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Conab mantém projeção de alta para a safra de grãos do Amazonas

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) manteve, em sua revisão de março, sua projeção de alta para a safra de grãos 2020/2021 do Estado. A estimativa é que o Estado feche com 43,8 mil toneladas colhidas, 5% a mais do que o colhido na safra 2019/2020 (41,7 mil). A aposta segue igual também para a área de plantio total (18 mil hectares), que segue 3,7% abaixo do dado anterior (18,7 mil). E a produtividade também sinaliza ainda ser maior (+9,1%) com 2.433 kg/ha (2020/2021) contra 2.230 kg/ha (2019/2020). 

Em linhas gerais, a correção se deve à permanência de apostas redobradas dos produtores rurais do Sul do Amazonas na produção de soja e de arroz. Mas, duas das quatro culturas que compõem a cesta amazonense de grãos –feijão e milho –ainda aparecem com as projeções da Conab no vermelho. Reajustada na revisão de fevereiro, e mantida na atual, a soja já lidera os índices de crescimento da atual safra amazonense com elevação de 88,7% e 10 mil toneladas. 

Com estimativa de 8.100 toneladas, o arroz está em segundo lugar, com alta calculada em 50%. Em contraste, o milho (23,2 mil toneladas) foi confirmado novamente com o pior índice da lista, ao recapitular a retração de 18,3% já esperada nos levantamentos anteriores. O feijão também segue com os mesmos números (-3,8% e 2.500 toneladas) e, mantidas as atuais condições, deve emendar o segundo ano negativo de produção. 

A maior estimativa de aumento na área de plantio ainda é a da soja (3.500 hectares), com expansão de 52% sobre a safra anterior (2.300). O arroz (2.900 e +21%) vem em segundo lugar. Em contrapartida, o milho ainda é o produto que sofreu o maior tombo entre uma safra e outra (-20,5%), embora seja o que ainda conta com maior área na mesma comparação (8.900). A projeção do feijão (2.700) segue 3,6% abaixo de 2019/2020 (2.800). 

Em relação à produtividade, nenhuma das quatro culturas listadas pela Conab no Amazonas aparece com desempenho abaixo do ano passado. Os melhores índices vêm do arroz (+25,1% e 2.800 kg/ha) e da soja (+23,9% e 2.850 kg/ha), sendo seguidos pelo milho (+2,8% e 2.607 kg/ha) e pelo feijão (923 kg/ha e +0,2%).

De acordo com a Conab, a produção de milho do Amazonas se concentra principalmente em Manacapuru e Boca do Acre, onde está o maior plantel animal, já que entre 60% e 70% da produção é destinada à ração. A soja vem de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), na Fazenda Santa Rita. O arroz tem destaque nos municípios do rio Juruá, principalmente Eirunepé e Envira. O feijão, por outro lado, é cultivado na calha do rio Purus –em especial, Lábrea e Boca do Acre.

“Regularização fundiária”

Para o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, o aguardado incremento para soja e arroz mostra que os produtores amazonenses estão confiantes no mercado e na valorização dos grãos, tanto pelo mercado interno, quanto pelo externo. Segundo o dirigente, a projeção da Conab e aumento de produtividade e de produção de grãos é importante para o Estado. “Acima de tudo é sinônimo de geração de emprego e renda no interior”, asseverou. 

No caso do feijão, Lourenço salienta que a redução deve decorrer do impacto da pandemia na produção de áreas de várzea, que dificultam o plantio e escoamento da produção em agricultura familiar. O presidente da Faea ainda aposta na reversão da queda do milho, com o aumento da área cultivada, principalmente no Sul do Amazonas. Mas, o dirigente aponta entraves duradouros que retardam a atividade. “Tem que melhorar principalmente em termos de aceleração e desburocratização da regularização fundiária e ambiental”, apontou. 

“Segurança alimentar”

Para o titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrucio Magalhães Júnior, a nova avaliação da Conab reafirmando as altas da soja e do arroz é “muito positiva” e mostra que o Estado está correto em apoiar as iniciativas produtivas na região. O secretário estadual pondera, no entanto, que ainda é necessário fazer mais para alavancar as demais culturas de grãos no Amazonas, tarefa que o executivo garante que o Executivo seguirá perseguindo. 

“Também é muito bom saber que, entre a safra passada e a atual estamos crescendo cerca de 5%, mesmo com pandemia. É o segundo crescimento consecutivo. Contudo, precisamos crescer também na produção de milho. Estamos distribuindo sementes, mas é preciso um arranjo maior nessa direção. O importante é que o agro não pare e continue produzindo alimentos para a garantia da segurança alimentar da população. É possível, gerar emprego, melhorar renda e produzir alimentos com sustentabilidade no bioma amazônico”, afiançou.

“Crédito rural”

Na mesma linha, o ex-superintendente da Conab, administrador com especialização no agronegócio e colaborador do Jornal do Commercio, Thomaz Meirelles, concorda que, assim como confirma o crescimento de arroz e soja no Amazonas e mantém previsão de crescimento de 5% em relação à safra passada, o sexto levantamento da Conab também ainda aponta lacunas no setor primário amazonense.

“Agora, é preciso estimular a produção de milho para reduzir a dependência de abastecimento dos programas federais da Conab. Mas, sem destravar o crédito rural em favor do nosso produtor rural, os avanços não acontecerão na proporção de que necessitamos, para gerar emprego e renda e diminuir a pobreza no interior e na capital”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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