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A alardeada recuperação de nossa economia mais parece concentrar-se em determinados segmentos, não sendo um processo contínuo. Depois de um período favorável no final de 2017, onde tivemos índices mais elevados, deparamos com um primeiro trimestre de novas quedas e estagnação no setor industrial. A exceção vem do comércio varejista onde a desaceleração existira, mas fora em percentuais modestos, ou seja, de + 4,2% no quarto trimestre de 2017 para + 3,8% no primeiro trimestre de 2018. Como resultado, o governo federal espera que o PIB consiga se manter estável. Contudo, a expectativa de queda dos juros não se concretizara, face à disparada do dólar; tendo o BC optado por manter a taxa básica. Analistas concluíram que “a autoridade monetária teme efeitos do câmbio sobre a inflação e os investimentos”, acrescentando que a taxa Selic será mantida. Como fruto deste futuro quadro, caso o dólar não se estabilize ou recue, temos que a permanente subida do preço do petróleo, afetando o preço dos combustíveis, gerará aumento no preço de vários alimentos, notadamente a carne. Aliás, o Copom agindo preventivamente, escolhera a segurança ao manter a taxa Selic em 6,5%. A decisão tivera também por objetivo conter a alta dos preços; até porque caso contrário, encontrar-se-á apto a agir. Assim, o BC vem fazendo sua parte, mas os políticos: NÃO.

Por outro lado, vivemos um quadro de “crise” dentro de nossa democracia representativa onde todos NÓS iremos pagar para ver a definição deste momento de suposta transição de um “status quo” momentâneo, decorrente do afastamento de Dilma e do atual governo, para outra realidade que se nos afigura como uma incógnita. Temos uma inconformidade há anos e até uma revolta não contra a substância da democracia representativa, mas contra as promessas não cumpridas. Contudo, a perda da paciência com os políticos sórdidos, sejam denunciados ou condenados, não pode gerar nosso saudosismo pela adoção de medidas extremas, mas tão somente a busca de um verdadeiro desejo de uma democracia nova e justa. Por isso, o voto não pode ser algo corriqueiro ou até irrelevante, mas um legítimo direito de quem tem voz e poder dentro de um processo que transforma o “modus vivendi” de uma Nação. Se há um enfraquecimento das instituições a gerar uma crise dentro da própria classe média, hoje quase abandonada, temos para NÓS que todos passamos a ver na democracia algo que não nos representa, até porque os “políticos” quase nunca defendem os interesses da coletividade, do empresário, do trabalhador e muito menos do aposentado. Este vácuo gera consequências nefastas como a ascensão do populismo. Tanto isto é verdade, que o prof. Dominique Rousseau em sua última palestra na Unisinos (França) afirma “ser o populismo o oposto à democracia porque (1) substitui o cidadão e o povo pelas idéias de “massa” e “multidão”; (2) não se apoia na razão mas sim nas paixões, sendo antítese de um modelo racional de sociedade e (3) parte do princípio de que as massas devem “se reconhecer” no corpo do chefe ou do grande líder”.

Destarte, não podemos deixar de mensurar o atual cenário eleitoral do Brasil, onde a crise política decorrente da péssima qualidade de certos pretensos pré-candidatos poderá conduzir o povo a uma elevada abstenção de consequências inimagináveis fruto também de seu enigmático silêncio.
Temos de mudar nossas atitudes para mudarmos as consequências se quisermos ser um país democrático e com instituições sólidas. Conseguiremos fazer a nossa parte?

*é ex-conselheiro federal da OAB/AM nos triênios 2001/2003 e 2007/2009 – [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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