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Confiança do empresário volta para o azul em junho

Depois de três meses seguidos de queda, a confiança dos comerciantes retomou trajetória positiva, em junho. A melhora nas expectativas seguiu em sintonia com a média nacional, embora com menos força. A satisfação foi puxada pela percepção sobre a situação atual da economia brasileira, do setor, da empresa e dos investimentos. O otimismo é menor no que se refere às perspectivas, os estoques e as contratações. É o que se concluiu a partir do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), medido pela CNC (Confederação Nacional do Comércio). 

O indicador registrou 108,6 pontos na capital amazonense, avançando 9,3% em relação à marca de maio (99,6 pontos), além de ficar 67,1% acima do enfraquecido patamar de junho do ano passado (67,1 pontos) –mês de reabertura para o setor, ainda abalado  pelo fechamento compulsório decorrente da primeira onda da pandemia de Covid-19. Em todo o Brasil, o índice da CNC também quebrou um jejum de seis meses de dados negativos para subir 12,2% na variação mensal, embora tenha mantido queda de 21,72% em relação a 2020. 

Apurado entre os tomadores de decisão das companhias comerciais, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país –164 delas, em Manaus. 

Todos os nove subíndices do Icec expandiram na variação mensal –contra apenas um, em maio. A maior elevação veio da avaliação sobre as condições atuais da economia brasileira/CAE (+37,6%), embora esta siga na zona de insatisfação (82,9 pontos). Na sequência estão as condições atuais do comércio/CAC (+19% e 90,2 pontos) e das empresas comerciais/CAEC (-18,9% e 90,7 pontos) e o nível de investimento das empresas/NIE (+18,5% e 81,6 pontos).

Os incrementos são mais fracos nas expectativas da economia brasileira/EEB (+5,9% e 140,8 pontos), das empresas comerciais/EEC (+1,7% e 143,8 pontos) e do comércio/EC (+1,6% e 143,8 pontos), e na contratação de funcionários/IC (+4,4% e 115,7 pontos), embora os subindicadores ainda mantenham os melhores números de satisfação. A pior performance veio novamente da situação atual dos estoques/SAE (+1,3% e 87,4 pontos). 

Contratações e investimentos

A maioria dos comerciantes de Manaus (41,6%) considera que a situação atual da economia brasileira “melhorou um pouco”. São seguidos pelos que dizem que “piorou um pouco” (34,9%), “piorou muito” (22%) e pelos que garantem que “melhorou muito” (1,5%) – contra 25,6%, 41,9%, 32,1% e 0,5%, respectivamente. A percepção majoritária também é que condições atuais do setor e da empresa “melhoro um pouco” (45,9% e 46,2%, na ordem). Em ambos os casos, a percepção é melhor nas empresas com mais de 50 empregados e que vendem bens duráveis.

O otimismo é maior nas expectativas para a economia: 74,3% dizem que vai “melhorar um pouco”, enquanto 12,5% arriscam apostar que “melhorar muito”. As avaliações dos comerciantes de Manaus sobre as perspectiva para o setor e para a imprensa são ainda melhores, com 76,2% apontando para uma melhora relativa e outros 12,9% dizendo que será significativa, em ambos os casos. Companhias de maior porte e atuantes em semiduráveis lideram o otimismo.

A maioria absoluta ainda diz que o contingente de trabalhadores deve “aumentar pouco” (55,6%), seguida pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (32,3%). Em contrapartida, a projeção majoritária para investimentos nas empresas ainda é “um pouco menor” (42,8%), enquanto 35,5% consideram que será “um pouco maior”. No mês passado os respectivos percentuais foram 49,3%, 36,9%, 46%, 25,6%. O otimismo predomina entre as empresas maiores e que trabalham com produtos não duráveis (empregos) e não duráveis (investimentos).

“Calendário diferente”

“Decorridos 12 meses, saltamos de 67,1 para 108,6 pontos. Isso já demonstra que o Amazonas, que teve um calendário de segunda onda diferente, está se recuperando um pouco na frente e com mais intensidade. Enquanto o resto do país entrava em crise pela pandemia, em março, nós começávamos na reabertura e retomada, em abril. Fomos influenciados também pela movimentação do Dia dos Namorados. É uma perspectiva muito positiva para os empresários e para a economia de Manaus”, comemorou o presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota.

Vacinação e auxílio

Na análise da CNC, a melhora na avaliação dos empresários do comércio de todo o país se deve principalmente, a percepção de que as condições gerais da economia estão mais favoráveis. Entre os fatores que contribuem para essa avaliação estaria o incremento gradual nas vendas do varejo – o que motivou a entidade revisar a projeção de vendas em 2021 para 3,9%, com base nas estatísticas de abril do IBGE . A entidade também ampliou a estimativa de crescimento do PIB, de 3,2% para 3,8%, na esteira das reavaliações dos índices do mercado e das no Dia dos Namorados.

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, o economista responsável pela pesquisa do Icec, Antonio Everton, explica que a avaliação específica das empresas de menor porte contribuiu para a melhora do Icec este mês. “A percepção de recuperação e melhora agora tende a beneficiar também as micro e pequenas empresas, uma vez que mais pessoas estão circulando nas ruas e a vacinação segue pelo país. As grandes organizações avaliam a conjuntura sob outras perspectivas e têm, naturalmente, mais resiliência para momentos de crise”, pontuou.

No mesmo texto, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, assinala que há o diferencial de o Dia dos Namorados trazer uma movimentação importante para o comércio e serviços, fato que atipicamente não ocorreu no ano passado, em razão do “cenário agravado” pela pandemia e as medidas de isolamento social tomadas por governos estaduais e prefeituras – o que incluiu o fechamento compulsório e temporário das lojas ao atendimento presencial. 

“Essa retomada vem se desenhando com a desaceleração das medidas restritivas, o que aumenta a confiança do setor. Mas, a continuação de crescimento do otimismo depende diretamente do avanço na imunização, no país. Há ainda a complementariedade de fatores, como o auxílio emergencial, que vem desafogando as famílias”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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