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Conab projeta safra do Amazonas 25% maior este ano

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) manteve suas estimativas para a safra de grãos 2020/2021 do Amazonas, em sua revisão de abril. A projeção é de 52,4 mil toneladas, 25,7% acima da safra 2019/2020 (41,7 mil toneladas). O Estado tem o segundo maior número de alta proporcional de produção em todo o país, perdendo só para o Rio Grande do Sul (+37,9%). Os dados também seguem os mesmos para a área total de plantio (– expansão de 11,8% e 20,9 mil hectares) – e produtividade (+12,4% e 2.507 kg/ha).

Em linhas gerais, a projeção ainda se sustenta basicamente na permanência de apostas elevadas dos produtores rurais do Sul do Amazonas no arroz e na soja. Mas, duas das quatro culturas da cesta amazonense de grãos ainda aparecem com projeções no vermelho: milho e feijão. Com estimativa de 16.200 toneladas, o arroz lidera a lista, com incremento de 200% sobre 2019/2020 (5.400 toneladas), sendo seguido pela soja (+98,1% e 10,5 mil toneladas).

Em contraste, o milho (23,2 mil toneladas) foi confirmado novamente com o pior índice da lista, ao recapitular a retração de 18,3% já esperada nos levantamentos anteriores, ante a produção do ano passado (28,4 mil toneladas). O feijão também segue com os mesmos números (-3,8% e 2.500 toneladas) e, mantidas as atuais condições, deve emendar o segundo ano negativo de produção. 

A maior estimativa de aumento na área de plantio também passou a ser a do arroz (5.800 hectares), que sinaliza ser 141,7% maior do que o da safra anterior (2.400). A soja (3.500 e +52%) ainda vem em segundo lugar. Em contrapartida, o milho ainda é o produto que sofreu o maior tombo entre uma safra e outra (-20,5%), embora seja o que ainda conta com maior área na mesma comparação (8.900). A projeção do feijão (2.700) segue 3,6% abaixo de 2019/2020 (2.800). 

Em relação à produtividade, nenhuma das quatro culturas listadas pela Conab no Amazonas aparece com desempenho abaixo da registrada no ano passado. Os melhores índices vêm da soja (+30,4% e 3.000 kg/ha) e do arroz (+25,1% e 2.800 kg/ha). Na sequência, estão o milho (+2,8% e 2.607 kg/ha) e o feijão (923 kg/há e +0,2%), com as mesmas estimativas da revisão anterior.

De acordo com a Conab, a produção de milho do Amazonas se concentra principalmente em Manacapuru e Boca do Acre, onde está o maior plantel animal, já que entre 60% e 70% da produção é destinada à ração. A soja vem de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), na Fazenda Santa Rita. O arroz tem destaque nos municípios do rio Juruá, principalmente Eirunepé e Envira. O feijão, por outro lado, é cultivado na calha do rio Purus – em especial, Lábrea e Boca do Acre.

Ração animal

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, comemorou os números da Conab para arroz e soja e salientou que os dados da estatal apontam para uma tendência de aumento na área plantada, na safra e na produtividade para ambas as culturas. O dirigente atribuiu a queda contínua do feijão aos impactos da pandemia na produção de áreas de várzea, que dificultam o plantio e escoamento da agricultura familiar, e salienta a necessidade de políticas públicas para elevar a oferta.

“A menor estimativa para o milho provavelmente decorre da opção do produtor pelas culturas de soja e arroz, que vem tendo valorização no mercado. Mas, a projeção da Conab mostra o crescimento da produção de grãos do Amazonas e confirma o potencial para essas culturas no Sul do Amazonas, principalmente em Humaitá. Nossa expectativa é que esse aumento persista, porque nossos números precisam crescer muito, diante da demanda do próprio Estado para rações animais”, destacou, acrescentando que a alta do dólar e do valor de mercado dos produtos tornam as apostas no arroz e na soja mais atraentes.  

“Licenciamento e regularização”

Indagado sobre o tamanho da lacuna entre a demanda e oferta local de milho e soja para produção de ração animal, e quanto da produção do Amazonas fica por aqui, o ex-superintendente da Conab, administrador com especialização no agronegócio e colaborador do Jornal do Commercio, Thomaz Meirelles, assinalou que a soja “vai toda para fora” e que a maioria da oferta de milho é para subsistência. Mas, avalia que o Estado tem motivos para comemorar, sem deixar de perseverar por mudanças.   

“Entendo como muito positivo esse crescimento, que tem foco na soja e no arroz do Sul do Amazonas. É uma sinalização clara de que é possível produzir grãos no Estado com respeito e segurança ao meio ambiente. Temos que crescer muito mais a fim de diminuir nossa dependência de outras unidades federativas, e focar em ampliar a produção de milho na várzea e terra firme. Mas, precisamos destravar o crédito rural, licenciamento ambiental e regularização fundiária para acelerar esse crescimento”, ponderou.

Plano Safra

Já o titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, assinalou que os aumentos geométricos aguardados pela Conab para a produção amazonense de arroz e de soja comprovam que o setor rural do Amazonas, assim como a política do governo estadual para o Plano Safra estão no “caminho certo” e já colhem bons frutos. O secretário estadual comemorou também o fato de a Conab reafirmar a alta justamente às vésperas do lançamento do Plano Safra 2021/2022 para o Amazonas, ocorrido nesta quinta (13).

“Apesar da queda na produção de milho, que certamente reverteremos na próxima safra, o balanço geral na produção de grãos no Amazonas é de crescimento, entre 2019/2020 e 2020/2021, na ordem de 25,7%. Ou seja, estamos passando de 41,7 mil toneladas pra 52,4 mil toneladas, mesmo em tempos de pandemia. Essa é a rota para gerar emprego e melhorar a renda, com a redução da desigualdade social no interior”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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