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Cooperativa de artesãs do Piauí é exemplo de emancipação

De carregadoras de tijolos a protagonistas da bem-sucedida história da cerâmica artesanal do bairro Poti Velho, de Teresina (PI). Essa foi, e continua sendo, a trajetória de emancipação feminina e da conquista da cidadania percorrida por dezenas de mulheres da comunidade do bairro onde começou a ser construída a capital do Piauí, fundada em 1822 como a primeira cidade planejada do país.
O despertar das mulheres de Poti Velho para a importância da produção de artesanato em cerâmica ocorreu há cerca de dez anos. Nos últimos quatro anos, no entanto, foi quando essa verdadeira revolução começou, de fato, a acontecer.
Hoje, as belas peças utilitárias, de decoração e moda, produzidas pelas 30 artesãs da Cooperativa de Artesanato do Poti Velho (Cooperart Poti) são um exemplo do que pode ser transformado e o que pode ser alcançado quando há espírito empreendedor, associativista e talento numa comunidade, apesar de uma história marcada pela vulnerabilidade social e econômica.
A Cooperart Poti é uma das cem vencedoras da edição 2008 do Prêmio Top 100 de Artesanato do Sebrae, anunciadas em fevereiro. A premiação é baseada na qualidade dos produtos desenvolvidos por associações e empresas e na eficácia da gestão e capacidade de produção em escala comercial.
Peças de rara beleza foram inscritas na premiação e retratam a história do Poti Velho: um conjunto de pulseira, colar e brincos em argilas de diferentes localidades do Piauí; o móbile Sinos do Vento, inspirado no bumba-meu-boi; coleção Mulheres do Poti, que representam a mulher religiosa, a mulher do pescador, a mulher da olaria, a mulher ceramista e a mulher das continhas (bolinhas de cerâmica).
“Essa foi a primeira vez que participamos do Top 100”, disse a presidente da Cooperart, Raimunda Teixeira da Silva. Na edição anterior da premiação, em 2006, a cooperativa ainda não existia. A fundação da entidade ocorreu há apenas dois anos e meio e foi fruto de cerca de dez anos anos de persistência, participação em muitas capacitações, feiras e viagens em missões técnicas, apoiadas por instituições parceiras privadas e públicas. Os apoios começaram a chegar à comunidade em 1998.

Tijolos na cabeça

“Antes, as mulheres e até as crianças da comunidade trabalhavam carregando tijolos na cabeça, produzidos pelos homens. Cada um carregava até dois mil tijolos por dia. Além de tijolos, só produziam jarros e potes”, contou Raimunda.
“Era um serviço muito duro e não dava visão de futuro. O artesanato nos mostrou outro caminho”, acrescentou. A transformação do bairro pobre chamado Poti Velho no Pólo Cerâmico do Poti Velho começou em 1998, segundo ela. “O Sebrae foi o primeiro e continua sendo nosso grande apoiador”, ressaltoua presidente da Cooperart Poti, que já foi presidente e tesoureira da Associação dos Artesãos de Cerâmica do Bairro Poti Velho (Arcepoti), criada há 11 anos. Atualmente ela é também vice-presidente da Arcepoti.
Hoje o bairro Poti Velho é uma das principais atrações turísticas de Teresina. Além das 28 lojas de cerâmica, há quatro restaurantes no Pólo Cerâmico e o Parque Ambiental Estadual Encontro dos Rios (os rios Poti e Parnaíba se encontram no bairro e banham a capital piauiense).
Cerca de 4.000 famílias vivem no bairro. A maioria dos moradores é formada por mulheres. A sede da Cooperart está no Pólo Cerâmico do Poti Velho e conta com loja, oficina, fornos e, recentemente, uma estação digital, doada pela Fundação Banco do Brasil. “Já estamos formando a terceira turma em computação”, informou a presidente da entidade.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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