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Construção está mais cara no Amazonas

O custo da construção civil do Amazonas subiu 1,14%, em maio. O preço do metro quadrado passou de R$ 1.528,16 para R$ 1.545,58, em alta menos intensa do que a do registro anterior (+1,34%). Diferente dos meses anteriores, o reajuste estadual correspondeu apenas a pouco mais da metade da escalada do nacional (+2,17%), que apresentou o maior valor desde junho de 2021. Em ambos os casos, o passivo médio da atividade voltou a bater a inflação oficial (+0,47%). Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil),divulgada nesta quinta (9), pelo IBGE.

Os aumentos voltaram a se dar tanto no custo dos materiais, quanto no da mão de obra da atividade. Ao contrário da tendência apresentada nos últimos meses, o valor médio dos dispêndios das construtoras amazonenses com os insumos subiu abaixo da média do indicador (+1,06%), pontuando R$ 962,98 (maio) contra R$ 952,88 (abril) – e igualando o valor da média nacional. O custo do trabalho, por sua vez, emendou um quarto mês seguido de reajustes e ficou 1,27% mais salgado, ao saltar de R$ 575,28 para R$ 582,60, na mesma comparação. 

O índice de alta do Sinapi do Amazonas superou novamente a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelas passagens aéreas e produtos farmacêuticos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,47%, em maio, desacelerando diante de abril (+1,06%). A mesma dinâmica se deu no acumulado do ano, com vantagem do indicador da construção civil sobre o IPCA (+4,78%) em âmbito local (+6,03%) e nacional (+5,77%). Na análise dos últimos 12 meses, os papéis se mantêm, com a correção dos dispêndios do setor (+16,32% e +15,44%, na ordem) superando a inflação oficial (+11,73%).

Com reajuste abaixo da média brasileira (+2,17%), o índice de alta alcançado pelo Estado (+1,14%) recuo do 14º para o 15º lugar do ranking nacional de maiores aumentos percentuais do mês. Goiás (+5,16%), São Paulo (+4,13%) e Acre (+3,78%) dividiram o pódio. Em contrapartida, Amapá (+0,51%), Paraná, (+0,56%) e Alagoas (+0,66%) figuraram nas últimas posições de uma lista sem deflações. 

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.545,58) segue abaixo da média nacional (R$ 1.601,76), mas subiu da 19ª para a 17ª colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.765,60) continua na liderança entre os dispêndios médios mais elevados do país, sendo seguida por Rio de Janeiro (R$ 1.762,40) e Acre (R$ 1.736,81). Na outra ponta, os valores mais baixos ficaram em Sergipe (R$ 1.397,94), Pernambuco (R$ 1.431,22) e Ceará (R$ 1.440,50).

Em termos de custo de materiais (R$ 962,98), o Estado caiu da 11ª para a 15ª posição, em uma lista liderada por Acre (R$ 1.108,79), Tocantins (R$ 1.056,50) e Distrito Federal (R$ 1.046,07), e encerrada por Rio Grande do Norte (R$ 888,82), Sergipe (R$ 899,73) e Piauí (R$ 906,95). A despeito do reajuste mais elevado para a mão de obra (R$ 582,60), o Amazonas ainda ocupa uma colocação ainda mais baixa (19ª) neste caso, em uma lista com os extremos em Rio de Janeiro (R$ 783,49) e Sergipe (R$ 498,21). As respectivas médias nacionais foram R$ 962,98 e R$ 638,78. 

“O custo da construção segue sua caminhada de aumentos a cada mês. Em maio foi um pouco menor do que nos mês anterior. Mesmo assim, o acumulado do ano já ultrapassou a marca dos 6%, contra 5,7% do Brasil. Mas, a comparação com os outros Estados demonstra que a remarcação é uma ocorrência nacional, estando o Amazonas entre os que menos aumentou os preços em maio. A perspectiva para o próximo mês é que a elevação continue em curso”, analisou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Logística e contratos

Em contraste, o presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, observou que o índice de reajuste já veio menos forte neste mês e reafirmou à reportagem do Jornal do Commercio que já “não há muito ambiente para aumentos de preços” no mercado – apesar de os preços continuarem subindo. No entendimento do dirigente, as correções progressivas no custo do material se dão mais pela via indireta.

“No meu entendimento, é óbvio que os preços estão sendo puxados pelo mercado internacional, e a melhor explicação é essa guerra na Ucrânia, que afetou todo o mercado. Há essa questão do petróleo e o fato de que tudo deriva do combustível para a produção. E há também as commodities, como aço e cimento, que continuam subindo. No caso da mão de obra, os ajustes são pontuais e dependem da fase do empreendimento, que tendem a utilizar insumos e profissionais mais caros em determinados estágios”, avaliou.

O dirigente enfatizou também que, a despeito de ter apresentado índice de reajuste comparativamente menor neste mês, o custo dos materiais tende a pesar mais do que o da mão de obra. A expectativa, entretanto, é que o peso do valor do trabalho também passe a pesar mais, nos próximos meses, com a convenção coletiva dos trabalhadores da construção civil do Amazonas. “As negociações estão em curso e, a partir do dia 1º de julho, devemos ter esse aumento. A tendência é que ele acompanhe o índice inflacionário acumulado para o período. Mas, isso é futuro”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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