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Craques da bola

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O ano está quase no fim. Nesse período são comuns as avaliações de desempenho, sejam pessoais ou profissionais. No campo dos esportes, ao meu entender, o futebol feminino foi uma das modalidades que conclui o ano mais fortalecido do que iniciou.

Mesmo com tantas agruras a enfrentar, as conquistas e a relativa abordagem da mídia que, conve­nhamos, até então era pra­ticamente nulo conferiram um pouco mais de gás aos heróicos defensores da modalidade.

A realização da 1ª Copa do Brasil de Futebol Fe­mi­nino que contou com a participação de 32 clu­bes, representando as 27 Federações afiliadas à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e os resultados animadores alcançados pela Seleção Brasileira de Futebol Feminino nos Jogos Pan-americanos Rio 2007 (medalha de ouro) e Copa do Mundo de Futebol Feminino 2007 (vice-campeã) foram verdadeiros alentos num país em que a superação de dificuldades faz parte da rotina diária de muitos atletas.

As heroínas a quem mui­tos dos brasileiros foram apresentados nessas ocasiões também repre­sentam um novo perfil de mu­lher, o das que praticam o futebol. Esse esporte exclusivo dos homens anos atrás ganha cada vez mais adeptas. E quanto mais atletas de alto desempenho surgirem na modalidade, mais incentivadas as jovens estarão em adotá-lo.

Porém, do ponto de vista clínico, a maior adesão das mulheres aos esportes de contato e competições como o futebol, por exemplo, também fez aumentar a incidência de problemas no joelho.

Há 15 anos fazíamos a reconstrução de ligamentos dos joelhos em uma proporção de três mulhe­res para cada 100 pessoas. Hoje, esse número alcança a marca de aproximadamente dez mulheres para cada 100 pessoas. A maior participação de mulheres em modalidades esportivas as quais não estavam acostumadas antes e a prática inadequada e sem os equi­pa­mentos específicos con­tribuíram significati­va­men­te para esse aumento.

Um levantamento efetuado pelo Fifa Medical Assessment and Research Centre (Zurique, Suíça) com o objetivo de analisar a incidência, características e condições das lesões em jogadoras de alto nível em torneios internacionais de futebol feminino indicou que 84% das lesões foram provocadas por contato com outra atleta. Ao todo o estudo catalogou 387 lesões relatadas por médicos dos times a partir de 174 jogos realizados durante sete torneios: Copa de Futebol Feminino de 1999 e 2003, Jogos Olímpicos de 2000 e 2004; e campeonatos juvenis (Sub-19 de 2002 e 2004 e Sub-20 de 2006) -, o que equivale a uma incidência de 2,2 lesões/partida, um pouco abaixo do índice de 2,7 apresentado nos torneios masculinos.

Um total de 65% das lesões acometia os membros inferiores, seguidas pelas lesões da cabeça e pescoço (18%), tronco (9%) e membros superiores (8%). As contusões constituíam o tipo mais freqüente de lesão (45%), seguidas por entorses ou ruptura de ligamento (26%) e estiramento ou distensões musculares (8%). O diagnóstico mais comum foi o de torção tornozelo. Houve sete rupturas de ligamento e 15 entorses do joelho.

Um dos agravantes é que no Brasil, tanto no futebol profissional quanto no amador, os times femininos sofrem com a falta de recursos e isso acaba refletindo nas condições sob as quais as atletas treinam e disputam jogos. Em muitos casos, a ausência de equipamentos, campos adequados e a dupla jornada de trabalho que muitas enfrentam propiciam a ocorrência de lesões.

Por outro lado, no caso das famosas partidas de fim-de-semana, algumas atitudes dão vantagem às mulheres. Ao contrário dos homens, elas não costumam aliar a tradicionalpelada ao consumo de álcool, o que favorece a ocorrência de lesões e que faz com que os setores de emergência de hospitais e clínicas fiquem cheios às segundas-feiras.

Portanto, com os devidos cuidados alongamento, aquecimento, calçados e roupas adequadas e com o bom e velho espírito esportivo em alta, o futebol só tem a ganhar com a formação de times femininos. Sejam eles amadores ou profissionais.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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