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Confiança do consumidor de Manaus cai em julho

A confiança do consumidor de Manaus levou um tombo mais forte, na passagem de junho para julho. O número local do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) foi novamente na direção contrária da média nacional, que apresentou outra melhora, a despeito de também se manter em nível de insatisfação. Na capital amazonense, o recuo foi de 9,3% – após o recuo anterior de 8,2%. A piora foi mais acentuada nas percepções sobre consumo, renda e emprego, assim como nas perspectivas de compras. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus passou de 40 para 36,3 pontos, entre junho e julho, e ainda ficou devendo em relação ao placar de 12 meses antes (56,5 pontos) – quando a cidade já estava em seu ciclo de reabertura do pós-primeira onda. Pela 15ª vez seguida, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos). Na média brasileira (68,4 pontos), o indicador subiu 2% em julho e atingiu o maior nível desde abril, além de ficar 3,5% superior 12 meses atrás. Apesar da melhora, o índice também segue abaixo do nível de satisfação – o que acontece desde 2015. Vale notar que a região Norte (57 pontos) foi a única do país a encolher nas variações mensal (-2,3%) e anual (-16,4%).

Para a capital amazonense, foi o pior número da série histórica de 13 meses fornecida pela CNC. Seis de seus sete componentes retrocederam na variação mensal e se mantiveram no patamar de insatisfação. As retrações foram puxadas pelos nível de consumo atual (-16,4%) e de renda atual (-12,5%), além das perspectivas de consumo (-12,4%) e profissional (-12,4%). A lista de dados negativos se completa com emprego atual (-12,2%) e compra a prazo/acesso ao crédito (-9,5%). O único crescimento veio novamente de “momento para duráveis” (+2,7%).

Renda e emprego

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pela forma como as famílias veem seu nível de consumo atual, o pior dado da lista (10,56 pontos). Nada menos do que 93,2% estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem menos do que dez salários mínimos (93,4%). Apenas 3,7% dizem que estão consumindo mais – com predomínio das famílias mais ricas (6,1%). Os outros 3,2% afirmaram que está tudo na mesma. 

Outro entrave significativo vem das avaliações sobre a renda familiar atual e a perspectiva de consumo (ambos com 22,8 pontos). Ao menos 82,7%, dizem que a renda familiar piorou, em relação ao cenário de econômico de 12 meses antes. Só 5,4% viram melhora e os outros 11,9% apontaram empate. Para 85,7%, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses, quando comparado ao de um ano atrás. Uma parcela de 8,5% aposta que ainda será maior e outros 5,6% avaliam que seguirá igual. 

A percepção sobre a situação atual do emprego (57 pontos) também andou para trás. A maioria ainda se sente “menos segura” (50,6%) ou simplesmente está desempregada (20,8%), enquanto 21,1% não viram mudanças e só 7,6% se dizem “mais seguros”. Na perspectiva profissional (44,4 pontos), a percepção majoritária também é negativa (79%), em detrimento dos otimistas (17,9%) e dos indecisos (3%). O pessimismo é maior para as famílias que ganham menos, em ambos os casos (51% e 80,9%, respectivamente).

A insatisfação também foi reforçada em relação à situação atual do crédito (53 pontos). Para 66,8%, o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 19,8% dizem que ficou mais fácil e uma minoria aponta estabilidade (13,4%). O cenário não é muito melhor na visão do “momento para aquisição de bens duráveis” (49,1 pontos), já que 74,7% das famílias garantem que esta não é a melhor hora para tanto e só 23,8% têm opinião contrária. Em ambos os casos, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias mais pobres (68,2% e 74,8%, na ordem).

Estabilização e sazonalidade

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, observa que, no âmbito nacional, o crescimento do indicador foi menor do que no mês passado. No entendimento do dirigente, isso sinalizaria estabilização em uma marca “muito aquém do desejável”, embora a tendência de médio prazo ainda seja de alta, mediante melhora no mercado de trabalho.   

Sem entrar em detalhes sobre os dados regionais, Frota avalia que, a despeito dos dados negativos, há também perspectivas de melhora para o cenário do varejo local, ainda que pela força da sazonalidade. “De um modo geral, as expectativas do consumidor não estão crescendo da forma que gostaríamos. Mas, estamos entrando no melhor período para o varejo, que é o segundo semestre”, amenizou.

Vacinação e auxílio

Em âmbito nacional, todos os subíndices pontuaram de forma positiva, sendo que os destaques vieram da perspectiva de consumo (+5,1% e 66,8 pontos) e do nível de consumo atual também melhorou (+2,2% e 53,1 pontos). Em texto distribuído à imprensa, e postado no portal de internet da entidade empresarial, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, assinala que a expectativa das famílias é que esse ambiente econômico mais positivo percebido no curto prazo se prolongue para o longo prazo.

“Esse avanço foi resultado da melhora nas condições de consumo, com redução no percentual de famílias que consideram o seu consumo menor (59%, contra 60,3% no mês passado e 62,6% em julho de 2020). Também houve crescimento ainda mais intenso do que no mês anterior (+4,7%) na percepção do momento para compra de duráveis”, destacou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou ainda fatores sanitários e econômicos que ajudaram a desenhar esse quadro positivo, mas não deixou de salientar que os estímulos anticíclicos federais também influenciaram. “A maior confiança das famílias na estabilidade da tendência positiva do mercado de trabalho, assim como a disponibilização do auxílio emergencial e uma maior parcela da população já vacinada favoreceram as condições de consumo”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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