção que em vez de finalizar um produto em 20 segundos passa a concluí-lo em 28 segundos”, explica.
Okubo ainda adiantou que a empresa está em negociação com o SindMetal (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas) quanto às ocorrências das paralisações. Ele acredita em um reaquecimento do mercado em alguns meses e informa que quando houver melhora no cenário os trabalhadores devem compensar as horas não trabalhadas. “Temos que ser otimistas. Acredito que até o final do ano teremos melhores resultados e a produção voltando ao normal, os dias de liberação devem ser repostos”, disse. “Quanto ao próximo mês ainda não sabemos se haverá necessidade de mantermos essas paradas. Estamos avaliando a situação”, completou.
De acordo com o gerente, a empresa descarta a possibilidade de demissões. Porém, ele ressalta que caso não haja melhora na situação a fábrica será obrigada a desligar alguns colaboradores. “Acredito que essa situação seja temporária por isso não adotamos as demissões como medida para um momento ruim. Apesar da crise continuamos investindo em projetos para a melhoria do setor fabril como o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia e a nova fábrica de chassi, implantada na capital”.

Exportação
O mercado internacional também não é animador para a Moto Honda. Conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) o índice de exportação de motos da japonesa também apresentou redução nos primeiros meses deste ano. No período de janeiro a julho de 2013 a empresa faturou mais de 93,2 milhões de motos. Já o mesmo período de 2014 obteve o registro de mais de 80,4 milhões de motos com uma variação negativa de 13,66%. Segundo Okubo, esses números representam cerca de 8% e 10% do faturamento da fábrica. “É um resultado ruim para o país. É preciso discutir meios de como ser competitivo na exportação, principalmente na América Latina. Para que haja um aumento nas exportações precisamos de auxílio do governo federal”, avalia.
Segundo o gerente, o período da Copa do Mundo também foi frustrante para a indústria de duas rodas. Para ele, as pessoas estavam mais preocupadas em se preparar para assistir aos jogos, por isso esqueceram de investir em outras áreas. “Pelo que acompanhamos poucas motos foram emplacadas naquele período. Sabemos que todos os segmentos sofreram uma baixa produção ou venda nos meses dos jogos”.
O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, afirma que o setor esperava melhores resultados no período pós-copa. A associação aguardava a retomada da venda diária de 6 mil unidades conforme o período anterior aos jogos. Porém, até este mês só há o registro de 5,3 mil unidades. “Esse resultado indica que teremos dificuldades para atingir as metas para 2014. Essas metas foram revisadas recentemente e provavelmente o setor deverá enfrentar novas quedas até o final do ano”, frisou.
Fermanian também adiantou que o segmento descarta a possibilidade de contratação de mão de obra para o reforço da produção do final de ano. “O período não é de contratação e sim de retração. Alguns fabricantes estão com capacidade ociosa de produção. O aumento de produção que pode ocorrer no final do ano deverá ser absorvido pelas fábricas em regime de horas-extras”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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