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Confiança do consumidor de Manaus volta a cair em abril

A confiança do consumidor de Manaus voltou a derreter, em abril. A despeito da estabilização dos números locais da pandemia e da flexibilização do comércio, o número local do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) seguiu a trajetória nacional, em sintonia com as incertezas na economia e no processo de vacinação. O recuo foi de 9,5%, com piora acentuada na percepção sobre crédito e renda. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus passou de 53,6 para 48,5 pontos, entre março e abril, representando menos da metade do placar de 12 meses antes (102,2 pontos). Pela 12ª vez seguida, desde abril de 2020, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos), sendo a 11ª em que não supera os 60 pontos. Na média brasileira, o indicador alcançou 70,7 pontos e, após ajuste sazonal, caiu 2,5% na variação mensal –o menor nível desde novembro (69,8 pontos) e o pior abril da série histórica. Houve queda de 26,1% ante o mesmo mês de 2020.

Todos os sete componentes do ICF retrocederam na variação mensal e se mantiveram no patamar de insatisfação. As retrações foram puxadas pelo nível de consumo atual (-15,7%), compra a prazo/acesso ao crédito (-13,3%) e por renda atual (-11,5%). Foram seguidos por perspectivas profissionais (-9,5%), perspectiva de consumo (8%), “momento para duráveis” (-7,8%) e emprego atual (-5,4%).

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pelo nível de consumo atual, o pior dado da lista (17,7 pontos). Nada menos do que 88,4% estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem mais do que dez salários mínimos (92,6%). Apenas 6,1% dizem que estão consumindo mais –com predomínio das famílias mais pobres (6,6%). Outros 5,5% afirmam que está tudo na mesma. A avaliação sobre a renda familiar atual (33,9 pontos) é outro entrave: para 74,7%, ela piorou, em um ano. Só 8,6% veem melhora e os outros 16,6% apontam empate.

Os gastos das famílias da capital amazonense seguem refreados também pelas perspectivas de consumo (34,2 pontos). Em torno de 78,9% consideram que seus dispêndios ficarão abaixo da marca de 2020, nos próximos meses –com maior pessimismo entre os que ganham mais de dez mínimos (80,2%). Uma parcela de 13,1% aposta que ainda será maior e outros 7,4% avaliam que seguirá igual. 

Emprego e crédito

Embora comparativamente melhor, a percepção sobre a situação atual do emprego (78,3 pontos) também andou para trás. A maioria ainda se sente “menos segura” (33,1%) ou simplesmente está desempregada (27,2%), enquanto apenas 11,4% estão “mais seguros” e 27,8% não viram mudanças. Na perspectiva profissional (56 pontos), a percepção majoritária é negativa (70,2%), em detrimento dos otimistas (26,2%). O pessimismo é maior para as famílias que ganham mais no primeiro caso (42%), e para as que ganham menos, no segundo (72%).

A insatisfação também foi reforçada em relação ao crédito (65,5 pontos). Para 62,8%, o acesso ficou mais difícil, quando comparada à do ano passado. Apenas 28,3% já dizem que ficou mais fácil e uma minoria aponta estabilidade (8,9%). O cenário de piora se reflete na perspectiva de aquisição de bens duráveis (53,7 pontos), já que 72,9% das famílias garantem que este não é o momento adequado para tanto e só 26,9% acham que sim. Há mais entraves ao crédito entre os que têm renda maior (63%), e maior cautela para encarar prestações entre os que ganham menos (73,5%).

“Momento propício”

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, destacou que, apesar de estarem em estágios diferentes da pandemia, Manaus e o resto do país seguiram “previsivelmente” trajetória cadente de consumo familiar, em razão da insegurança econômica gerada pela crise da covid-19. O dirigente, no entanto, avalia que a capital já esboça sinais de retomada e aponta, entre outros fatores, a melhora anual no indicador de emprego –de 72,8 para 78,3 pontos –como indício de crescimento para o varejo local, no Dia das Mães.

“Há uma tendência muito grave de aumento de desemprego e isso tem contribuído para a queda do consumo. Em função da recessão, do fechamento do comércio e de todos os problemas econômicos, caímos aos 48,5 pontos. Com a retomada, voltamos a ter mais vigor nas vendas e nas contratações, mesmo que em níveis ainda acanhados. Enquanto o Brasil ainda está envolto nas consequências da pandemia, o Amazonas se prepara para ingressar em um dos momentos mais propícios ao setor e em um momento de muito otimismo”, afiançou.  

Oscilação e incerteza

Em texto distribuído à imprensa, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, observa que o mercado de trabalho refletiu a incerteza das famílias em relação ao enfrentamento da crise econômica, embora tenha permanecido como o melhor número de curto prazo, no âmbito nacional “As famílias voltaram a apresentar desconfiança em relação às medidas tomadas pelo governo e à velocidade que a recuperação econômica vai acontecer”, acrescentou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, interpreta que a menor intenção de consumo em abril é resultado da segunda onda e das restrições ao funcionamento do comércio em várias partes do país. “É um momento de oscilação, de grande incerteza. Isso se reflete no orçamento familiar, já que o agravamento da pandemia, somado à lentidão da vacinação, acaba gerando pessimismo e cautela no consumo. Acreditamos que, com a imunização em massa da população, o crescimento econômico será retomado e a confiança vai reagir”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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