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Consumo mais frágil na capital

Consumo mais frágil na capital

A escalada dos impactos econômicos da pandemia da covid-19 fez a confiança do consumidor de Manaus despencar a níveis inéditos, entre maio e junho. O índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias), da CNC (Confederação Nacional do Comércio), caiu 27,9% e a queda foi novamente reforçada para os consumidores de menor renda. A capital amazonense seguiu em sintonia com a média nacional, mas voltou a desabar com mais força do que o restante do país, em todas as comparações.

O ICF de Manaus caiu a 56,5 pontos, ficando bem abaixo das marcas de maio de 2020 (78,4) e de junho de 2019 (100). Pela segunda vez seguida, e com mais força, o número tombou para a zona de insatisfação (até 100 pontos). Na média nacional, o indicador chegou a 69,3 pontos e acumulou a terceira retração mensal consecutiva em junho (-14,4%), renovando o recorde de queda. No comparativo anual, o recuo foi de 24,1%.

Apenas um dos sete componentes do ICF subiu em Manaus: Compra a Prazo/Acesso ao Crédito (+9,4%). Todos os demais voltaram a sofrer tombos de dois dígitos. O decréscimo mais acentuado veio de Momento para Duráveis (-64,8%), sendo seguido por Perspectiva Profissional (-49,9%), Nível de Consumo Atual (-48,5%), Renda Atual (-40,1%) e Emprego Atual (-16,8%). Todas as rebaixas vieram mais reforçadas do que em maio.

A capital amazonense ficou abaixo também da média da pontuação da região Norte (73,2) e sua intensidade nas desacelerações mensal (-16,7%) e anual (-21,9%). A maiores quedas percentuais frente a maio de 2020 (-18,1%) e junho de 2019 (-29,4%) se deu no Nordeste, que também amargou a menor pontuação (66,2). Pelo segundo mês consecutivo, nenhuma das regiões brasileiras apresentou crescimento ou ficou na zona de satisfação.

Renda e crédito

Em Manaus, o recuo foi puxado pelas baixas perspectivas para aquisição de bens duráveis, vindo com mais força das famílias manauenses que ganham até dez salários mínimos: nada menos do que 90,9% delas consideram que é um mau momento para isso. O mesmo se deu nas perspectivas profissionais e na percepção quanto ao consumo atual e a renda atual, que tiveram avaliações negativas mais acentuadas exatamente nessa faixa de vencimentos – 77,6%, 85,9% e 82,6%, respectivamente.

Em linhas gerais, 35,4% dos consumidores manauenses de ambos os grupos de renda informaram à CNC que estavam desempregados no momento da pesquisa e outros 30,4% se diziam menos seguros em relação à permanência no trabalho, em relação a 12 meses atrás. Em tempos de aversão dos bancos ao risco, 55,7% afirmaram que o crédito está mais difícil. A maioria absoluta dos entrevistados (56,3%), no entanto, acha que o consumo de sua família e da população em geral tende a ser maior do que no ano passado, nos próximos meses.

Crise e desemprego 

O assessor econômico da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) e coordenador da pesquisa, José Fernando Pereira da Silva, avalia que os efeitos da pandemia do novo coronavírus estão se intensificando na economia e aponta que a queda na demanda e a pauperização do consumidor amazonense, em uma crise que se mostra mais demorada do que esperado, são um obstáculo significativo para a retomada do varejo local.

“Um dado preocupante é que as famílias revelam que estão extremamente pessimistas e que nos próximos três meses 58% pretendem reduzir as compras. Por outro lado, cresce também o desemprego, que já chega a patamares bastante elevados, nunca registrados na história econômica de nosso país. Isso mostra claramente que o segmento comercial ainda vai demorar um pouco para se recuperar”, lamentou 

Novos hábitos

Em texto distribuído à imprensa, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, destaca que mais da metade das famílias (58,9%) acredita que vai consumir menos nos próximos três meses – o maior percentual desde setembro de 2016. Também foi a primeira vez, desde junho do mesmo ano, que o índice entrou na zona de pessimismo.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, também reitera a influência dos impactos econômicos do novo coronavírus nos resultados da sondagem. “Essa insatisfação na expectativa de consumir corrobora os novos hábitos de compra dos brasileiros, demonstrados, no momento atual, com as famílias mais cautelosas com a sua renda, tanto no curto prazo quanto em relação ao ano passado”, encerrou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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