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Confiança do comércio de Manaus continua abalada

Confiança do comércio de Manaus continua abalada

A despeito da reabertura e da melhoria de alguns indicadores do comércio, os impactos da pandemia falaram mais alto e mantiveram a confiança dos comerciantes de Manaus no chão, em julho. O resultado praticamente repetiu o número do mês anterior e seguiu na contramão da média nacional, que esboçou recuperação. Os números relativos às expectativas, entretanto, melhoraram. Os dados são do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), pesquisado pela CNC. 

O indicador registrou 67 pontos em Manaus, ficando 0,02% abaixo de junho (67,1), na quinta retração consecutiva local do índice da CNC. No confronto com julho do ano passado (131,2), o decréscimo se manteve na casa dos 49%. No Brasil, o índice registrou crescimento de 6,6% em julho e chegou a 66,7 pontos para, após ter alcançado o menor patamar da série histórica no mês passado (69,3), e no primeiro avanço mensal em quatro meses, desde o início da pandemia. Houve, entretanto, queda de 39,5% em relação a 2019.

Apurado entre os tomadores de decisão das empresas, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país – 164 delas, em Manaus. 

Diferente de junho – quando o resultado apontou para queda geral – três dos nove subíndices Icec voltaram a subir na capital amazonense e retornaram ao nível de satisfação. E todos foram relativos às expectativas: sobre a economia brasileira (+23%), sobre as empresas (+17,5%) e sobre o setor (+14,1%). Na outra ponta, os maiores tombos vieram das condições atuais da economia (-22,6%) e do nível de investimento das empresas (-19,8%).

A maioria esmagadora dos entrevistados (68,7%) ainda considera que a situação atual da economia brasileira “piorou muito”, seguido pelos que dizem que “piorou um pouco” (22,7%). Na sequência vieram os 6,6% que avaliam que até “melhorou um pouco” e os 2,1% que garantem que “melhorou muito”. Os números sofreram sensível deterioração frente a maio – 62,1%, 25%, 10,9% e 2,1% respectivamente. A percepção foi pior nas empresas com mais de 50 empregados (75%) e que vendem bens duráveis (70,7%).

Situação semelhante, mas em menor grau, ocorreu nas avaliações sobre o as condições atuais do setor (33 pontos) e a empresa (36,2 pontos). Ao contrário do mês anterior, a maioria acha que a situação atual “piorou muito” (58,2% e 50,6%, respectivamente). Companhias de maior porte (58,3%) lideram o pessimismo no primeiro caso, enquanto as de menor tamanho (51,1%) estiveram à frente, no segundo. O segmento de itens não perecíveis (63,6% e 55,8%) é o mais insatisfeito, em ambas as situações.

Empregos e investimentos

Em relação às expectativas para a economia (104,9 pontos), a opinião majoritária é de que vai “melhorar um pouco” (29,4%), seguida pelos que acreditam que vai “piorar muito” (23,7%) e “piorar um pouco” (22%). Em relação ao setor (115,9) e à empresa (116,2), as percepções majoritárias também são de que “vai melhorar um pouco” (35,4% e 32%, respectivamente). 

O pessimismo decorrente dos impactos econômicos da crise da covid-9 foi mais sentido nas intenções de contratar (64,3 pontos) e de investir (39,3 pontos). Em torno de 62,2% dizem que o contingente de funcionários deve “reduzir um pouco”. Para a maioria esmagadora das empresas sondadas, o nível de aportes de capital no próprio negócio certamente sofrerá redução, em menor (43,8%) ou maior (46,1%) grau.

“Marcha lenta”

O assessor econômico da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) e coordenador da pesquisa, José Fernando Pereira da Silva, avalia que o resultado do Icec mostra que a recuperação econômica em Manaus segue em marcha lenta, embora saliente que a tendência da confiança dos empresários do setor será de aumento nos meses seguintes. 

“Agora, se compararmos dados brutos anuais, verificamos uma queda. Fica claro que o prejuízo do comércio com a pandemia foi muito grande. Segundo estimativas da própria CNC, atinge R$ 240,8 bilhões. Por outro lado, verificamos também que o índice de confiança está em ritmo de crescimento, ainda que em velocidade lenta”, ponderou.

Crédito e prejuízos

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, a economista da entidade responsável pela pesquisa do Icec, Izis Ferreira, destaca que a dificuldade dos varejistas de menor porte no acesso ao crédito puxou o resultado negativo em relação às empresas. “Garantias exigidas pelas instituições financeiras chegam a superar os valores das operações de crédito, o que tem dificultado o acesso aos recursos pelas empresas menores, prejudicando ainda mais o giro financeiro e comprometendo a capacidade de pagamento de despesas e de realizar investimentos”, apontou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que os comerciantes ainda sentem os efeitos do surto de covid-19. “Apesar da reabertura gradual do comércio em algumas cidades, a paralisação da maioria das empresas durante a pandemia continua impondo reduções à atividade dos diferentes setores da economia, em especial ao comércio e aos serviços”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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