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Confiança do consumidor de Manaus sofre queda em março

A redução gradual dos casos de covid-19 em âmbito local e o relaxamento das restrições ao atendimento presencial nas lojas não impediram que a confiança do consumidor de Manaus voltasse a derreter, em março. O índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) caiu 5,4% e seguiu na contramão da média nacional. A insatisfação foi ampla e generalizada, com piora mais acentuada na percepção em relação ao crédito e à renda. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus passou de 56,6 para 53,6 pontos, entre janeiro e fevereiro, além de ficar novamente bem aquém do patamar de 12 meses antes (105,2 pontos). Pela 11ª vez seguida, desde abril de 2020, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos), sendo a décima em que não supera os 60 pontos. Na média brasileira, o indicador alcançou 73,8 pontos e subiu 0,6% na variação mensal –o pior mês de março da série histórica –e 26,1% na base anual –a 12ª retração nesse tipo de comparação.

Seis dos sete componentes do ICF caíram em Manaus, na variação mensal, sendo que todos ainda estão abaixo do patamar de insatisfação. As retrações foram puxadas por compra a prazo/acesso ao crédito (-13,8%), sendo seguido por renda atual (-8,1%) e pelas perspectivas profissional (-4,9%) e de consumo (-4,7%), emprego atual (-2,6%) e nível de consumo atual (-1,5%). O único dado positivo veio de “momento para duráveis” (+2,9%).

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pelo nível de consumo atual, o pior dado da lista (21 pontos). Nada menos do que 86,6% estão comprando menos do que no ano passado –90,2%, entre os que recebem mais do que dez salários mínimos. Apenas 7,6% dizem que estão consumindo mais –com predomínio das famílias mais pobres (8,1%) –e 5,8% afirmam que está tudo na mesma. A avaliação sobre a renda familiar atual (38,3 pontos) é outro entrave: para 72,3%, ela piorou, em um ano. Só 10,6% veem melhora e os outros 17,1% apontam empate.

O olhar para o futuro não é muito melhor, já que os gastos seguem refreados pelas perspectivas de consumo das famílias da capital amazonense (37,2 pontos). Em torno de 77,3% consideram que seus dispêndios ficarão abaixo da marca de 2020, nos próximos meses –com maior pessimismo entre os que ganham menos de dez mínimos (77,4%). Uma parcela de 14,4% aposta que ainda será maior e outros 7,5% avaliam que seguirá igual. Os números de fevereiro foram 76,6%, 15,6% e 6,9%, na ordem. 

Emprego e crédito

A situação atual do emprego (82,8 pontos) piorou na comparação com fevereiro (85,1 pontos). A maioria ainda se sente “menos segura” (30,2%) ou simplesmente está desempregada (28,2%), enquanto apenas 13,1% estão “mais seguros”. O mesmo se deu nas perspectivas profissionais (62 pontos), onde a percepção majoritária (67,6%) é negativa, em detrimento dos otimistas (29,5%). O pessimismo é maior para as famílias que ganham mais no primeiro caso (41,5%), e para as que ganham menos, no segundo (69,4%).

Em relação ao crédito, a insatisfação foi reforçada entre fevereiro (87,7 pontos) e março (75,5% pontos). Para 33,8%, o acesso ainda está mais fácil, enquanto 58,2% já dizem que ficou mais difícil –contra os 40% e 52,5% do mês anterior. O cenário de piora se reflete na perspectiva de aquisição de bens duráveis (56,6 pontos): 70,7% das famílias garantem que este não é o momento adequado para isso e apenas 28,9% acham que sim. Há mais entraves no crédito entre os que têm renda maior, e maior cautela na hesitação de encarar prestações para os que ganham menos.

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, reforça que o índice vem sofrendo queda acentuada em nível local, nos últimos 12 meses, no ritmo da piora da pandemia, até se posicionar na atual marca de insatisfação. “O crédito está mais difícil. A grande maioria dos consumidores amazonenses está não apenas preocupada com as perspectivas de emprego e renda, mas também está comprando menos”, lamentou.  

“Dado tímido”

Em texto distribuído à imprensa, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, observa que os dados nacionais apontam para melhora no mercado de trabalho e maior intenção de consumo das famílias –ou uma tendência menos conservadora de gastos. “A continuação da recuperação da expectativa de consumir em março demonstra que, mesmo com o recuo nas perspectivas em relação ao consumo hoje, o brasileiro permanece confiante no seu poder de compra no prazo mais longo”, analisou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, interpreta que o levantamento mostra maior confiança das famílias na recuperação econômica, mas observa que essa avaliação está amparada em uma percepção de melhora no mercado de trabalho. “De modo geral, o brasileiro se mostra mais seguro quanto ao impacto da pandemia sobre seu emprego. Mas é um dado ainda tímido que só vai se confirmar em médio prazo com maior enfrentamento da pandemia e medidas de proteção à economia”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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