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Consumo de peixes deve continuar no Amazonas, recomenda FVS-RCP

A FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto) recomenda que a população não deve deixar de consumir peixes, apesar dos registros de casos de rabdomiólise no Estado. Segundo o órgão, ainda não há nenhum indício de que a doença da ‘urina preta’, como é conhecida popularmente a infecção, tenha, realmente, como causa a ingestão de pescados na região.

Até ontem, já haviam sido notificadas 62 ocorrências sobre pessoas que teriam passado mal após comer peixes – das quais três delas só em Manaus – e outras em Itacoatiara, Silves, Autazes e Parintins. Até agora, uma pessoa morreu.

Itacoatiara vem liderando o número de casos no Estado. Lá, uma força-tarefa da FVS-RCP continua investigando se a rabdomiólise tem relação com o consumo de peixes das espécies pacu, tambaqui e Piratinga. A SES-AM (Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas) determinou a suspensão da venda de pescados durante 15 dias no município.

“É importante tranquilizar a população que deve manter o consumo de peixes. A maior parte dos pescados vem de outras regiões. E os que têm aqui são oriundos de criações em viveiros”, disse Jackson Alagoas, gerente de produtos da FVS-RCP.

De acordo com o especialista, os casos de rabdomiólise não têm nenhuma relação com esse tipo de cultivo de peixes. Ao contrário das espécies de rios e lagos que ingerem qualquer tipo de alimentos, podendo se contaminar e passar a doença para os consumidores.

“Com a vazante dos rios, os peixes podem ingerir algas, frutos e todo tipo de alimentos que encontram pela frente que podem predispor a contaminação”, acrescenta Jackson Alagoas. Mesmo com as garantias dos especialistas, a população teme continuar consumindo pescados, até os oriundos da piscicultura que, em tese, passam por um rígido controle de qualidade e não oferecem nenhum risco aos consumidores.

Presidente da AEP-AM (Associação dos Engenheiros de Pesca do Amazonas), Wallon Viana também orienta a população a consumir peixes de cativeiro durante o surto de rabdmiólise. Ele afirma que até o momento não foi notificado nenhum caso da doença que tenha sido provocado por pescado de criadouros.

Viana cita como exemplo o tambaqui, um dos peixes mais consumidos no Estado. “Hoje 98% do tambaqui que é consumido, comercializado nas feiras, mercados, em qualquer canto, é oriundo da piscicultura. É peixe criado aqui no Amazonas, é peixe que vem de outros Estados, principalmente de Rondônia”, disse.

Crise

A retração já é visível no mercado de vendas de peixes em Manaus.  Os negócios encolheram pelo menos em 30% nos últimos 20 dias, desde o surgimento dos casos da doença da ‘urina preta’ a partir de 20 de agosto.

Fornecedores e atravessadores estão desesperados. Feiras, mercados e até supermercados não conseguem vender os estoques, causando prejuízos a  toda uma cadeia de comercialização de pescados.

“Afetou todo o nosso estabelecimento. Ninguém quer mais comer peixes”, diz seu ‘Sassá’, dono de restaurante na região do Mercado Adolpho Lisboa, no centro de Manaus. “Os peixeiros também não estão vendendo. Se a gente não vender, a gente também não compra”, acrescenta o comerciante.

O autônomo Augusto Sampaio também sente os impactos da retração. “Os negócios caíram em 70%. O problema é que as pessoas estão com medo de continuar comendo pescados”, lamenta ele. “A situação está, realmente, muito difícil”, afirma.

Grande apreciadora de pescado, a dona de casa M. Socorro não abre mão de comer peixes. “Tem que ter fé em Deus. É Ele quem comanda. Se estiver tudo limpinho, está bom demais”, afirma ela.

Segundo o Ministério da Saúde, os casos de  rabdomiólise também são registrados em outros Estados. No Amazonas, a FVS-RCP investiga causas ambientais e a vazante dos rios que podem ter relação  com a doença.

De acordo com a FVS-RCP, não é a primeira vez que é registrado um surto de rabdomiólise no Amazonas. O primeiro aconteceu em 2008, o segundo em 2015 e, agora, novamente em 2021. 

Nos dois primeiros surtos, não foi registrada nenhuma morte, com exceção em 2021, quando foi notificado o óbito de uma dona de casa que morreu após comer peixe no município de Itacoatiara.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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