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Confiança do consumidor de Manaus sofre queda em agosto

A confiança do consumidor de Manaus caiu pela oitava vez consecutiva, na passagem de julho para agosto. O número local do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) foi novamente na direção contrária da média nacional, que apresentou a terceira melhora seguida e o melhor dado desde abril deste ano. O indicador recuou 8,3% na capital amazonense, com a piora sendo carreada pelas percepções sobre renda e emprego, assim como uma nova piora para as perspectivas de compras. 

O ICF de Manaus passou de 36,3 para 33 pontos, entre julho e agosto, e correspondeu a praticamente à metade do placar de 12 meses antes (58,9 pontos) – quando a cidade já começava a surfar na retomada pós-primeira onda. Pela 16ª vez seguida, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos). Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Na média brasileira (70,2 pontos), o indicador subiu 2,1% em agosto, além de ficar 6,1% superior à marca registrada no mesmo mês de 2021. Apesar da melhora, o índice também segue abaixo do nível de satisfação para todo o Brasil – o que acontece desde 2015. Vale notar que a região Norte comparece com a menor pontuação do país (55,8 pontos) e foi a única a encolher simultaneamente nas variações mensal (-2,4%) e anual (-17,6%).

Para a capital amazonense, agosto foi o pior número da série histórica de 13 meses fornecida pela CNC. Todos os sete componentes do ICF retrocederam na variação mensal e se mantiveram na insatisfação. As retrações foram puxadas pelas percepções quanto ao nível de consumo atual (-14,9%) e de emprego atual (-12,4%). Na sequência estão as perspectivas profissional e de consumo (ambas com -8%), e o “momento para duráveis” (-7,2%). A lista de dados negativos se completa com renda atual (-6,8%) e compra a prazo/acesso ao crédito (-5,7%).

Renda e emprego

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pela forma como as famílias veem seu nível de consumo atual, o pior dado da lista e o único com apenas um dígito (8,9 pontos). Nada menos do que 94,1% dizem que estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem abaixo de dez salários mínimos (94,7%). Apenas 3,1% dizem que estão consumindo mais – com predomínio das famílias mais ricas (6,1%). Os outros 2,8% afirmaram que está tudo na mesma. 

Outro entrave significativo vem da perspectiva de consumo (20,9 pontos) e das avaliações sobre a renda familiar atual (21,2 pontos). Para 86,6%, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses, quando comparado ao de um ano atrás. Uma parcela de 7,6% arrisca dize que será maior e outros 5,3% avaliam que seguirá igual. Em paralelo, 83,4%, dizem que a renda familiar piorou, em relação ao cenário de econômico de 12 meses antes. Só 4,6% viram melhora e os outros 11,9% apontaram empate. 

A percepção sobre a situação atual do emprego (50,5 pontos) também andou para trás, embora ainda apareça com a maior pontuação da lista. A maioria ainda se sente “menos segura” (56,1%). Os desempregados, assim como os consumidores que não veem mudanças representam fatias respectivas de 18,7%, enquanto só 6,6% se dizem “mais seguros”. Na perspectiva profissional (35,8 pontos), a percepção majoritária também é negativa (80,4%), em detrimento dos otimistas (16,2%) e dos indecisos (3,4%). O pessimismo é maior entre os que ganham menos, em ambos os casos.

A insatisfação também foi reforçada em relação à situação atual do crédito (50 pontos). Para 67,5%, o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 17,5% dizem que ficou mais fácil e uma minoria aponta estabilidade (15%). O cenário não é muito melhor na visão do “momento para aquisição de bens duráveis” (45,6 pontos), já que 76,3% das famílias garantem que esta não é a melhor hora para tanto e só 21,9% têm opinião contrária e 1,7% não sabem. Em ambos os casos, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias mais pobres.

Realidades diferentes

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, observa que o consumo cresceu na média nacional, carreada pela fase de retomada, ainda que em nível pouco expressivo e aquém do patamar da satisfação. O dirigente ressalta que a percepção sobre o emprego também foi tímida, em razão das elevadas taxas de desocupação em todo o país. Os números do Amazonas, por outro lado, teriam sido impactados por realidades diferentes no tempo e no espaço. 

“O índice realmente caiu assustadoramente, aqui. Mas, convém lembrar que agosto de 2020 foi um dos melhores meses daquele ano, e a coisa só declinou a partir do final de outubro, quando tivemos uma crise de embalagens e matérias primas, que derrubou o consumo das famílias. Temos números diferentes do restante do Brasil porque saímos antes da segunda onda, que atrapalhou o reabastecimento do nosso comércio. Depois, vieram a escalada do dólar e o aumento do combustível e da energia, entre outras coisas que atrapalhara a economia e a geração de empregos”, lamentou.

Vacinação e perspectivas

Em âmbito nacional, todos os subíndices apresentaram resultados positivos novamente, especialmente a perspectiva de consumo (+5,6% e 70,7 pontos). “O percentual de famílias que consideram seu consumo abaixo do que no ano passado atingiu o menor nível desde fevereiro de 2021. O ICF deste mês mostra que a expectativa das famílias brasileiras é que o ambiente econômico mais positivo, percebido no curto prazo, se prolongue para o longo prazo”, apontou a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, em texto distribuído à imprensa.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que o indicador se mantém em alta por conta de fatores como o aumento da imunização e perspectiva de melhoria econômica. “De modo geral, a população tem se sentido mais segura para consumir, seja no ato de sair de casa para comprar, ou de gastar com a confiança de que vai haver salário no fim do mês. Mas, é preciso manter todos os cuidados de higiene e prevenção, em especial diante de novas cepas do coronavírus, que nos deixa em maior alerta”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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