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Confiança do consumidor de Manaus volta a definhar em maio

A confiança do consumidor de Manaus voltou a derreter em maio, apesar do Dia das Mães. No mês em que o varejo comemora sua segunda data mais forte, o número local do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) caiu com mais força do que média nacional, em sintonia com as incertezas na economia e no processo de vacinação. O recuo foi de 10,1%, com piora acentuada na percepção sobre consumo, renda empego e crédito. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus passou de 48,5 para 43,6 pontos, entre abril e maio, representando pouco mais da metade do placar de 12 meses antes (78,4 pontos) – quando a cidade já sofria os impactos da primeira onda. Pela 13ª vez seguida, desde abril de 2020, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos), sendo a segunda em que não supera os 50 pontos. Na média brasileira, o indicador alcançou 67,5 pontos e caiu 1,6% na variação mensal – o menor nível desde agosto de 2020 e o pior maio da série histórica. Houve queda de 17,3% ante o mesmo mês de 2020.

Este foi o dado mais baixo da série histórica do ICF. Todos seus sete componentes retrocederam na variação mensal e se mantiveram no patamar de insatisfação. As retrações foram puxadas por nível de consumo atual (-16,5%) e pelas perspectivas de consumo (-11,9%) e profissional (11,1%), além da percepção de que este seria o “momento para duráveis” (também -11,1%). Completam a lista os dados negativos para renda atual (-10,9%), emprego atual (-8,4%) e compra a prazo/acesso ao crédito (-7,2%).

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pela forma como as famílias veem seu nível de consumo atual, o pior dado da lista (14,8 pontos). Nada menos do que 90,3% estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem mais do que dez salários mínimos (91,3%). Apenas 5,1% dizem que estão consumindo mais – com predomínio das famílias mais pobres (5,2%). Outros 4,6% afirmam que está tudo na mesma. 

Outro entrave vem das avaliações sobre a perspectiva de consumo (30,1 pontos) e renda familiar atual (30,2 pontos). Para 81,2%, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses, quando comparado ao de um ano atrás – quando a pandemia contava seu segundo mês seguido de lojas e fábricas fechadas. Uma parcela de 11,3% aposta que ainda será maior e outros 7,1% avaliam que seguirá igual. Para 77,5%, por outro lado, a renda familiar piorou, em relação ao cenário de econômico de 12 meses antes. Só 7,7% veem melhora e os outros 14,9% apontam empate.

Emprego e crédito

Embora comparativamente melhor, a percepção sobre a situação atual do emprego (71,7 pontos) também andou para trás. A maioria ainda se sente “menos segura” (38,5%) ou simplesmente está desempregada (25,6%), enquanto 25,4% não viram mudanças e apenas 10,2% se dizem “mais seguros”. Na perspectiva profissional (49,8 pontos), a percepção majoritária é negativa (73,3%), em detrimento dos otimistas (23,1%) e dos indecisos (3,6%). O pessimismo é maior para as famílias que ganham mais no primeiro caso (46,3%), e para as que recebem menos, no segundo (74,9%).

A insatisfação também foi reforçada em relação ao crédito (60,8 pontos). Para 64,4%, o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 25,2% dizem que ficou mais fácil e uma minoria aponta estabilidade (10,4%). O cenário de piora se reflete na perspectiva de aquisição de bens duráveis (47,7 pontos), já que 75,7% das famílias garantem que este não é o momento adequado para tanto e só 23,4% têm opinião contrária. Em ambos os casos, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias mais pobres (64,9% e 75,9%, respectivamente).

“Fato preocupante”

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, considerou a queda vertiginosa no índice da CNC para Manaus como um “fato preocupante”, especialmente porque ela foi lastreada pela avaliação do consumidor em relação a seu consumo, renda e emprego. O dirigente acrescenta ainda que a avaliação em relação ao acesso ao crédito também piorou, em virtude das dificuldades das empresas em meio à crise da covid-19. 

“Mas, apesar de todos esses números que apontam dificuldades e queda de esperança, há uma perspectiva de que a renda vai voltar a crescer em todas as faixas salariais. Não tivemos ainda um crescimento vigoroso nos empregos, pois vivemos o rescaldo da segunda onda e um inverno forte, que dificulta as vendas. Devemos crescer muito mais em junho, com criação mais expressiva de novos postos de trabalho. Tudo isso vai fortalecendo nossa convicção de que teremos uma retomada neste segundo semestre de 2021”, amenizou.    

“Desconfiança da recuperação”

Em texto distribuído à imprensa, e postado no portal de internet da entidade empresarial, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, aponta que a queda do indicador torna possível observar a desconfiança das famílias em relação à economia, ao mercado de trabalho e à riqueza gerada por ele. “Ainda que em menor intensidade, essa redução levou as famílias a reavaliarem as suas percepções de longo prazo”, complementou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, aponta para o fato de que a redução no indicador foi menor do que a ocorrida no mês anterior, sinalizando melhora do pessimismo das famílias. Para o dirigente, a suavização acompanha o calendário de vendas do setor em maio e tangencia as expectativas dos comerciantes para o Dia das Mães, segunda data mais importante do varejo brasileiro.

“De modo geral, ainda há muita desconfiança com relação à capacidade de recuperação econômica até o fim do ano. O mercado de trabalho vem amparando a resiliência do brasileiro, incentivando sua capacidade de consumo. Mas, mesmo as empresas, encontram obstáculos. Até a imunização coletiva, não conseguiremos encerrar essa oscilação completamente”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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