CPI aprova 36 quebras de sigilo bancário

A quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao empresário Carlos Cachoeira e a realização de 51 depoimentos foram aprovados quinta-feira (17) pela CPI mista que investiga a relação do contraventor goiano com agentes públicos e privados.
Entre os alvos das 36 quebras de sigilo estão o ex-diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu; e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, ex-sargento da Aeronáutica preso pela operação Monte Carlo da Polícia Federal, sob acusação de ser informante e braço direito de Cachoeira. A CPI também quer ter acesso a informações bancárias, telefônicas e fiscais de Geovani Pereira da Silva, suposto contador responsável pela movimentação de todo o dinheiro da organização chefiada por Cachoeira.
As pessoas jurídicas citadas pelas operações da Polícia Federal também terão seus dados revelados. Entre elas, estão a Brava Construções e a Alberto e Pantoja, que segundo a Polícia Federal, são empresas de fachada, criadas para receber dinheiro sujo da Delta. Segundo a PF, têm o mesmo endereço: um prédio numa cidade-satélite de Brasília onde funciona uma oficina mecânica.
A CPI terá muito trabalho pela frente para tomar os depoimentos de mais de 50 convocados. Os parlamentares pretendem ouvir, por exemplo, o ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Cláudio Monteiro, que teria negociado propina para favorecer a Delta em contratos de prestação de serviços de recolhimento de lixo em Brasília e região.
Familiares de Carlos Cachoeira também não escaparam das convocações. A ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio, foi chamada, assim como o ex-cunhado, Adriano Aprígio; o sobrinho Leonardo Almeida Ramos; o pai, Sebastião de Almeida Ramos; e o irmão Marcos de Almeida Ramos. Vários dos convocados tiveram também pedido pela quebra de sigilo.
Delta
Boa parte das quase cinco horas da reunião de ontem foi dedicada à discussão sobre a quebra de sigilos referentes à Delta Construções. Inicialmente, o relator deputado Odair Cunha (PT-MG), propôs a quebra apenas das filiais da Delta nos estados de Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, o que provocou uma série de protestos de outros parlamentares, que defenderam a inclusão de filiais da Delta no Sudeste e Sul do país, bem como a convocação do ex-sócio da empresa, Fernando Cavendish.
Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) foram dois dos que reclamaram. Para eles, há indícios mais do que suficientes da atuação da Delta nacional em negócios criminosos chefiados por Carlos Cachoeira. Após os debates, o requerimento foi aprovado, mas diante de ressalvas de vários parlamentares, que insistiram na necessidade de quebra de sigilo da matriz da construtora.
Após a polêmica votação, o relator propôs o adiamento da votação dos demais requerimentos para a próxima reunião administrativa, marcada para 5 de junho, sob novos protestos de Randolfe Rodrigues, que defendeu mais convocações. “Ficou patente a relação do governador de Goiás e de Sérgio Cabral com negócios de Cachoeira. Esta investigação é selecionada, sem ir ao fundo desta CPI. É um mau começo para este colegiado”, protestou Randolfe.
Segundo Pedro Taques, existem notícias de que a Delta já estaria dilapidando seu patrimônio, por isso o assunto não poderia ser deixado para 5 de junho. Já para o deputado Mauricio Quintella (PR-AL), o adiamento não quer dizer necessariamente que os demais requerimentos não serão votados.
A relação completa de documentos da CPMI e dos requerimentos apresentados e já votados até agora está na página do Senado na internet, no link:http://www.senado.gov.br/atividade/comissoes/comissao .asp?origem=CN&com=1589

Redação
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