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Cortar, colar e montar Manaus

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Manaus possui vários monumentos históricos e turísticos, principalmente em sua área central, mas poucas pessoas conhecem o passado desses monumentos e a sua importância para a cidade. Foi preocupado com esse desconhecimento que o estudante de arquitetura Carlos Melo vem desenvolvendo, há mais de dez anos, peças lúdicas que procuram dar uma maior visibilidade a esses lugares.

“Meu primeiro trabalho foi o jogo de tabuleiro ‘Conheça Manaus Brincando’, daqueles que você joga o dado e percorre os quadradinhos de acordo com o número marcado no dado. Tive a ideia porque esses jogos já existiam, mas nenhum mostrava a nossa cidade. Eram todos de fora. Nada a ver conosco. No meu jogo o jogador faz um passeio pela cidade. O ponto de partida é a ponte Rio Negro e de chegada, a BR-319. A cada jogada, o participante segue o passeio com seu carrinho, fica onde está ou passa a vez. Nesse passeio, o jogador visita o Museu do Seringal, o Parque do Mindu, o Musa (Museu da Amazônia) e o zoológico do CIGS”, detalhou.

Pondo em prática seu lado artístico, Carlos desenhou o jogo, mandava imprimir e ele próprio fazia as vendas nas escolas. “No começo as vendas foram ótimas mas, com a invasão dos smarthphones, a ‘molecada’ passou a viver num mundo virtual, e as vendas do jogo caíram. Ainda o vendo, até hoje, mas não mais como no começo”, lamentou.

Foi então que Carlos evoluiu no seu trabalho. Do jogo de tabuleiro, em duas dimensões, ele passou a fazer os monumentos de Manaus, em três dimensões, aos quais deu o nome de ‘Monta Manaus’. “Há seis anos lancei o Teatro Amazonas, a ponte Rio Negro e a Arena da Amazônia. E as vendas do jogo reacenderam, pois eles são vendidos juntos”.

“Eu desenho os modelos no computador, mando imprimir e eu mesmo os vendo, e quem o compra é que vai se divertir, montando (acompanha um pequeno manual, ensinando o passo a passo). A montagem pode demorar horas, porque é necessário recortar, colar e montar. Além de ser um passatempo, seja para uma criança ou um adulto, a pessoa vai, com certeza, procurar saber um pouco mais sobre aquele monumento”, garantiu.

Atualmente Carlos já produz e comercializa onze modelos. Além do Teatro Amazonas, da ponte Rio Negro e da Arena da Amazônia, ele também faz o Palacete Provincial, o Relógio Municipal, a Alfândega, o Reservatório do Mocó, o Palácio Rio Negro, o mercado Adolpho Lisboa, o Paço Municipal, e a Jaqueira (antigo prédio da Faculdade de Direito). “E agora estou trabalhando no Palácio da Justiça e na Casa de Eduardo Ribeiro”, adiantou. Cada um dos modelos pode ir acondicionado em uma caixa de acrílico e servir como peça de decoração.

Uma revista em quadrinhos

“No começo, quando fiz o jogo de tabuleiro, visava apenas os estudantes. Queria que eles soubessem mais sobre a história de Manaus. Com o ‘Monta Manaus’ os estudantes continuam a ser os principais alvos, mesmo os adultos, incluo aí os estudantes de arquitetura, como eu. Já as crianças podem montar os modelos auxiliadas pelos pais. E surgiu um novo público: os turistas. Se o turista for a qualquer monumento histórico de Manaus, dificilmente encontrará um souvenir para levar como lembrança. Agora poderá ter”, revelou. “Em recente conversa com o secretário de Cultura, Denilson Novo, ele falou que seria bem interessante se minhas peças estivessem à venda em cada um dos monumentos que produzo, já o advogado Júlio Lopes, responsável pelo movimento ‘Salve a Velha Jaqueira’, foi quem encomendou o modelo do prédio”, lembrou.

“Nesses seis anos em que desenvolvo meus modelos, não descobri ninguém que faça um trabalho similar ao meu. Trata-se de um produto pedagógico, didático e cultural, que mostra nossos principais pontos históricos e turísticos. Recentemente recebi o convite para fazer o bumbódromo de Parintins”, contou. Carlos busca parcerias para desenvolver seus produtos em larga escala e já trabalha num novo projeto: um gibi, na mesma linha do ‘Conheça Manaus Brincando’ e do ‘Monta Manaus’.

“A revista em quadrinhos se chama ‘A turma do tucano Tunico’. Tunico é o personagem principal que conta a história da cidade de Manaus, desde a sua fundação, em 1669; passando pelo ciclo da Borracha, no final do século 19 e início do 20; e o auge da Zona Franca, nas décadas de 1970 e 1980; até os dias atuais”, disse. “Já fiz um protótipo do gibi, com 20 páginas. Além da história, a revistinha conta com atividades de colorir, caça-palavras regionais e palavras cruzadas com os nomes de municípios do Amazonas. Tudo a ver com as coisas da nossa região. Também aguardo parceiros para editar o gibi”, concluiu.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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