11 de dezembro de 2024

Copom: cresce no mercado expectativa por cortes mais intensos nas próximas decisões

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.) para 13,25% aumentou as expectativas por quedas de juros ainda mais intensas. Um eventual corte de 0,75 ponto percentual, até então fora de cogitação, entrou nos cenários traçados por economistas ainda que com um menor grau de probabilidade.

A decisão da noite de quarta-feira (2), marcou o início do ciclo de corte de juros no Brasil. Até antes da decisão, o mercado seguia dividido entre um corte de 0,25 p.p. e um de 0,50 p.p., que era tido como menos provável. Dividida também foi a reunião do Copom. Dos 9 membros votantes, 4 votaram por um corte mais brando, enquanto os outros 5 sustentaram o ajuste mais agressivo. O corte de 0,5 p.p. teve o apoio de Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino, indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto.

A magnitude dos próximos cortes

O comunicado do BC foi de que a magnitude do corte deverá ser repetida nas próximas reuniões. A decisão e a indicação que os próximos cortes de juros serão na mesma magnitude deverão levar a taxa de juros Selic para 11,75% no fim do ano, abaixo do projetado pelo consenso do Focus, de 12% para o fim de 2023. Há grande expectativa, portanto, de que o consenso do Focus seja revisado para 11,75% já na próxima divulgação, passando a incorporar o corte acima do esperado desta semana.

Mas a possibilidade de cortes ainda mais intensos até o fim do ano já começa a ganhar força. Apesar dos rumores de que a decisão por um corte mais agressivo teria influência política do governo, na avaliação de Vítor Martello, economista da gestora Parcitas, a decisão foi puramente técnica.

“Os diretores que votaram por um corte de 0,25 p.p. deram peso maior ao nível de atividade mais resiliente, enquanto os outros deram um peso maior à inflação corrente. Pelo critério da inflação corrente, haveria espaço para cortes ainda maiores, de 0,75 ponto percentual“, disse Martello. “Acho mais prudente manter o ritmo de 0,50 p.p. por reunião, mas o mercado deverá começar a forçar o BC a fazer 0,75 p.p. de corte”.

De acordo com o comunicado do Copom, houve unanimidade entre os membros (mesmo entre os que votaram por um corte mais brando) de manter o ritmo de 0,5 p.p. nas próximas reuniões. A avaliação é de que esse seria “o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. O trecho, segundo Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas, simboliza uma tentativa de o BC conter o ímpeto do mercado por cortes mais agressivos nas próximas reuniões. 

“Tentaram esvaziar o debate do corte de 0,75 p.p. e manter o ritmo mais gradual de queda de juros, sem grandes surpresas. A menos que os dados venham muito fora do esperado, deveremos ter alguma monotonia nas próximas decisões. Acredito que o mercado ficará dividido entre cortes de 0,5 p.p. e 0,75 p.p., mas acredito que as probabilidades estão concentradas nos cortes de 0,50 p.p.”, disse em nota.

João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro, também avalia que o mais provável é o BC manter o ritmo de queda de juros em 0,50 ponto percentual, mas não descarta a possibilidade de uma intensificação no ciclo de cortes.

Condições para um corte mais agressivo

Em sua avaliação, o Copom poderia acelerar o passo, caso o ambiente econômico se mostre propício. “Isto é, se houver uma continuidade do menor risco doméstico, com o avanço das pautas econômicas na volta do recesso parlamentar, novas indicações de elevação do rating soberano, apreciação do câmbio, ou novos recuos das expectativas de inflação e das medidas de inflação mais sensíveis ao ciclo econômico”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

Veja também

Pesquisar
MENU