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Confiança dos lojistas de Manaus ainda em baixa em abril

Apesar do relaxamento da relativa estabilidade da pandemia em nível local, e do consequente levantamento das restrições ao comércio, a confiança dos lojistas de Manaus despencou pelo segundo mês seguido, em abril. A baixa reforçada seguiu a trajetória da média nacional, embora com mais força. A insatisfação foi puxada pela percepção sobre o momento atual e os estoques, refletindo nas intenções de investir. Os dados são do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), da CNC (Confederação Nacional do Comércio). 

O indicador registrou 102,6 pontos na capital amazonense, recuando 14,3% em relação à marca de março (119,7 pontos), além de ficar 18,7% abaixo do patamar de março do ano passado (126,2 pontos) –mês em que a pandemia ainda estava começando no Amazonas. Em todo o Brasil, o índice da CNC recuou 6,4% mensais, atingindo 95,7 pontos, na quinta variação negativa consecutiva. 

Apurado entre os tomadores de decisão das companhias comerciais, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país –164 delas, em Manaus. 

Todos os nove subíndices do Icec voltaram a sofrer retração mensal, com destaques para as condições atuais da economia brasileira/CAE (-33% e 65,5 pontos), das empresas comerciais/CAEC (-27,5% e 80,1 pontos) e do comércio/CAC (-25,2% e 79,7 pontos) e do nível de investimento das empresas/NIE (-27,8% e 63,5 pontos). 

As expectativas da economia brasileira/EEB (-8,6% e 137,7 pontos), das empresas comerciais/EEC (-8,6% e 143,3 pontos) e do comércio/EC (-5,7% e 143,6 pontos) vieram na sequência, assim como a situação atual dos estoques/SAE (-4,6% e 87,4 pontos) e o indicador de contratação de funcionários/IC (-1,6% e 122,8 pontos). 

Contratações e investimentos

A maioria dos comerciantes de Manaus (42%) considera que a situação atual da economia brasileira “piorou um pouco”. São seguidos pelos que dizem que “piorou muito” (29,1%), “melhorou um pouco” (26,6%) e –de longe –pelos que garantem que “melhorou muito” (2,3%). A percepção majoritária também indica que as condições atuais do setor e da empresa “piorou um pouco” (43,1% e 43,3%, na ordem). Em ambos os casos, a percepção é mais negativa nas empresas com mais de 50 empregados e que vendem bens duráveis.

Sobre as expectativas para a economia, a maioria ainda diz que vai “melhorar um pouco” (67,6%), seguida pelos que acreditam que vai “melhorar muito” (15,4%). O otimismo é maior em relação ao setor (69,4% e 17,2%, respectivamente) e para a empresa (70% e 16,5%), com destaque para as companhias de menor porte atuantes em duráveis e semiduráveis para ambas as situações.

A maioria absoluta ainda diz que o contingente de trabalhadores deve “aumentar pouco” (61,3%), seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (20,8%). Em contrapartida, a expectativa majoritária para investimentos nas empresas passou a ser prioritariamente “um pouco menor” (40,4%) ou “muito menor” (33,3%). O pessimismo predomina entre as empresas menores e que trabalham com semiduráveis (contratações) e duráveis (aportes de capital).

Estoque e logística

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, destaca que já era de se esperar que o índice de confiança dos empresários do varejo caísse de forma acentuada, neste mês, em função dos efeitos da segunda onda, embora aponte que o nível de confiança no Estado segue na zona de satisfação. O dirigente ressalta ainda que, embora o Amazonas esteja em situação comparativamente melhor do que o restante do país em relação à pandemia, ainda padece de problemas de estoques, em função da paralisação do começo do ano, da inflação e das vendas fracas nos meses de retomada. 

“É claro que já tínhamos uma perspectiva de redução, mas não tão grande. Vemos o retrato da recessão e do fechamento da atividade comercial, principalmente no Sul e no Sudeste. Está todo mundo na expectativa de que a gente possa se recuperar em maio, no mês do Dia das Mães. É claro que os outros Estados já estão entrando em um processo de normalidade. E, para eles, é mais fácil se abastecer de mercadorias para a data, do que nós, que estamos muito mais distantes e temos uma carência de infraestrutura logística acentuada”, comparou.

Circulação e confiança

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, o economista responsável pela pesquisa do Icec, Antonio Everton, aponta a preocupação dos comerciantes brasileiros em relação aos estoques, entre outros motivos que podem contextualizar a piora da percepção, em abril. “Há problemas para conseguir repassar aumento de custos para os preços finais, quando se há famílias mais endividadas. Além disso, o crédito está mais caro, há incertezas políticas, demora com reformas do Estado, dólar alto e consumidores cautelosos quanto a extrapolar gastos”, listou.

No mesmo texto, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, diz que as percepções negativas sobre as condições da economia resultam na baixa expectativa de investimentos, apesar da movimentação na Páscoa e da retomada do auxílio emergencial. “É preciso destravar os setores paralisados, como o comércio, diretamente impactado pelo lockdown. Não existe fórmula mágica e a imunização da população precisa andar. Acreditamos que, com maior circulação de pessoas pelas ruas, o cenário de confiança possa se modificar no curto e no médio prazos”, encerrou.

Foto/Destaque: Fred Novaes

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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